Polícia Federal classifica Bolsonaro como difusor de mensagens falsas

O ex-presidente enviou ao menos 18 textos ao Meyer Nigri para espalhar onda de desconfiança e medo entre eleitores

Postado em: 23-08-2023 às 18h30
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Polícia Federal classifica Bolsonaro como difusor de mensagens falsas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - Foto: Silvio Avila/AFP

A Polícia Federal (PF) classificou Jair Bolsonaro (PL) como “difusor de mensagens com conteúdo de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas”. A PF identificou que o ex-presidente enviou ao menos 18 textos ao Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, ao longo do ano passado. Nas mensagens, Bolsonaro faz ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), propaga mentiras sobre urnas eletrônicas e sobre vacinas contra a Covid-19.

A conclusão da PF se deu após descobrir que o ex-presidente ordenou o repasse das fake news ao empresário. As mensagens tinham o intuito de espalhar uma onda de desconfiança sobre as eleições de 2022. Conforme relatório da PF, após receber o conteúdo, Meyer Nigri “realizou a disseminação de tais mensagens para diversos grupos e chats privados de WhatsApp”. 

Em resumo, os fatos apontam para a atuação de Bolsonaro como difusor inicial das mensagens que depois foram repassadas a outros empresários em um grupo de WhatsApp. O contato atribuído ao ex-presidente tratou em ao menos duas mensagens sobre uma possível “guerra civil” e “derramamento de sangue”. Isso ocorreria no caso de derrota nas eleições do ano passado. 

Continua após a publicidade

Por isso, a PF intimou Bolsonaro para depor sobre conversas de golpe entre empresários. O depoimento está previsto para o dia 31 de agosto. A investigação da PF contra Meyer Nigri teve início após o Metrópoles revelar mensagens com teor golpista em um grupo que continha outros sete empresários. Dentre os oito casos abertos, a PF ainda investiga o fundador da Tecnisa e também Luciano Hang, dono da Havan.

Difusor confirma

A defesa de Mayer Nigri negou que o empresário foi dono de uma rede de desinformação. De acordo com o advogado, ele “apenas, de forma eventual e particular, encaminhou mensagens de terceiros no aplicativo WhatsApp para fomentar o legítimo debate de ideias”. De forma idêntica, Bolsonaro também minimizou a gravidade do caso.

No entanto, o ex-presidente confirmou na manhã desta quarta-feira (23) que deu ordem para Nigri repassar as fake news. “Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O (ministro do STF e então presidente do TSE Luís Roberto) Barroso tinha falado no exterior (sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021), eu sempre fui um defensor do voto impresso”, disse.

Veja Também