Sobrevivência do PSDB passa por aliança para 2024

Caso não consiga se reposicionar a partir da eleição que se avizinha, sigla tende a amargar mais dois anos à margem do protagonismo e, de quebra, chegar fragilizada em 2026

Postado em: 24-08-2023 às 08h00
Por: Felipe Cardoso
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Caso não consiga se reposicionar a partir da eleição que se avizinha, sigla tende a amargar mais dois anos à margem do protagonismo e, de quebra, chegar fragilizada em 2026. | Foto: Agência Brasil

O tucano-mor de Goiás, Marconi Perillo, deixou o comando do governo do estado precisamente em 7 de abril de 2018. Em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) — que, por sinal, era comandada por José Vitti, também do PSDB —  Perillo repassou a cadeira máxima da política goiana a seu vice, outro tucano, José Eliton. 

Não é preciso muito para perceber o quanto o partido, à época, estava inserido no centro do protagonismo da política goiana. Para além dos principais postos do governo e da presidência da Alego, a sigla ostentava um total de onze deputados tucanos. Era a maior bancada do Legislativo goiano. 

O PSDB também detinha uma parcela significativa das prefeituras do estado. Chegou a eleger 20 prefeitos em 2020, mas boa parte migrou para outras legendas nos anos seguintes. Os números expressivos, minimamente intimidavam toda e qualquer voz que ousava se rebelar contra o império construído e encabeçado por Perillo. 

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De 2018 para cá, o que se viu, porém, foi uma caminhada a passos largos em direção oposta. O castelo tucano ruiu. Mais do que isso: parece ter sido varrido. Mas há, nos bastidores da política goiana, um resquício de esperança. A aposta de alguns players políticos é que o partido poderá se reinserir na política goiana se fizer, desde já, alianças capazes de devolvê-lo o mínimo de poder a partir das eleições de 2024. 

Para além da figura de Marconi, que se limita a ‘dar as caras’ em períodos eleitorais, o partido conta atualmente com poucos nomes no poder. A sigla tem uma cadeira na Câmara Municipal, duas na Alego e uma na Câmara dos Deputados, em Brasília. 

Lêda Borges é a tucana goiana no Congresso. No entanto, o entendimento é que a política ainda não mostrou a que veio. Sem contar que tem transparecido uma inclinação significativa rumo ao governo Ronaldo Caiado — principal adversário político do ex-governador Marconi. 

Há quem fale, na tentativa de reverter o quadro dos últimos anos, que o partido pode lançar candidatura própria na capital. Isso, no entanto, é lido por alguns nomes do alto escalão da política goiana como mais um possível erro estratégico. “Melhor seria para o partido fazer uma boa composição, ingressar em uma boa chapa, uma chapa com chances reais de vitória, do que investir em uma candidatura própria e terminar, de novo, sem espaço”, defende uma fonte. 

Quanto aos possíveis candidatos, especula-se o nome do jornalista Matheus Ribeiro. Com mais de 46 mil votos em 2022, ele é suplente do partido na Câmara Federal e uma aposta. Também é ventilado o nome da vereadora Aava Santiago, que é presidente metropolitana da sigla. 

Um dos nomes do PSDB na Alego, o do deputado José Machado reconheceu em entrevista à reportagem que a situação do partido “desafia” suas lideranças. Apesar disso, transpareceu otimismo. 

“Encontraremos maneiras sólidas de revitalizar nosso partido e restaurar sua posição de destaque na política estadual, conscientes de que vivemos uma mudança desde os tempos em que Marconi Perillo governava o nosso estado e enfrentamos obstáculos para manter nossa influência anterior”, avaliou. 

Sobre as estratégias para alcançar a tão sonhada sobrevivência, disse: “estamos comprometidos diariamente em percorrer nosso estado e nos conectar com as bases”. 

E continuou: “Estamos empenhados em unir a experiência dos líderes mais antigos do partido com a energia e as ideias da renovação. (…) Acreditamos que, por meio de alianças responsáveis, ouvindo os anseios da população e mantendo um compromisso sincero com o bem-estar de todos, podemos reverter nossa situação e trabalhar rumo a um PSDB mais robusto”. 

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