Na CPMI, sargento revela movimentações financeiras atípicas e ligações com atos de 8 de janeiro

Em seu depoimento foi abordado transferências financeiras, fotos tiradas e arrependimento posterior

Postado em: 24-08-2023 às 15h21
Por: Redação
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Em seu depoimento foi abordado transferências financeiras, fotos tiradas e arrependimento posterior. | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Maria Paula Moreira

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro se reuniu nesta quinta-feira (24/8) para ouvir o depoimento de Luis Marcos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Reis é apontado como responsável por movimentações atípicas de recursos financeiros que tiveram como destinatário o coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

No requerimento que pede sua convocação, Reis é indicado como “servidor responsável por atender demandas de Mauro Cid” pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Além dela, outras seis parlamentares pediram sua convocação. O principal objetivo era o esclarecimento de que o sargento estaria ligado aos atos do 8 de janeiro.

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Na CPMI, o militar confirmou ter feito o pagamento de um boleto para a família do ex-presidente, mas permaneceu em silencio com os questionamentos mais detalhados sobre o tema. Ao ser questionado sobre que tipo de pagamento teriam sido feitos, Reis respondeu: “Estou falando aqui. Fiz um pagamento de boleto da filha do presidente, do colégio que ela estudava”.

O militar afirmou que transferiu R$ 70 mil para o coronel Mauro Cid dois dias antes do 8 de janeiro por ter vendido um carro do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo dados da comissão, Reis recebia em média R$ 13 mil de salário mensal, mas o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações em torno de R$ 3 milhões na conta dele em um ano em meio.

Sobre os atos de 8 de janeiro, o militar disse ter se arrependido de subir a rampa do Congresso, afirmando que não praticou atos de vandalismo e que somente tirou fotos e foi embora.

“Eu estive aqui no Congresso no 8 de janeiro. Primeiro acompanhei pela minha casa. Assistimos, acompanhando pela televisão. Minha esposa chamou para ir, eu disse: ‘Vamos lá, vamos por curiosidade”.

Ele diz estar arrependido e leva sua atitude como “ato impensado”, mas que não havia ninguém dizendo que não era permitido subir no Congresso.

“Eu vejo o meu erro, estava eu de bermuda, saí da minha casa, cheguei por volta de 17h na Esplanada, subi a rampa, tirei foto, cruzei pela via N1 o Eixo Monumental e subi em direção à minha casa andando. Este foi um ato impensado. Tirei foto. Subi. Realmente, foi um momento impensado. Se a senhora me perguntar se eu me arrependi, eu me arrependi. Mas não tinha ninguém ali embaixo falando ‘não pode subir”, disse.

 Luiz Marcos Reis foi preso em maio acusado de ter participado do esquema de falsificação dos cartões de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro, de seus familiares e assessores. Ele negou acusações na CPMI.

“Jamais tive ou tenho envolvimento direto ou indireto, ou mesmo conhecimento, sobre suposto esquema de falsificação de cartão de vacinação envolvendo o nome do ex-presidente ou qualquer membro de sua família”.

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