Emedebistas veem Wilder como principal adversário de Daniel em 2026
Ainda é cedo para apostar, mas o núcleo duro do MDB já conversa, nos bastidores, sobre possíveis cenários para as eleições majoritárias
Por: Felipe Cardoso
![Imagem Ilustrando a Notícia: Emedebistas veem Wilder como principal adversário de Daniel em 2026](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/2023/08/293E4C50-038F-45EC-BF28-54EEBCFD8983-1024x576.jpeg)
Circula, nos bastidores da política goiana, o comentário de que o senador Wilder Morais (PL) é encarado, pelo núcleo duro do MDB goiano, como o verdadeiro adversário do vice-governador goiano, Daniel Vilela (MDB), em 2026.
Daniel, todos sabem, buscará a sucessão caiadista. Ele, inclusive, se aliou ao governador goiano em 2022 imbuído da esperança de ocupar a cadeira mais cobiçada da política goiana quando o atual gestor não mais pudesse disputá-la, ou seja, em um futuro não muito distante.
Em paralelo aos planos de Daniel, Wilder foi eleito ao Senado em 2022. O mais novo senador goiano desbancou grandes players da política regional naquele ano. Entre eles, o ex-governador do estado, Marconi Perillo (PSDB) e o ex-deputado federal Delegado Waldir (UB). Para surpresa de gregos e troianos, Wilder escancarou seu favoritismo e, de quebra, foi ungido representante máximo do bolsonarismo em solo goiano.
A leitura de alguns emedebistas que falaram em off com a reportagem é de que Wilder representa um voto ideológico e, por isso, o discurso de seus adversários na eleição de 2026 dificilmente o desidratará. O mesmo, segundo eles, não pode ser dito sobre Marconi que além de amargar a derrota de duas eleições consecutivas, lidera um partido dilacerado, sem fundo eleitoral e tempo de tv expressivos.
A reportagem consultou dois cientistas políticos que comentaram a análise dos emedebistas. As opiniões são distintas, exceto no que diz respeito ao fator tempo: ambos acreditam que ainda é cedo para analisar o cenário de 2026. E dizem, sem titubear, que a situação hoje pode não ser a mesma daqui a três anos.
Para além desse quesito, o cientista político Guilherme Carvalho diz que tudo dependerá de como Bolsonaro tende a figurar pelos próximos anos. “Se o ex-presidente perde força, automaticamente o Wilder deixa de ser um ator relevante em Goiás”.
Ele também destaca que as eleições de 2024 dirão muito sobre o pleito posterior, ou seja, de 2026. “Tenho minhas dúvidas se o bolsonarismo será tão efetivo uma vez fora do poder. No entanto, o PL está aditivado com o maior fundo eleitoral”. Para ele, de qualquer forma não será tarefa fácil para Wilder desconstruir a gestão Caiado e figurar como oposicionista abruptamente. “Em paralelo, o Marconi terá dificuldades de se reestabelecer, especialmente por não ter um grupo político forte nem dinheiro”.
Diante desse cenário hipotético, Carvalho arrisca um palpite: “Se Caiado for candidato à presidência da República, será opositor ao candidato do PT. Isso poderia desaguar em Goiás, ou seja, se o Governo Federal decidir bancar uma candidatura própria em Goiás na tentativa de desbancar a sucessão caiadista, vejo que isso abriria brecha para o Marconi compor com a oposição. Quem sabe até concorrer ao Senado em uma chapa forte encabeçada estruturada pelo PT”.
Já o especialista Lehninger Mota disse ao O HOJE que a análise dos emedebistas está correta. “O Wilder está no partido que representa a direita do Brasil. Nesse cenário, qual seria o problema do MDB? O partido está muito aliado ao governo Lula no Brasil inteiro. Nós temos um eleitorado mais à direita e mais conservador no estado de Goiás. Então o Wilder é um desenho muito interessante para a maioria do eleitorado goiano para ser o próximo governador”, disse.
Em outro trecho, Mota considerou que o marconismo passa por um esfacelamento e ainda que o ex-governador migrasse para um novo partido, como fez Geraldo Alckmin, ainda assim poderia não surtir efeito. “É algo que não apetece o apetite do eleitorado goiano. Nesse contexto, os nomes que despontam são, de fato, o de Daniel e do Wilder”.
Mas alerta: “candidaturas não são dadas, candidaturas são construídas. Wilder terá que mostrar trabalho fazendo vários prefeitos a partir das eleições de 2024 e, claro, construindo boas alianças. Assim como o Daniel que não ganhou o governo, e sim a oportunidade de se viabilizar enquanto sucessor do Caiado. Mas pode ser que tudo isso mude. Em política não existe nada de mão beijada”.