Ação da PF contra Amauri Ribeiro divide deputados na Alego

O parlamentar foi alvo de uma nova fase da Operação Lesa Pátria, que investiga envolvidos nos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro

Postado em: 30-08-2023 às 08h30
Por: Redação
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PF apreendeu o celular do político | Foto: Alego

Felipe Cardoso e Francisco Costa

O deputado estadual goiano Amauri Ribeiro (União Brasil) foi alvo de uma nova fase da Operação Lesa Pátria, na manhã da última terça-feira (29). De acordo com a Polícia Federal (PF), dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em imóveis dele em Goiânia e em Piracanjuba. O celular do parlamentar foi apreendido. 

A ação dos agentes da Polícia Federal levou dois deputados à tribuna do Legislativo goiano na tarde de ontem. Vozes antagônicas no Parlamento, os ex-colegas da Câmara Municipal de Goiânia, deputados Clécio Alves (Republicanos) e Mauro Rubem (PT), discursaram sobre o mesmo assunto com óticas diferentes. 

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O primeiro a falar sobre a situação foi Clécio. “Quero manifestar minha solidariedade ao deputado Amauri Ribeiro. Lamento que um deputado eleito pelo voto popular não tenha o direito de usar a tribuna e fazer uso de sua imunidade parlamentar. Isso que é ferir a democracia, na minha opinião. Uma das belezas da democracia é a pessoa poder concordar, discordar, criticar, não aceitar. O cidadão comum tem esse direito. Isso é democracia ou será que estou enganado?

E continuou: Agora, um deputado eleito, que não está aqui em um primeiro mandato, ele no uso de sua prerrogativa, constitucionalmente, se manifesta e de repente vem a polícia, faz busca e apreensão, gera um constrangimento e todo tipo de coisa para poder inibir, punir. Que país é esse em que estamos vivendo? Para onde estão levando a democracia do nosso Brasil? Receba minha solidariedade por essa injustiça que vossa excelência está sendo vítima”. 

Depois, foi a vez de Rubem rebater o discurso. Ao ocupar a tribuna, o parlamentar disparou: “Gostaria de parabenizar o Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal, que de maneira correta e adequada está passando a limpo esse país. A busca e apreensão na casa do deputado aqui de Goiás que todo mundo sabe quem é, é uma atitude necessária e importante para que o Estado Democrático de Direito seja respeitado nesse país”. 

“Aqui ouvi parlamentares dizerem que é liberdade de expressão financiar golpe, manter legiões nas portas dos quartéis, financiar atos golpistas. Isso é considerado como liberdade de expressão? Não. Isso é golpismo, traição à pátria e precisa ser punido. Quero aqui saudar a Polícia Federal que logo cedo cumpriu uma etapa desse processo. Não podemos levar isso como se fosse algo corporativo. Cada deputado que aqui está, veio pela democracia que ainda existe nesse país”, pontuou Rubem. 

O último a falar sobre o assunto foi o deputado Fred Rodrigues. Na contramão de Mauro e na esteira de Clécio, manifestou, “à luz da Constituição”, solidariedade ao colega. “O Amauri, aqui nesta tribuna, sempre fez questão de rechaçar os atos de vandalismo e depredação de patrimônio ocorridos no dia 8 de janeiro”. 

E continuou: “Não gostam do jeito dele? Grita? É bruto? Ok. É um direito seu. O que não podemos é admitir que mentiras sejam propagadas contra um colega. Todos sabíamos que ele não se referia  [em seu discurso em 6 de junho] ao dia 8 e sim em relação aos quartéis”. 

Segundo a defesa do parlamentar, encabeçada por Demóstenes Torres, Amauri prestou declarações à Polícia Federal no mesmo dia, conforme determinou o ministro Alexandre de Moraes. “Foram respondidas todas as perguntas formuladas pela autoridade policial”, disse o jurista que assegurou, ainda, que o parlamentar continuará “ao dispor para qualquer outro esclarecimento”. 

Discurso 

Em 6 de junho, Amauri usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para criticar a prisão do tenente-coronel Benito Franco, que ocorreu há cerca de dois meses, também no âmbito da Lesa Pátria. Segundo Amauri Ribeiro, ele também deveria estar preso, pois cometeu o mesmo erro.

“Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, declarou naquele momento. À época, a fala ganhou repercussão na mídia nacional.

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