O impasse da gestão do transporte intermunicipal entre Brasília e Entorno

Ainda não se sabe o que vai ser feito para evitar, entre outras coisas, o aumento do valor as passagens

Postado em: 01-09-2023 às 08h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: O impasse da gestão do transporte intermunicipal entre Brasília e Entorno
Ainda não se sabe o que vai ser feito para evitar, entre outras coisas, o aumento do valor as passagens | Foto: Vinícius Schmidt/Metropoles

Não é de hoje que a questão do transporte público é uma demanda inerente ao cotidiano da vida de quem vai de Brasília a qualquer um dos municípios limítrofes da capital federal ou aos que compõem o Entorno do Distrito Federal. 

Com isso, representantes de Goiás e Distrito Federal travam, juntos, uma disputa com o intuito de mudar a gestão do sistema de transporte público que liga as cidades. Por ser interestadual, o transporte na região é responsabilidade federal, no caso da  Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

Em média, cerca de 150 mil pessoas usam o sistema diariamente na região. Em agosto, a agência autorizou aumento de 15% nas passagens, o que gerou reclamações, inclusive pelo valor acrescido.  

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Alguns exemplos, como Luziânia, a tarifa foi de R$ 8,35 para R$ 8,55. Em Novo Gama, de R$ 7,85 para R$ 9. Planaltina saiu de R$ 8,85 para R$ 10,15. Já em Águas Lindas, passou de R$ 8,65 para R$ 10. 

A Agência oficializou o reajuste de 15% no preço das passagens de ônibus que começou a valer no último dia 13. A medida foi publicada no Diário Oficial da União e a justificativa não agradou a população nem políticos locais: “visa evitar a paralisação total do sistema, que enfrentou quase dois anos com as passagens congeladas”. 

Este foi o segundo aumento em menos de seis meses, sendo o último em março, com acréscimo de 12%. No entanto, segundo a ANTT, quando a gestão do transporte interestadual estava com o Governo do Distrito Federal (GDF), entre 2021 e 2022, as empresas não receberam reajuste. “Situação que gerou defasagem e prejuízos financeiros acumulados”, afirma a agência. A ANTT cita ainda o preço do combustível, do óleo lubrificante e dos pneus como alguns dos motivos para o reajuste tarifário. “Contribuíram para a complexidade do cenário”. 

Parlamentares de Goiás e do Distrito Federal se reuniram na última terça-feira (29) com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Eles defenderam que a União participe de um consórcio com os estados para administrar o sistema na região. 

A secretária do Entorno do DF, Maria Caroline Fleury de Lima, conta que houve uma sinalização para recursos, mas a participação no consórcio foi negada. A Secretaria de Relações Institucionais do governo federal explicou que a formação do consórcio é inviável, porque é competência da ANTT, uma agência autônoma. 

Recentemente, a secretária do governo goiano declarou em uma entrevista:“O GDF poderia subsidiar parte dos custos para que as empresas reduzissem o valor das tarifas”. Além disso, ressaltou a titular, o dinheiro do Fundo poderia ser aplicado na melhoria das vias, como na ampliação da pista exclusiva do BRT até Luziânia, ou na implementação do trem urbano para o Entorno Sul, que já se encontra com estudos avançados na Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU).

Sobre a inviabilidade do consórcio, a ANTT afirmou que o governo apoia soluções para melhorar o sistema de transporte da região, mas não confirmou a sinalização de subsídios. A Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF informou que administrou as linhas de ônibus entre junho de 2021 e o fim do ano passado. 

Disse que, no período, não aumentou preços e realizou melhorias como aumento de viagens. Segundo a Semob, o GDF está aberto a participar do consórcio. A ANTT informou que fiscaliza o cumprimento da qualidade dos serviços e dos horários estabelecidos pelas empresas.

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