Bolsonaristas exigem boicote do 7 de setembro

Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente pedem que o feriado seja marcado pelo “luto” devido ao “acovardamento” e à “traição” das Forças Armadas

Postado em: 04-09-2023 às 16h27
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaristas exigem boicote do 7 de setembro
O pedido de boicote provém da frustração com o fracasso de 8 janeiro - Foto: Reprodução/Twitter/Perfil Brasil

Os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) têm mobilizado um boicote às celebrações do 7 de setembro através das redes sociais. Nas últimas semanas, civis alinhados ao bolsonarismo fizeram inúmeros apelos nos perfis oficiais das Forças Armadas. Em diversas  publicações das páginas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, os bolsonaristas exigem que a data não seja marcada pelos tradicionais desfiles militares.

Nesta quinta-feira, será a primeira comemoração da Independência do Brasil do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As celebrações devem seguir um protocolo institucional sob o slogan “democracia, soberania e união”. O governo pretende associar os militares à democracia e à preservação ambiental no tradicional desfile de Brasília. Em suma, a intenção do governo é seguir bem longe do que se viu na era Bolsonaro.

Por isso, os bolsonaristas também pedem que o feriado seja marcado pelo “luto” devido ao “acovardamento” e à “traição” das Forças Armadas. Segundo os pedintes, as instituições militares não apoiaram, institucionalmente, um golpe de Estado que impedisse a posse do atual presidente da República. Ademais, estão se referindo aos militares como “melancias”, um jargão militar que significa “verdes por fora e vermelhos por dentro”.

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Críticas bolsonaristas

A maioria das críticas estão em publicações que não possuem nenhuma relação com o feriado da independência. “Não precisa de blindados com o Luladrão [sic]. Só o L, faizuéli [sic], e fazer distribuir flores e livros. [No] 7 de setembro fique em casa, a economia a gente vê depois”, escreveu um apoiador do ex-presidente em um post institucional sobre a frota da Marinha.

Em resumo, as insatisfações provém da frustração com o fracasso de 8 janeiro. “O constrangedor desgaste das Forças Armadas vai refletir diretamente no 7 de setembro. Não iremos, nada temos a comemorar!”, comentou um bolsonarista na página da Marinha. “Existem pessoas inocentes presas no Brasil e vocês não fazem nada!”, disse outro usuário em referência aos presos pelos ataques de vandalismo feitos em Brasília em janeiro.

A pressão nas redes sociais reflete um clima hostil entre bolsonaristas e militares da ativa e da reserva com o atual comando das Forças Armadas. Primordialmente, como Tomás Paiva, chefe do Exército. Isso porque o comandante anterior, Júlio César Arruda, foi derrubado após os ataques de 8 de janeiro. Além disso, o descontentamento bolsonarista também se motiva pelo avanço das atuais investigações contra o ex-presidente e aliados.

Feriados anteriores

Nos últimos dois anos, discursos e agendas golpistas marcaram o feriado da independência. No dia 6 de setembro de 2021, a Câmara dos Deputados votou o projeto de emenda à constituição do voto impresso. Por isso, vários caminhões invadiram a Esplanada dos Ministérios e cercaram as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, elevando a tensão na capital federal.

No dia do feriado daquele ano, bolsonaristas foram às ruas com pleitos golpistas. Pediram a destituição de ministros do STF e uma intervenção militar “com Bolsonaro no poder”. Aliás, Jair discursou na Esplanada naquela manhã, ameaçando o STF ao dizer que a corte poderia “sofrer aquilo que nós não queremos”. Segundo o ex-presidente, isso ocorreria caso o então chefe do tribunal, Luiz Fux, não “enquadrasse” ministros desafetos.

Na tarde daquele dia, Bolsonaro estava diante de uma multidão na Avenida Paulista, em São Paulo. Levantando o tom, disse que não iria mais cumprir as decisões do ministro Alexandre de Moraes. Além de pedir a saída do magistrado do STF, também o chamou de “canalha”. Em 2022, o ex-presidente também aproveitou a comemoração da independência para fins políticos. Em Brasília, fez um longo discurso destacando bandeiras eleitorais que terminou com o infame grito de ordem “imbrochável”. 

Depois, conseguiu ir para o Rio, onde a demonstração militar ocorreria pela primeira vez em Copacabana por pressão do próprio Bolsonaro. Havia um palco montado para que autoridades do governo e das Forças Armadas assistissem o show de paraquedistas e da Esquadrilha da Fumaça. Contudo, Bolsonaro rapidamente foi até um enorme trio elétrico, a poucos metros dali, de onde falou de tudo, menos sobre a independência do Brasil.

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