Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Daniel Vilela: “Quem saiu na frente, perdeu a eleição”

O candidato ao governo de Goiás pelo MDB, deputado federal Daniel Vilela, falou sobre a aliança de seu partido com o PP

Postado em: 10-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Daniel Vilela: “Quem saiu na frente, perdeu a eleição”
O candidato ao governo de Goiás pelo MDB, deputado federal Daniel Vilela, falou sobre a aliança de seu partido com o PP

A gente acompanhou a estruturação que o senhor fez enquanto presidente do partido e o lançamento da sua pré-candidatura. Houve dissidências internas. Como o senhor avalia hoje a estrutura partidária que vai entrar na campanha do senhor?

É natural que qualquer partido grande tenha divergências, isso faz parte e é democrático. Agora a partir do momento que se oficializa e que a maioria do partido faz as suas escolhas em relação às candidaturas, o partido precisa ser respeitado dentro do seu estatuto e dentro da escolha majoritária e é isso que a gente espera daqueles que por ventura tinham uma ideia divergente da escolhida por unanimidade, inclusive na convenção do nosso partido. Mas o MDB tem muita capilaridade, líderes históricos que ao longo dos anos sempre estiveram no partido e sempre foram responsáveis pelo partido mesmo em momentos de derrota. O partido, com a sua capilaridade, lideranças e seus militantes estará mais uma vez protagonizando o debate. Queremos ser não só protagonistas, mas também vencedores e acho que começamos muito bem a partir dessa coligação construída com o PP, PRB e PHS. 

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Como o senhor avalia a aliança com o PP, que já ocupou três vice-governadorias do PSDB?

Primeiro que esse PP não é o mesmo PP que ocupou o cargo de vice-governador há algum tempo atrás. Na época foi o governador Alcides Rodrigues com um PP diferente. O ministro [Alexandre] Baldy, o deputado Heuler Cruvinel e o Vanderlan Cardoso são os mais recentes filiados ao PP. O Vanderlan já disputou, inclusive, duas eleições contra esse grupo que aí está e o Baldy é um ministro independente. Então eu vejo que além são pessoas que além de não estarem no centro desse grupo político que está aí há 20 anos, são também representantes de uma nova política, desejosos de um futuro político para Goiás diferente. Quando discutíamos essa aliança, ela ocorria por causa dessa nossa convergência de projeto, diferente dos questionamentos que recebo de o porquê não ter me aliado com Caiado. É porque ele nunca conversou conosco sobre um projeto para nós, sempre o intuito das conversas era de ganhar a eleição, de conquistar o poder como um projeto de vingança como o atual grupo político. Não faço esse tipo de política de buscar o poder como forma de vingança. 

O senhor criticou em outras entrevistas a adesão de algumas lideranças do governo à chapa de Ronaldo de Caiado. Não é a mesma coisa com Heuler Cruvinel e Alexandre Baldy, que foi secretário desse governo? 

Como eu disse, o Vanderlan foi alguém que enfrentou esse grupo em duas eleições recentes. O ministro Baldy sempre teve um relacionamento pessoal comigo, o pai dele foi secretário de Ação Social no governo Íris [Rezende] e no governo Maguito [Vilela]. Ou seja, tem os seus laços com o nosso partido. Agora, do lado de lá o próprio Ronaldo Caiado é a maior representação desse grupo político, ele é a continuidade dessa mesma política do passado, dessa mesma política atrasada. Nesses 20 anos que esse grupo governa Goiás, nos 16 Caiado esteve com eles. Se você pegar o palanque de lá, só o Kajuru que destoa de todos eles, que nunca esteve do lado do Marconi. 

O senhor ressalta o apoio partidário, mas muito tem se criticado em relação à postura do prefeito Iris Rezende. Na opinião de alguns, ele embarcou tarde. O senhor considera que ele apoio veio tardio?

De maneira alguma. Eu não tive dúvidas em relação ao posicionamento do prefeito Iris, ele é o maior líder político do nosso partido e do nosso estado, talvez tenha a maior folha de serviços prestados à Goiânia e a Goiás e assumiu um desafio para que os goianienses pudessem voltar fazer de Goiânia uma cidade de referência em qualidade de vida. A campanha vai começar agora, o momento de trabalhar eleitoralmente é agora, na eleição. Nenhum trabalho anterior a isso tem consequência no sentido de angariar voto.

Como o senhor vai lidar com o desgaste do presidente Temer, que é do seu partido?

Acho que os brasileiros sabem a situação econômica que o nosso país vivia há três anos. Vivemos a pior crise da história, o país tendo uma recessão de quase 3% negativa e hoje a gente tem um crescimento de 1,5% para 2018. Isso se deve muito a um goiano ilustre, que agora nos representa como candidato à Presidência da República, Henrique Meirelles. É preciso pensar no futuro, se a gente não fazer uma boa escolha agora, de nada adiantará do que foi feito de positivo.

Mas o Henrique Meirelles representa a continuidade do MDB. O senhor defende essa continuidade?

Henrique Meirelles é o Brasil que deu certo. Ele que conseguiu fazer com que o país saísse dessa recessão econômica grave, para muitos dos economistas a mais grave da nossa história. Eu não vejo o Henrique Meirelles como alguém que tenha mancha ou algo que possa inibir qualquer escolha dele como presidente da República. 

Em 1994 as pesquisas apontavam o Ronaldo Caiado liderando as pesquisas e quem venceu foi Maguito Vilela. Esse cenário se parece com o atual. Tem algo que pode ser aproveitado daquela campanha para esta?

Se você fizer um retrospecto histórico, as campanhas tem muita coisa que nos auxiliam para você antecipar o que pode acontecer no momento eleitoral. Não só ela, mas nas últimas três eleições, quem saiu na frente nas pesquisas perdeu a eleição. 

Alguns com uma distância ainda maior.

O Maguito em 2006 chegou a ter 65% das pesquisas e perdeu. Eu acho esta campanha que tem um pouco de cada uma das últimas eleições e estamos fazendo uma análise e dentro de uma estratégia nossa, conduzindo a nossa campanha avaliando esse histórico. 

Quais suas propostas para segurança pública, levando em conta também a entrada das facções criminosas em Goiás e os feminicídios?

Tudo vem acontecendo em razão do ambiente propicio para a instalação das facções no nosso Estado. Aliás, o governo devolveu o dinheiro do sistema carcerário ao governo federal por não utilizar o recurso. E também não há investimento em inteligência policial. Só se combate facção criminosa com inteligência policial, porque permite a prevenção da instalação das facções e quando instaladas, atua no sufocamento do trabalho deles. Em 2015, Goiás investiu R$ 1,5 milhão em inteligência e informação. Um estado que tem um orçamento de R$ 25 milhões ao ano. Em 2016 investiu R$ 250 mil. O que precisamos fazer é otimizar a gestão de pessoas nas segurança pública. Temos que priorizar o combate ao crime que atenta contra a vida. E estruturar adequadamente as delegacias. Lógico também passando pelo investimento no sistema carcerário. Existe um fundo nacional com recursos para o sistema carcerário, mas, precisa ter planejamento para usar. Sobre o feminicídio, é falta de investimento nas delegacias da mulher, muitas só existem no papel, não foram criadas de verdade. 

O senhor falou em gestão tecnológica. Na área de educação, como a tecnologia pode ajudar a reduzir o alto índice de evasão escolar?

A situação da educação em Goiás é tão critica que temos que arrumar primeiro a estrutura das escolas. Precisamos corrigir o problema estrutural, as escolas estão caindo aos pedaços, não motiva nem alunos nem professores. Outro problema em Goiás, mas que acontece no Brasil inteiro é o baixo investimento em educação básica. O Estado sente que sua obrigação é cuidar só da educação do ensino médio e fundamental e deixa a básica para os municípios. Nós temos crianças que não tem vagas nas creches e outras que não tem qualidade no ensino para prepara-la para as fases sequencias na rede pública para ter uma formação melhor. Um estudo do Todos Pela Educação revelou que Goiás tem 95% dos seus estudantes do ensino médio não domina o básico de matemática. Não estamos formando nem qualificando ninguém.

O governo tem investido nos colégios militares. Qual sua avaliação sobre esse modelo de ensino?

É positivo, mas é exceção. 

Mas é muito aprovado deputado. 

Sim. É preciso levar essa qualidade do colégio militar para todas as escolas. Você pode ser criativo na criação de escolas esportivas. Eu defendo a escola militar. Acho que está dando certo. Tá transferindo conhecimento e disciplina para esses jovens num momento onde falta disciplina para muitos jovens. Acredito que precisa ser mantido e quero criar outras formas de criar outras escolas com essa mesma qualidade. A regra tem que ser a qualidade. Não podemos ter a exceção de ter só as escolas militares como escolas de qualidade no nosso estado. 

Como o senhor avalia a gestão das Organizações Socais e quais suas principais propostas para saúde? 

Eu já me manifestei a favor desse modelo desde quando era deputado estadual. Qual é a razão para levar uma organização social para dentro do estado? É a expertise dela. Em Goiás, algumas foram criadas da noite para o dia, não tinha experiência nenhuma comprovada. Tinha algo de errado nisso aí. Não temos um corpo técnico para regular os contratos das organizações sociais. O órgão que existe hoje tem a responsabilidade de gerir as linhas intermunicipais de ônibus, as organizações sociais na saúde, tudo concentrado em poucas mãos. Não tem o efetivo suficiente para isso. E precisa de um órgão regulador conhecedor daquela área para criar um serviço padronizado.  

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