Segunda-feira, 08 de julho de 2024

“Levaremos um prejuízo muito grande”, diz presidente da Acieg sobre reforma

Com discurso semelhante ao do governador goiano, Ronaldo Caiado, Rubens Fileti considerou que este é um assunto muito sério para se discutir de maneira tão célere

Postado em: 06-09-2023 às 08h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: “Levaremos um prejuízo muito grande”, diz presidente da Acieg sobre reforma
Para Fileti, o Brasil precisa “urgentemente” de uma reforma tributária | Foto: Daniel Eloi

O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, visitou a sede do jornal O HOJE para um bate-papo com jornalistas na manhã da última terça-feira, 5. Diversos assuntos relacionados à entidade, bem como as recentes movimentações da política nacional e regional foram explorados na entrevista. Dentre eles, claro, a reforma tributária que afetará, se aprovada em definitivo, a vida econômica de pessoas físicas e jurídicas.

O discurso de Fileti se assemelha à narrativa do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB). Principal voz de oposição ao texto, o gestor tem pregado cautela e ampla discussão sobre o assunto. Para Fileti, o Brasil precisa “urgentemente” de uma reforma tributária e esse, segundo ele,  é um posicionamento defendido pela entidade. 

“Agora, da forma que está, levaremos um prejuízo muito grande. Não vou nem falar dos outros segmentos por enquanto, mas vou dar um exemplo da área de serviços, área de tecnologia, sairemos de uma média de 15% de tributação para algo em torno de 26%. Como é que vou fazer esse repasse aos clientes que hoje já estão com margens apertadas? Esse é um dos pontos”, disse. 

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Em outro trecho da entrevista, Rubens disse que o “pequeno” será de igual modo prejudicado. “A tributação para o pequeno também vai mudar. Teremos, com isso, um outro problema muito grande. A Receita Federal anunciou que mais de 40 mil empresas correm o risco de serem retiradas do Simples Nacional no final deste ano por inadimplência. Isso significa que essas empresas vão se desenquadrar do Simples e vão para o lucro presumido ou lucro real. Automaticamente deixarão de pagar 5% a 12% de tributo na média para pagar 26%. Estamos falando de um problema muito sério para se discutir muito rápido”. 

Desde os primeiros passos do projeto, o governador tem pregado que o texto fomenta desigualdades regionais e minimiza a autonomia dos estados e municípios. Recentemente, Caiado participou de sessão temática de debates sobre o assunto, em Brasília. Na ocasião, disse que tudo, até agora, está na base no “achismo”. 

“Se você não levar a industrialização para o interior e para todas as regiões, você vai cada vez mais ampliar as desigualdades regionais. Seria um retrocesso”, disse durante sessão temática de debates sobre o assunto que contou com a participação de 17 governadores. Caiado também defendeu a política de incentivos fiscais como condição para o desenvolvimento dos estados fora do eixo Rio – São Paulo, estados, por sinal, segundo Fileti, contrários à posição da Acieg e, consequentemente, do governo goiano. 

“Esse é um discurso das entidades que não tem o consumo quanto os grandes centros tem. São Paulo, Rio, Minas, não tem o mesmo discurso [que o de Goiás e demais estados]. Isso porque eles estão se beneficiando pelo consumo. Quando a gente tira a tributação como ela é hoje e joga no consumo, isso nos traz um prejuízo muito grande. Deixaremos de ter algumas empresas para depois criarmos artifícios tributários para ter centros de distribuição ou unidades de negócio em centros de consumo. Isso representará uma guerra muito mais agressiva do ponto de vista fiscal. Então não estamos falando de  um discurso de Goiás e sim de um discurso de onde se tem menor consumo”, declarou Fileti em entrevista. 

Caiado, por sua vez, lembrou em discurso recente que o Sul e o Sudeste respondem por mais de 60% do PIB brasileiro e que há “regras protecionistas” para as siderúrgicas na região Sul. Ele também cobrou, por parte do governo federal, autor do texto enviado ao Congresso, a definição da alíquota e mais informações sobre o impacto das mudanças na economia. “Queremos saber quais os parâmetros usados pelas autoridades, que não assumem os dados, que não apresentam simulações verdadeiras”. Para além da reforma, os demais assuntos tratados na entrevista concedida por Fileti à reportagem do O HOJE serão divulgados gradativamente ao longo da semana.

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