Fala de Lissauer pode indicar corrida sem Caiado em Rio Verde

Ex-deputado e presidente do legislativo goiano quer tirar as chuteiras do armário e disputar a prefeitura de Rio Verde

Postado em: 11-09-2023 às 07h37
Por: Yago Sales
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Ex-deputado e presidente do legislativo goiano quer tirar as chuteiras do armário e disputar a prefeitura de Rio Verde. | Foto: Agência Alego

Longe dos átrios do pomposo prédio que, como presidente da Assembleia Legislativa, ajudou a erguer, Lissauer Vieira (PSD) tem tempo de sobra para beliscar ali e acolá as impressões de produtores rurais em Rio Verde, a principal geopolítica do agro goiano. Talvez por isso, numa jogada política ao contraponto, na mais recente declaração, Lissauer, apesar dos investimentos do governo, segue contrário à taxa do agro. 

Quem acompanha a política sabe – e entende que é natural – que as eleições municipais do ano que vem estão batendo às portas e, com isso, players se movimentam em busca ou de pressionar grupos ou fritar opositores. A leitura que se faz de Lissauer em Rio Verde, cidade com a qual tem identificação desde que chegou por lá aos 9 anos, e onde o pai, o produtor de soja Carlos Vieira – que morreu ano passado aos 81 anos – virou uma referência no agro, é de que ele quer aglutinar o máximo possível em torno de seu projeto na disputa pela prefeitura. 

Para tanto, pretende ficar mais próximo do Partido Liberal (leia-se ala mais bolsonarista do agro da região) e criar uma corrente implacável. E, para isso, conseguir, inclusive, atrair para o seu “trator”, e não barco, como se diz, o prefeito Paulo do Vale que, aliás, é do União Brasil, partido de Caiado. O problema é o seguinte. 

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Lissauer concedeu uma entrevista ao Podcast Politikey ocasião em que, perguntado sobre a taxa do agro, instituída pelo governo de Ronaldo Caiado (União Brasil), disse:“Eu acho que Goiás não necessitava disso. Principalmente naquele momento. As coisas com diálogo às vezes são mais fáceis de implantar na sociedade. Foi feito de uma forma […] e aí estrategicamente o governador usou as estratégias dele e até politicamente pra isso ele tem os motivos dele”. 

Em seguida, o ex-deputado pontua: “Eu sou contra e acho que o agro está pagando um preço muito caro principalmente nesse momento. Nós estamos vivendo uma crise muito grande, uma insegurança na questão de custos de produção, uma insegurança na questão de preço. Hoje nós estamos vivendo um momento de dificuldade e de insegurança para o futuro do agro do nosso país. E Goiás cobra uma taxa que é significativa que mexe muito com a lucratividade do produtor rural. Isso aí não deixa de incomodar”. 

Bom lembrar que Lissauer não quis candidatar-se a um terceiro mandato na Alego no pleito de 2022. Ficou abalado com a morte do pai em fevereiro de ano eleitoral, mas, com o tempo, tentou emplacar, na chapa da reeleição de Caiado, uma candidatura ao Senado. Não deu. 

O guarda-chuva impediu que o governador inclinasse para alguma candidatura específica. O partido de Lissauer lançou Vilmar Rocha; o partido de Caiado, Delegado Waldir; e o PP, Alexandre Baldy. A vitória ficou para o empresário bolsonarista Wilder Morais. Naquele pleito, Lissauer, no entanto, teve algum protagonismo que foi se ofuscando: o de coordenador-geral de campanha. 

Muito se perguntou o que aconteceria com os próximos capítulos da biografia política de Lissauer Vieira. Evidentemente que o destino rumo à prefeitura de Rio Verde não seria descartado. Com perfil conciliador, moderado e perspicaz, Lissauer era, sim, uma aposta ao Senado, mas, diante da concorrência no pleito passado, com indecisões, ficou inviável. 

Em Rio Verde, ouvidos atentos, Lissauer parece entendedor dos assuntos dos produtores rurais. Uma fonte do PSD ligada ao agro, contudo, avisa: “Ele pode dividir a base do agro que está com Caiado que não está mais ou menos”. E isso é bom? “Vai dar uma disputa boa demais da conta”, interpreta. 

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