Ex-desembargador defenderá réu do 8/1 no STF

Após falar que Alexandre de Moraes devia ser preso, advogado defenderá suposto golpista de frente para o ministro

Postado em: 12-09-2023 às 16h02
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Ex-desembargador defenderá réu do 8/1 no STF
O desembargador aposentado Sebastião Coelho - Foto: Reprodução/TV Senado

O desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Sebastião Coelho, defenderá um dos quatro réus que irão a julgamento pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Durante a audiência desta quarta-feira (13), o ex-desembargador fará a defesa de Aécio Lúcio Costa Pereira.

O réu ficou conhecido por gravar um vídeo durante a invasão e depredação da sede dos Três Poderes no começo deste ano. “Amigos da Sabesp, quem não acreditou, estamos aqui. Olha onde eu estou: na mesa do presidente. Vai dar certo, não desistam. Saiam às ruas”, afirmou nas filmagens.

Depois de 31 anos na carreira de juiz e desembargador, Sebastião Coelho se tornou advogado. Em outubro de 2022, um mês após se aposentar, obteve a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Nesta quarta-feira, ficará de frente com Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Ex-desembargador falou para prender Moraes

Em setembro de 2022, Sebastião Coelho renunciou à função de vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF). Em seguida, anunciou aposentadoria do cargo de desembargador do TJDFT. Na ocasião, Coelho disse que o discurso de Alexandre de Moas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) “inflamou” o país.

“Esperava, sinceramente, que o eminente ministro aproveitasse a presença dos principais candidatos, dos ex-presidentes da República e do presidente da República para fazer uma conclamação de paz para a nação. Mas ao contrário, o que eu vi, ao meu sentir, o eminente ministro Alexandre de Moraes fez uma declaração de guerra ao país”, declarou, à época.

Em novembro do ano passado, o ex-desembargador esteve no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. “A solução será prender Alexandre de Moraes por cometer crimes”, disse sobre as decisões no âmbito do Inquérito das Fake News e em relação às manifestações contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente da República.

“A solução será prender Alexandre de Moraes. E eu dou a base legal para isso: temos de fazer tudo de acordo com a Constituição e com as leis. O senhor ministro Alexandre de Moraes há muito não respeita a Constituição”, disse o desembargador aposentado, em novembro de 2022.

Véspera do julgamento

Nesta terça-feira (12), na véspera do julgamento, Coelho afirmou ao Metrópoles que mantém todas as declarações que fez enquanto cidadão. “Tudo que eu falei ou falo em público é uma expressão minha de cidadão, não mudo nem retifico nada”, declarou. Contudo, ressaltou que, agora, está na situação de ser “a voz do Aécio na sessão de julgamento”.

De acordo com Coelho, “nada mais vai acontecer lá do que mostrar a ausência total e absoluta de provas”. O advogado afirmou que há vídeos envolvendo o cliente em relação ao 8 de janeiro e que falará sobre todos eles. Segundo o desembargador aposentado, a defesa de Aécio será feita de graça. Coelho contou que visitou o atual cliente no Complexo Penitenciário da Papuda no último sábado (9).

“Estive no presídio e conversei com ele, expliquei a situação e ele concordou. Não estou ganhando absolutamente nada com isso, nem um centavo. Não tem dinheiro envolvido”, afirmou Sebastião Coelho. Conforme o advogado relatou, foi convidado para ajudar na defesa e decidiu sustentar o réu oralmente após este concordar. Agora, afirmou que acompanha a situação dos presos pelo 8 de janeiro por meio de uma associação dos detidos e familiares.

“Eles têm feito várias reuniões no Congresso e eu já participei pelo menos de umas quatro reuniões. Eu conheci os advogados. São jovens, em sua maioria, que estão cobrando muito pouco porque quase a totalidade dos réus não têm condições financeiras. São pessoas que vieram a Brasília pagando a própria passagem. Em conversa informal, na quarta ou quinta-feira, perguntaram se eu poderia ajudá-los no julgamento”, contou.

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