Márcio Moufarrege estava envolvido na compra de coletes balísticos do RJ

Conhecido como Macaco, o doleiro é investigado por transferir dinheiro clandestinamente, entre os EUA e o Brasil

Postado em: 13-09-2023 às 17h59
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Márcio Moufarrege estava envolvido na compra de coletes balísticos do RJ
Márcio Moufarrege, conhecido como o Macaco - Foto: Reprodução

De acordo com documentos oficiais da Polícia Federal (PF), o doleiro usado na compra de coletes balísticos com suposta dispensa ilegal de licitação é Márcio Moufarrege, o Macaco. Na mesma época da intervenção do Rio de Janeiro, o sujeito também participou da engenharia financeira para o envio de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Aliás, a droga estava dentro da comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019.

Nos dois episódios criminosos, Márcio Moufarrege aparece. No caso do tráfico internacional, ele é acusado de movimentar dinheiro dos fornecedores que compraram a cocaína. Depois, a substância ilícita foi entregue ao sargento preso em Sevilha, na Espanha, em 24 de junho de 2019. Após uma série de falhas na fiscalização na Base Aérea de Brasília, Manoel Silva Rodrigues embarcou com 39 kg da droga na bagagem. Ao desembarcar, acabou preso.

Já no caso da suposta fraude na compra dos coletes à prova de balas, Márcio Moufarrege é investigado por transferir dinheiro clandestinamente, entre os Estados Unidos e o Brasil. Em 2018, o Gabinete da Intervenção Federal (GIF) comprou 9.360 coletes balísticos para a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na época, o GIF estava sob o comando do general Braga Netto, que também está sendo investigado. Ao todo, a compra custou cerca de R$ 40 milhões, com sobrepreço de R$ 4,6 milhões. Posteriormente, houve estorno do valor pago. Um ano depois, Braga Netto se tornou ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

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Conversa com Moufarrege

Nesta terça-feira (12), a PF deflagrou a Operação Perfídia com o intuito de investigar a fundo esse último caso. Apesar de não ser o alvo principal da apuração, a PF quebrou o sigilo telefônico de Braga Netto. Posteriormente, os investigadores encontraram um print de uma conversa com Márcio Moufarrege. Aliás, o fundo de tela que estava no celular era de um avião militar.

Além disso, mandatos de busca foram feitos contra os ex-integrantes do GIF. Aliás, as autoridades também revistaram um endereço com ligação a Márcio Moufarrege, em Brasília. Na ocasião, os investigadores encontraram provas do envolvimento do doleiro com uma operação de dólar-cabo, que trouxe dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil.

Desta vez, os investigadores coletaram provas do envolvimento de Macaco com uma operação de dólar-cabo, que trouxe dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil. Os pagamentos seriam os adiantamentos vindos da fornecedora de coletes, de um contrato de R$ 650 mil para consultorias e outros serviços para otimização da aquisição.

Suspeita de propina

De acordo com a PF, há a suspeita de que, na verdade, tratava-se de propina para facilitar a contratação. Ainda segundo os investigadores, no dia 18 de setembro de 2019, Márcio Moufarrege transferiu R$ 25 mil para contas do coronel Robson Queiroz. O militar tinha ligação com o gabinete do interventor e, inclusive, participou do jantar na cada de Braga Netto.

No dia seguinte, enviou mais R$ 25 mil para uma empresa do general Paulo Assis, possivelmente um lobista na operação. Os investigadores destacam que, durante a transação, o coronel Queiroz ainda era membro da ativa no Comando Militar do Leste (CML). À época, ainda não havia registro do estorno do dinheiro público pago e o negócio ainda tinha chances de ir à frente.

Elo entre traficantes e militares

Segundo os documentos das investigações sobre tráfico de drogas, Moufarrege tem passagens anteriores por tráfico internacional. Além disso, atuaria no Distrito Federal, “enviando entorpecentes (sobretudo cocaína) para o exterior, recebendo ecstasy da Europa e comercializando vários tipos de entorpecentes”.

De acordo com os investigadores, Macaco “fazia a ligação” entre os militares e os vendedores de drogas. A PF fiz que um traficante “entregava dólares para que Márcio Moufarrege negociasse a venda dessa moeda estrangeira”, em “valores elevadíssimos e, portanto, compatíveis com o tráfico internacional de entorpecentes”.

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