José Eliton (PSDB): “Pesquisa nunca venceu eleição”

O candidato à reeleição ao Governo de Goiás, José Eliton avaliou o tamanho da sua base partidária para a campanha das eleições deste ano

Postado em: 16-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O candidato à reeleição ao Governo de Goiás, José Eliton avaliou o tamanho da sua base partidária para a campanha das eleições deste ano

Qual a estrutura partidária que o PSDB conta para essa campanha? Qual o tamanho do exército que o senhor vai contar para levar as propostas ao eleitorado?

Essa é uma base muito sólida, composta por forças partidárias de maior relevo em Goiás. Nós conseguimos com aliança que estabelecemos que aproximadamente 40% do tempo de televisão ficará a cargo da nossa coligação; temos representação em todos os 246 municípios goianos, lideranças consolidadas e expressivas; temos técnicos em todas as regiões do estado, em todos os segmentos da sociedade que nos ajudam com aquilo que é mais importante deste segmento político, que são as ideias e os projetos para que Goiás busque avançar cada vez maise não retroceder. Para que Goiás continue a ser um estado que respeite as famílias que menos tem oportunidades, que busque gerar expectativas e esperança para a população. É um exército que tem convicções firmes dos seus ideais, tem propostas para Goiás.

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Essa definição bastante antecipada do seu nome, na visão do senhor, foi acertada? 

A manifestação do ex-governador Marconi foi feita dentro do tempo adequado e acho que foi absolutamente correta a exposição de pensamento dele. Logo em seguida acompanhada pelo PSDB, depois por alguns partidos que hoje estão compondo a nossa aliança e ao final com todos os 11 partidos que compõem a nossa aliança. Foi um momento importante porque nós tivemos também como preparar todo um processo de transição, a partir desse cenário que vislumbrava a disputa eleitoral. Conseguimos, se você se recordar, desde o final do ano passado estabelecer uma transição dentro desse próprio mandato, que se encerraria em 7 de abril e que a partir dali se iniciaria justamente esse novo mandato. Nós tivemos condição de fazer um processo que garantisse a continuidade de programa sem interrupção de serviços à população, de programas importantes que são fundamentais para o dia a dia dos goianos. Então conseguimos avançar e mais do que isso, ontem tivemos oportunidade de apresentar o plano de governo. E foi possível através dessa maturação e desse tempo, elaborar um plano de governo que reflita o sentimento dos goianos. Ele foi construído a partir da oitiva de todos os goianos, representados em todos os municípios por segmentos, por representantes comerciais, por professores, médicos, engenheiros, arquitetos, representantes da sociedade, nós tivemos condição de ouvir a todos para construir o projeto com foco em garantias e avanços. 

O senhor ressaltou a estrutura partidária que terá para o pleito deste ano. Mas em relação às perdas sofridas, como o PDT, PP e PROS? Como o senhor avalia a falta desses aliados na campanha deste ano?

São deflexões naturais do processo político, assim como crescemos e tivemos agora o Solidariedade, estamos juntos com o PV e com a Rede, que eram partidos que não compunham com a base e que agora estão compondo. Portanto, nessa balança, me parece que a qualidade daqueles que vieram a somar conosco expressam justamente o momento de transição, porque Goiás passa por um novo salto de desenvolvimento e novo avanço da sociedade. Alguns partidos não fecharam conosco por questões de espaço, nós já tínhamos uma base muito bem desenhada, uma chapa majoritária muito bem construída e acho que valores são muito importantes na definição de nomes que vão compor a chapa. Eu tinha com clareza todo o cenário que gostaria para que essa chapa não fosse uma chapa que tivesse pessoas sem às vezes qualificação para cargos tão importantes. Nós temos como candidata a vice-governadora uma ex-deputada federal, ex-secretária de educação, uma mulher que representa todo um segmento da sociedade, altamente qualificada, pós-graduada com doutorado, que fez uma transformação na área de educação do estado de Goiás e tem capacidade de contribuir muito com o estado. Temos a senadora Lúcia Vânia como companheira de chapa, que é uma mulher experimentada, que tem um serviço muito grande prestado ao estado de Goiás e ao Brasil. E o ex-governador Marconi [Perillo], que é uma das figuras mais representativas da política goiana, seja no cenário local seja no cenário nacional, além de termos suplentes que agregam valor, como o deputado [José] Vitti, presidente da Assembleia, que compõe a primeira suplência da senadora Lúcia Vânia, o ex-deputado e ex-secretário Vilmar Rocha compõe a primeira suplência do Marconi Perillo. Portanto, uma chapa extremamente consistente, uma chapa que tem o que apresentar a população, e acho que esses valores devem permear a decisão para formação da chapa.

É natural a presença Vilmar Rocha (PSD) na chapa majoritária? A gente acompanhou muitas críticas do Vilmar em relação ao projeto que está sendo apresentado pelo PSDB. 

Ele preside o PSD, que tinha outras posições e eu já tinha expressado publicamente que gostaria muito de ter o então deputado federal Thiago Peixoto na condição de vice-governador, sabendo reconhecer que nós temos talentos importantes, mas é claro que nós respeitamos a decisão partidária e acho que o ex-secretário e próximo suplente Vilmar Rocha compreendeu a dinâmica que nós estávamos implementando e assimilou isso, tanto que está compondo a chapa majoritária que disputaremos as eleições de outubro próximo. 

O senhor abre o projeto de governo com uma carta ao povo em que defende o chamado projeto Tempo Novo, que tem sido bombardeado pelos outros candidatos. Porque essa decisão de abrir com a defesa do legado?

Porque tenho consciência, tenho convicção de propósitos, tenho firmeza nas minhas convicções com relação em que o Estado de Goiás se transformou. Todas as pesquisas, inclusive as qualitativas, apontam que mesmo aqueles que eventualmente não correspondem ou não tem simpatia pelo Tempo Novo, pelo segmento que nós representamos, reconhece os avanços do estado de Goiás. Eu não jogo para a plateia, jogo conforme a consciência. São programas que transformaram a vida de milhares e milhares de goianos, que transformaram o Estado de Goiás, que fez com que esse estado saísse de um PIB de R$ 17 bilhões para mais de R$ 200 bilhões nos dias atuais; que gerasse mais de um milhão de empregos em duas décadas; o estado que saiu da 26ª posição do IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] para ser hoje o primeiro no IDEB em qualidade de educação no país; um estado que construiu a maior universidade estadual do país ofertando a 100 mil pessoas o direito de fazer um curso superior gratuito em várias regiões do estado; um estado que construiu a bolsa universitária que propiciou a 200 mil pessoas fazer um curso superior; um estado que colocou pão na mesa de muitas pessoas que não tinham condição de ter o alimento, através do [programa] renda cidadã; um estado que propiciou a reforma de milhares de casa através do cheque-reforma e que construiu outras milhares. Só nesse período do Goiás na Frente estamos construindo 30 mil casas para famílias carentes. Um estado que gerou oportunidades às pessoas, mas que tem desafios e é justamente por isso que me proponho continuar a governar o estado de Goiás, para dar o passo seguinte, para garantir que esses avanços cheguem às pessoas. A carta introdutória faz um retrato de onde partimos, onde estamos e onde queremos chegar.  Ali não tem nenhuma proposta mirabolante, nenhuma proposta fantasmagórica que agora virou moda. 

Como o senhor avalia a posição do seu adversário, Ronaldo Caiado, que tem feito duras críticas a esse projeto político do qual ele participou por 16 anos? 

Eu lamento profundamente, porque todos aqui podem falar de todas as críticas que ele faz todos os dias.Agora, é difícil você conhecer uma proposta que ele fez para melhorar a vida dos goianos e apontar o caminho, o norte. Ele marcou a sua trajetória política, infelizmente, por agressões, ataques, discursos cheios de bravata, cheios de ódio, seja no Senado, seja na Câmara dos Deputados, seja nos palanques, xingando e agredindo pessoas em todas as oportunidades que teve de disputar eleição. Ele está na política há 30, 40 anos. O quê que ele fez para o estado de Goiás? Qual que é a obra, o marco do Ronaldo Caiado? Ele não tem o que mostrar, o que apresentar. Como ele não tem o que mostrar, prefere atacar, mas os ataques são vazios, levianos e acabam se perdendo no tempo. 

Qual o planejamento do senhor e da sua equipe com relação às propostas a serem apresentadas, considerando também as pesquisas. 

Eu parto do pressuposto que cada instituto tem a sua metodologia, faz a sua avaliação, faz o seu espectro de obtenção de dados e aponta os seus resultados. Pesquisa nunca venceu eleição em lugar nenhum. O que ganha eleição é trabalho, é coragem de debater com correção com a população, é ter franqueza com o eleitor, é colocar as dificuldades, apontar os caminhos e apontar as propostas, é isso que nós estamos fazendo. Nós temos consciência daquilo que construímos, mas temos consciência dos desafios que teremos pela frente. 

“Não vou iludir o cidadão goiano” 

No segundo bloco da sabatina, Eliton falou sobre o orçamento disponível para aplicar nas propostas do plano de governo e afirma que as propostas foram pensadas na realidade financeira do Estado, sem iludir o cidadão goiano. Ainda sobre finanças, o candidato disse ter vetado o dispositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias sobre as emendas impositivas dos deputados estaduais. Segundo Eliton, reservar 1,2% do orçamento é muito dinheiro e o veto sinaliza o posicionamento da Governadoria sobre o tema. 

O governador falou sobre o programa habitacional em Goiás e garantiu ser modelo para outros Estados. Sobre seus adversários na campanha, o candidato condenou o discurso eleitoreiro do senador Ronaldo Caiado (DEM) e considerou serem  apenas “bravatas”.  

Dentro das propostas apresentadas no seu plano de governo, tem recursos para aplicar nos projetos?

Quando o plano de governo foi elaborado pensando nos recursos disponíveis e previstos na proposta que será encaminhada à Assembleia Legislativa. O primeiro momento é o atual orçamento do Estado. Tivemos uma preocupação de fazer um conjunto de proposições à sociedade a partir do enquadramento no orçamento já existente. Como nós estamos projetando no orçamento de 2019 o aumento das receitas com base na correção inflacionária, porque temos diferentemente dos anos anteriores o conhecimento do orçamento real e não fictício, com moldes nos orçamentos europeus, projetamos um orçamento enxuto. E dentro dessa projeção, estão contemplados orçamentos para todas as propostas que apresentamos. Claro, divididos em quatro anos. Uma das propostas já entra no orçamento do ano que vem que é o UEG em Rede. O vestibular acontece agora na segunda quinzena de agosto para estudantes de diversos municípios do interior goiano. A meta é chegar em 2022 com 45 mil vagas abertas para os estudantes. Mas nossa meta é chegar a oferecer vagas para todos os estudantes dos 246 municípios goianos. 

A Assembleia aprovou uma emenda na LDO com o orçamento impositivo das emendas dos parlamentares. Como avalia?

Quando chegou a mim, vetei a emenda. Agora está tramitando no Legislativo e apenas aguardo a manifestação da Casa. 

Essa PEC pode engessar o orçamento do governo?

Eu respeito a autonomia dos Poderes. Tem matérias que são de competência originária do Executivo e essas nós temos as prerrogativas de encaminhar, mas se o Parlamento quiser nessa discussão, me caberá respeitar porque tratamos de uma Emenda à Constituição do Estado. É um tema que pedi a nossa liderança na Assembleia que debatesse com muita atenção por causa do cenário de crise que o Brasil ainda passa e o impacto que pode ter no andamento das políticas públicas do Estado. 

O senhor preferiu ainda não falar sobre o mérito da PEC. Tem deputados da própria base que analisam que 1,2% do orçamento é muita coisa. 

Claro que é. Eu já sinalizei o posicionamento do Executivo ao vetar o dispositivo na LDO que previa essa questão. 

O foco da sua gestão tem sido no social. No seu plano de governo, como ficará a questão da habitação no seu possível próximo governo?

Talvez nós tenhamos em Goiás o melhor modelo de habitação já visto, que foi construído a partir de esforços entre o governo de Goiás e o governo federal. Nós fizemos o melhor modelo casando recursos do cheque mais moradia e do minha casa minha vida, conseguimos parcela mais acessível a baixa renda e entregamos mais de 15 mil moradias. Outras 15 mil estão em fase de execução e queremos entregar em 2018. Queremos verificar o déficit habitacional em cada município e dar continuidade nesse programa em todo o estado. Temos atenção especial no entorno do DF, ali cresce independe da Agehab e tem muitos empreendimentos privados que mitigam os problemas daquelas regiões, mas estamos conversando com os prefeitos uma ação conjunta e facilita muito quando a prefeitura tem a região disponível. Nos temos nos preocupado em fazer uma agenda voltada para essa região do estado. 

O plano traz ações desde 1998 e antecipa novas realizações. O senhor acha que está dando um passo a frente dos seus adversários?

Sem dúvida. Trabalho com garantias. O plano é dividido em dois pilares: garantias e renovação. As garantis não podem retroceder. O programa bolsa universitária foi copiado pelo governo federal. Como governador, tenho consciência de dar continuidade na sua integralidade. O programa Renda Cidadã também é importante. Gosto de deixar claro à população o meu posicionamento aos programas existentes. A MetroBus não será privatizada e outros candidatos colocaram posicionamento contrário. Eu disse que vou garantir a linha de pagamento dos servidores com segurança. Não vou prometer o que pode impactar conquistas ao longo do tempo. Não quero iludir as pessoas. 

O senhor está falando de boatos de que o governo não vai pagar a folha de pagamento?

Eu estou falando de propostas mirabolantes. Nós tivemos candidatos que afirmaram que se forem eleitos vão dar aumento de salário aos policiais militares de terceira classe. O que significa isso? Ou ele está deliberadamente mentindo para o cidadão ou ele não sabe o impacto que isso pode causar. Uma ação como essa gera impacto de R$ 8,6 milhões mensais, sem contar a C4. Teríamos um impacto anula de R$ 104 milhões. De onde vem a mágica? De onde vai tirar esse recurso? Aí o candidato tem que falar. Pra ele fazer isso, ou vai acabar com programa social ou acabar com politicas publicas existentes. O orçamento do estado é finito. Tem que falar e apontar como vai fazer. Teve candidato a presidência da republica dizendo que vai acabar o Serasa. Como vai fazer isso?

O candidato Ronaldo Caiado falou que vai encontrar esqueletos no armário do palácio se referindo a problemas financeiros e vai acabar com a corrupção no estado. Como avalia esse discurso da oposição?

Lamentável. Leviano. Ele quer fazer bravata que é típico dele. Vamos por partes. Quem julga as contas do Estado? O tribunal de contas. Quem foi relator das contas no ano passado? Sebastião Tejota. Pai de Lincoln Tejota que é candidato a vice-governador na chapa dele. Então ele deveria questionar o pai do candidato a vice-governador que demonstrou publicamente a aprovação das contas mostrando regularidade. 

Com ressalvas.

Mas as contas estão aprovadas e as ressalvas colocadas. Isso mostra regularidade nas contas do governo. Ele deveria consultar o conselheiro Sebastião Tejota. Isso já mostra o despautério dessa situação. Ele precisa se entender com a própria chapa dele. Ele como homem público que é deveria comunicar as autoridades  qualquer fato importante. Se ele não faz isso e fica apenas com esse discurso, demonstra o caráter de gritar com as pessoas e não se preocupar com as consequências. Ele chega no Senado Federal e agride os colegas. De chamar um ministro de Estado numa comissão e chamar ele para brigar lá fora como se fosse uma criança do primário. Esse tipo de comportamento não acrescenta nada. Uma candidatura como essa, que a sua família dominou a política por décadas, que tem trinta anos de vida pública, e ninguém consegue falar qual a contribuição que ele deu para o estado de Goiás. 

O Caiado disse que precisa ter força para combater o crime, o Daniel Vilela falou que faltam investimentos. O que precisa efetivamente na segurança pública?

Primeiro vamos para orçamento. No ano passado, Goiás aplicou 3,74% do orçamento em segurança pública, ou seja, R$ 4 bilhões. No modelo republicano brasileiro, você tem a atuação dos estados onde a união não atua. Já falei varias vezes da necessidade de mais investimentos por parte da união em segurança pública. Os investimentos são feitos e temos, talvez, a melhor estrutura de inteligência entre os estados brasileiros. Assinamos o Pacto Federativo de Segurança Público, um modelo gerido pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, que faz um belo trabalho contra o crime organizado e o tráfico de drogas. A grande questão da segurança pública parte de dois problemas estruturais. A primeira diz respeito ao sistema penitenciário. Nós já detectamos isso e coletamos informações que também são repassadas ao governo federal. Nós passamos a última década no brasil com política deliberada de desencarceramento. À época, nós ingressamos com uma ação no Supremo Tribunal Federal com um pedido de descontigenciamento, que chegou a R$ 11 bilhões. O resultado disso foi a construção de duas novas penitenciárias e a construção de mais três. Nós temos uma população carcerária de 650 mil pessoas no Brasil cumprindo pena em regime fechado. Os Estados Unidos tem cerca de 2,5 milhões. Isso significa duas coisas: que a polícia prende lá e aqui também, mas lá o indivíduo fica preso e no Brasil a pessoa está nas ruas duas semanas depois, pelo modelo legal que nós temos. Então é preciso construir uma infraestrutura carcerária que faça ressocialização e não forme mais bandidos.  

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