Bolsonaro se reuniu com advogados para responder à delação de Mauro Cid

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente "sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição”

Postado em: 21-09-2023 às 16h54
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro se reuniu com advogados para responder à delação de Mauro Cid
O ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Andre Coelho/Folhapress

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se deslocou de São Paulo para Brasília, nesta quinta-feira (21), e se reuniu com advogados. O encontro aconteceu no escritório político de Bolsonaro, no mesmo prédio comercial onde funciona a sede nacional do Partido Liberal (PL), na capital federal. A convocação da reunião ocorreu de forma emergencial depois de se tornar público que o tenente-coronel Mauro Cid delatou que o ex-presidente da República e a Marinha apoiavam um golpe militar.

Conforme Mauro Cid informou à Polícia Federal (PF), Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas após o segundo turno das eleições do ano passado. De acordo com a delação, a reunião visou discutir sobre uma proposta de intervenção militar. No encontro, os envolvidos trataram especificamente de uma minuta, ou seja, um rascunho de decreto golpista. A proposta incluía ilegalidades como o afastamento de autoridades, convocação de novas eleições e prisão de adversários políticos. 

Além disso, Mauro Cid revelou que o almirante de esquadra da Marinha, Almir Garnier, recebeu a ideia de golpe militar com entusiasmo. Segundo o delator, o almirante teria afirmado ao ex-presidente que suas tropas estariam prontas para responder à convocação de Bolsonaro. Porém, o Comando do Exército se posicionou contra a proposta e, consequentemente, contra o impedimento da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Portanto, o plano não foi adiante devido à falta de adesão.

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Resposta de Bolsonaro

Em Brasília, Bolsonaro e seus advogados reavaliaram a estratégia em resposta à delação de Mauro Cid. Desde que o ex-ajudante de ordens decidiu colaborar com a Polícia Federal (PF), o time do ex-presidente tem sido orientado a evitar o confronto e a tratá-lo como aliado. Alguns membros da defesa orientaram Bolsonaro a não se pronunciar publicamente sobre o assunto. Porém, uma parte de seus auxiliares avaliou que o silêncio poderia passar a mensagem de que o ex-presidente estaria consentindo.

Portanto, em nota à imprensa, a defesa afirmou que Bolsonaro jamais “compactuou com qualquer movimento ou projeto que não tivesse respaldo em lei” e “sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição”. Além disso, os advogados não citaram Cid e disseram ainda que o ex-presidente da República “jamais tomou qualquer atitude que afrontasse os limites e garantias estabelecidas pela Constituição e, via de efeito, o Estado Democrático de Direito”.

A princípio, algumas fontes próximas a Bolsonaro minimizaram os relatos de Mauro Cid. Segundo interlocutores do ex-presidente, o depoimento do tenente-coronel comprova apenas que Bolsonaro foi consultado na tal reunião e que não deu seguimento ao plano. No entanto, a PF investiga se a minuta golpista apresentada nesse encontro teria relação ou seria o mesmo texto pró-golpe encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

No dia 11 de setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou a demanda de acesso ao depoimento do tenente-coronel. Agora, a defesa de Bolsonaro pode usar os novos vazamentos sobre a delação de Mauro Cid como argumento para reiterar os pedidos. Todavia, a defesa do ex-ajudante de ordens se manifestou em relação às reportagens. Em nota, afirmou que não confirma o conteúdo das delações, visto que elas são sigilosas.

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