Em despedida da PGR, Aras diz que agiu para “impedir quebra da ordem constitucional”
O procurador-geral da República deve deixar o cargo nesta terça-feira
Por: Luan Monteiro

O procurador-geral da República, Augusto Aras, fez um discurso de despedida na sessão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O procurador-geral, que deve deixar o cargo nesta terça-feira (26/9), afirmou que tentou “manter o equilíbrio democrático neste país”.
“As palavras do ministro Toffoli hoje, um dia, adiante, serão detalhadas para que todo o povo brasileiro saiba que a democracia desse país preservada passou por essa instituição mantenedora, como é de seu dever constitucional, da ordem jurídica que sustenta o regime democrático, o Estado de Direito, que é o seu meio de trabalho, e a economia aberta de mercado”, disse.
A declaração de Aras faz referência à afirmação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que afirmou que o Brasil poderia não permanecer numa democracia se não fosse a “força do silêncio” de Aras.
“Faço essas referências porque são coisas [que serão] contadas mais à frente da história. Porque poucas pessoas sabem, mas estivemos bem próximos da ruptura. E na ruptura não tem Ministério Público, não tem direitos, não tem a graça. A graça é ser amigo do rei”, disse Toffoli.
Aras afirmou que uma equipe do Ministério Público Federal (MPF) visitou instalações civis e militares, policiais militares, governadores e outras autoridades estaduais e municipais para “não permitir que a ordem constitucional fosse quebrada”.
O procurador-geral também disse que a polarização política chegou a “níveis extremamente complexos”. “No momento de crise e polarização e radicalização, só há um caminho e um consenso possível, que é o consenso da Constituição”.
Aras falou por mais de 30 minutos e foi precedido de elogios dos demais conselheiros do Conselho.