Mauro Cid aparece em foto de reunião entre Bolsonaro e Forças Armadas

Após afirmar que Cid não participava de reuniões com os comandantes das Forças Armadas, Heleno diz que "escuta, mas não participa"

Postado em: 26-09-2023 às 19h27
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Mauro Cid aparece em foto de reunião entre Bolsonaro e Forças Armadas
O ex-ajudante de ordens Mauro Cid aparece sentado ao fundo, à direita de Heleno - Foto: Marcos Corrêa/PR

O tenente-coronel Mauro Cid informou à Polícia Federal (PF) que, em 2022, Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e seus ministros mais próximos. Segundo a delação premiada do militar, esta reunião ocorreu após o segundo turno das eleições do ano passado e visou discutir sobre uma proposta de golpe militar. A “minuta de golpe” apresentada na ocasião, consequentemente, objetivava o impedimento da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta terça-feira (26), durante a sessão da CPMI do 8 de janeiro, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) e o ex-ministro do GSI general Augusto Heleno entraram em um bate-boca. A discussão ocorreu por discordarem sobre a participação de Mauro Cid em reuniões do ex-presidente da República com as Forças Armadas. No início da sessão, Heleno afirmou à relatora senadora Eliziane Gama (PSD-MA) que Cid não participava de reuniões com os comandantes das Forças Armadas.

“Quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião dos comandantes de Força e participar da reunião, isso é fantasia. Estão apresentando trechos dessa delação e me estranha muito porque a delação está ainda sigilosa. Ninguém sabe o que o Cid falou”, afirmou o general aos parlamentares.

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Foto com Mauro Cid

Cerca de uma hora e meia após Heleno fornecer essa declaração, o bate-boca com o deputado Rogério Correia começou. Isso porque o petista exibiu uma foto que mostra Heleno e Mauro Cid durante uma reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas, em fevereiro de 2019. “Ele está ouvindo e está lá atrás do senhor. Ouvindo tudo. Mauro Cid ouvia tudo, está bem claro”, pontuou Correia. Segundo o deputado, Mauro Cid é sim um delator importante na delação premiada.

“Não adianta tentar tirar a imagem como se ele não participasse das reuniões e não soubesse o que está acontecendo”, declarou. Imediatamente, Heleno rebateu dizendo que ele estava “faltando com a verdade”. O general foi questionado se achava que o ex-ajudante de ordens escutava o que era discutido entre o presidente e os comandantes. “Ele não é surdo, lógico que ele está escutando. Mas ele não participa. Ele não tem atuação nenhuma”, respondeu.

Argumento

Em seguida, respondendo ao deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), o general voltou a comentar a foto. “Nesta foto, Cid estava atrás esperando alguma necessidade de Bolsonaro. Ele não dá palpite, isso não existe. Então o que eu estou dizendo é perfeitamente lógico e viável. As pessoas aqui estão querendo me comprometer, não vão conseguir”, acrescentou. Além disso, Heleno ressaltou que a imagem é de 2019. “O almirante Garnier nem pensava em ser almirante da Marinha”, disse.

Em sua delação premiada à PF, Mauro Cid informou que o almirante teria afirmado ao ex-presidente que suas tropas estariam prontas para responder à convocação de Bolsonaro. Ou seja, demonstrando disposição em participar de um golpe de Estado. Na data da foto, Garnier era secretário-geral do Ministério da Defesa, não comandante da Marinha. Ele assumiu o posto, em abril de 2021, no lugar de Ilques Barbosa Júnior, demitido em março daquele ano.

Conclusão

“Aquele rapazinho sentado ao lado do Cid, não tenho nem ideia de quem é. Só faltava dizer que ele estava participando. É preciso ter um pouco de senso para não haver acusações sérias e que as acusações sejam um pouco refutadas”, completou Heleno. Depois, o presidente da CPMI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), tomou a palavra para responder à solicitação feita à mesa da Comissão para que fossem tomadas providências sobre a acusação de que o general estaria faltando com a verdade.

“Nós temos aqui uma circunstância e que eu compreendi que o general disse participava da reunião’ no sentido que sentava na mesa e tomava decisões. Veja só os assessores que estão aqui nos acompanhando. Eles estão participando da reunião e ao mesmo tempo não estão participando na mesma condição que nós deputados. Está visível que o senhor Mauro Cid não estava sentado na mesa nas mesmas condições que o presidente da República e seus ministros. Por isso, a mesa não entende que seja uma não verdade”, concluiu.

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