Nos bastidores, CEI da Comurg virou motivo de chacota

Para além da Câmara, onde não raro a cena se repete, nos corredores da prefeitura de Goiânia o assunto tem sido, sempre, escanteado. Cenário se difere, e muito, do ambiente de tensão que a CEI instalou no Executivo em meados de março

Postado em: 28-09-2023 às 07h30
Por: Felipe Cardoso
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Para além da Câmara, onde não raro a cena se repete, nos corredores da prefeitura de Goiânia o assunto tem sido, sempre, escanteado. Cenário se difere, e muito, do ambiente de tensão que a CEI instalou no Executivo em meados de março | Foto: Câmara Municipal

Ainda que publicamente diversas autoridades falem com seriedade sobre a conclusão dos trabalhos relacionados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CEI), que investigou a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), nos bastidores, o tratamento sobre o assunto vai na contramão disso. Virou piada. 

A consequência, encarada por muitos, inclusive, como “natural”, foi desencadeada depois das incontáveis idas e vindas, promessas de relatórios não cumpridas, alardes vistos como “desproporcionais”, adiamento de reuniões e oitivas, e até uma mudança de comportamento —  tida como “abrupta” — por parte de alguns vereadores que, segundo fontes consultadas pela reportagem, por questões políticas, “esfriaram” os trabalhos.

Para além da Câmara Municipal, onde não raro a cena se repete, nos corredores da própria prefeitura de Goiânia o assunto tem sido, sempre, escanteado. A situação se difere, e muito, do ambiente de tensão que a CEI instalou no Paço em meados de março. “Foi um fiasco. Não entregaram nada daquilo que o teatro prometeu. É algo que infelizmente só contribui para desmoralizar a Câmara de Vereadores”, avaliou à reportagem um integrante do alto escalão da política goianiense.

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Como se não bastasse todo o descompasso registrado até aqui, agora, o que se vê, é um novo problema. Graças a um desentendimento entre os parlamentares e a diretoria legislativa da Casa, mais uma vez o andamento do relatório está comprometido. Conforme mostrado pela reportagem do jornal O Popular na última quarta-feira, 26, um impasse em relação aos documentos travou o envio do relatório. 

O material jornalístico diz que, enquanto o presidente da Comissão, Ronilson Reis (Sem partido), argumenta já ter despachado o relatório e entregue os documentos formalizados no sistema interno da Casa, a diretoria legislativa, por sua vez, diz que todos os documentos produzidos pela comissão no decorrer de todo o período de investigação devem ser apresentados. Dentre eles, inclusive, as mais de 135 mil páginas de relatório disponibilizadas pela Comurg aos investigadores.

Sem isso, vale lembrar, o Legislativo não pode encaminhar o processo ao Paço e demais órgãos de fiscalização e controle. Em paralelo, ainda, há um outro imbróglio. O relator da matéria, vereador Thialu Guiotti (Avante), ainda trabalha na elaboração do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A expectativa é que o material seja entregue essa semana. 

Em 28 de agosto, a reportagem do jornal O HOJE mostrou que após cinco meses, os trabalhos da Comissão chegaram ao fim. Após postergar a entrega do relatório por diversas vezes, o relator, Thialu Guiotti (Avante), o apresentou no dia 25 daquele mês. 

Sem muitas novidades, o documento de 13 páginas apontou graves problemas econômicos e de gestão da empresa, como dívidas em mais de R$ 1,3 bi sucateamento da frota e obras inacabadas. O relator atribuiu ao presidente da companhia, Alisson Borges, toda a responsabilidade pelas irregularidades administrativas constatadas durante a investigação da CEI e anunciou a decisão de fazer um TAC para estabelecer que se os problemas não fossem resolvidos em 180 dias o presidente responderia pelo problema “pessoalmente em seu próprio CPF”. 

Esfriamento

Em maio, por sua vez, a reportagem também mostrou que um novo ‘clima’ pautava o relacionamento entre a Câmara Municipal e o Paço. O sentimento amistoso teria “esfriado” os trabalhos do grupo. A Comissão, vale lembrar, foi proposta e encabeçada por um oposicionista ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos). A leitura, segundo fontes que falam em off com a reportagem, é de que quando foi instalada, a CEI, claro, buscava esclarecer os inúmeros indícios de irregularidades praticadas pela administração da Companhia, mas também mostrar, do ponto de vista político, a força da Câmara em relação ao Paço.

Acontece que a Comissão foi iniciada na Casa de Leis em um ambiente completamente adverso ao que se revelou meses adiante. O cenário era de revolta. A Câmara não se sentia, naquele momento, contemplada pela administração de Rogério. Faltava voz e vez ao Parlamento, que respondeu por meio da CEI — aliás, prometeu responder.

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