Apoio de Caiado a Daniel em 2026 não é automático, diz deputado

Parlamentar cita amizade de Wilder Morais com o governador ao lembrar que Vilela precisa, ainda, se viabilizar

Postado em: 02-10-2023 às 08h44
Por: Francisco Costa
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Parlamentar cita amizade de Wilder Morais com o governador ao lembrar que Vilela precisa, ainda, se viabilizar | Foto: Reprodução

Em conversa reservada, um deputado estadual da base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirmou que o apoio do gestor ao vice-governador, Daniel Vilela (MDB), em 2026, não é automático. Segundo o parlamentar, o emedebista ainda precisa se provar e viabilizar o nome para a sucessão.

“Caiado já deixou claro que não disputará mais em Goiás”, se refere à corrida pelo Palácio do Planalto. “Mas Daniel pode não estar na disputa com o apoio do governador em 2026 se não fizer a parte dele”, completa.

Questionado sobre quem o governador poderia apoiar, o deputado cita sem cerimônia o nome do senador e empresário, Wilder Morais (PL). “É amigo de Caiado, são próximos.” 

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De fato, o congressista foi secretário do chefe do Executivo no primeiro mandato e teve o apoio dele quando disputou a prefeitura de Goiânia como vice do também senador e empresário, Vanderlan Cardoso (PSD), em 2020. 

Wilder já conversa com aliados sobre disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026. Oficialmente, o assunto “não existe”, mas ele já entusiasma os correligionários, conforme uma fonte do partido.

O político surpreendeu ao ser eleito senador. A maioria esmagadora das pesquisas durante o pleito de 2022 o dava como terceiro colocado, atrás do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e do ex-deputado federal Delegado Waldir (União Brasil). 

O resultado mostrou a força do bolsonarismo em Goiás, uma vez que Wilder era o nome do ex-presidente no Estado. O senador “abocanhou” 25,25% dos votos válidos, 799.022 eleitores, contra 19,80% (626.662) de Marconi e 17,04% (539.219) de Delegado Waldir. 

A crença é que o bolsonarismo, independente de Bolsonaro ocupar um cargo, segue e seguirá forte em Goiás. O ex-presidente, em segundo turno, teve 58,71% dos votos válidos no Estado. O número representa mais de 2,1 milhões de eleitores na unidade federativa. 

Aos aliados, Wilder teria deixado claro que acredita nesse engajamento da direita conservadora. Além disso, é necessário reforçar que o governador Ronaldo Caiado encerra o segundo mandato em 2026. Desta forma, o adversário “mais forte” estaria de fora. E, claro, na metade do mandato no Congresso, Morais não teria nada a perder.

Daniel trabalha

Daniel já assumiu o cargo de governador em exercício quatro vezes. A última ocorreu na semana passada, quando Caiado viajou à Argentina. Para o cientista político Marcos Marinho, não se trata de mera confiança, mas conveniência. 

“Ambos têm objetivos em 2026. Caiado nacional, pois visa disputar a presidência, então precisa sair de Goiás para reverberar; e Daniel precisa se legitimar para disputar a sucessão.” Segundo Marinho, Caiado está focado no projeto em nível nacional, então é obrigado a fazer mais movimentos externos, enquanto o Daniel segue em processo de aprovação. “Ele, agora, precisa ocupar o lugar de cacique do partido”, diz ao lembrar que a legenda não tem mais grandes expoentes em Goiás como os ex-governadores Iris Rezende e Maguito Vilela.

“Estando na governadoria, ele tem a possibilidade de ter exposição, interlocução com vários segmentos e criar situações políticas que deem a ele legitimidade para disputar 2026. É uma somatória de fatores.”

A primeira vez que Daniel assumiu o cargo foi quando Caiado e a primeira-dama Gracinha tiraram breves férias na Europa, ainda no primeiro semestre. Na segunda vez, o chefe do Executivo foi a Portugal para evento com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em junho, enquanto a terceira ocorreu em agosto, quando o gestor estadual titular esteve em Pernambuco, participando da Lide – Grupo de Líderes Empresariais.

Em novembro, Daniel deve assumir o governo mais uma vez. Na ocasião, Caiado irá para a China para fechar acordos comerciais iniciados, justamente, pelo vice-governador, que esteve no país em junho.

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