“Sou a oposição mais longeva ao PT na política nacional”, diz Ronaldo Caiado 

Discurso do governador goiano em entrevista ao portal UOL demonstra, mais uma vez, que Caiado tem tudo para figurar entre os grandes players da política nacional em 2026. “Eu sou um homem que assume suas posições

Postado em: 04-10-2023 às 08h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: “Sou a oposição mais longeva ao PT na política nacional”, diz Ronaldo Caiado 
Pé em duas canoas não faz meu estilo”, disse em um trecho do bate-papo | Foto: Hegon Correa

Em 1989, Caiado era o mais  jovem candidato à presidência da República. À época tinha 39 anos. Hoje, o governador de Goiás ensaia para, quem sabe, encarar novamente às urnas em uma disputa rumo à cadeira mais cobiçada da política nacional. Ronaldo Caiado, que além de ocupar o posto de governador também é vice-presidente nacional do União Brasil, participou recentemente de uma entrevista com jornalistas do UOL. O tema eleições, claro, foi abordado pelos repórteres, bem como a relação com a gestão petista e os resultados que o permitem sonhar alto em relação a 2026. 

Como dito, Caiado, em 89, era o mais jovem e tinha, segundo ele, outra cabeça. “Hoje temos uma outra realidade. Venho de um processo político de muitos anos. Sempre me norteei pela convicção das minhas ideias. E tenho que ser avaliado como qualquer pré-candidato, o que não pode ser feito de uma maneira tão antecipada, em 2023, se temos ainda uma eleição municipal pela frente”, introduziu. 

Na avaliação do gestor, no tempo certo, cada partido apresentará seus nomes para as eleições de 2026. “Não vamos capitalizar apoio de A ou B em algo que está tão distante como 2026. É uma decisão partidária. Eu me sinto em condições de me colocar à disposição do partido. Agora, a sigla é quem vai decidir”, complementou. 

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O governador, de fato, nunca escondeu suas convicções. Apesar de estar filiado a um partido que tem se aproximado, cada dia mais, da gestão encabeçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se continuar no União Brasil, Caiado não esconde que caminhará em direção oposta no futuro. “Eu sou o que tem maior longevidade em oposição ao PT na política nacional”, disse aos jornalistas. 

E continuou: “Isso vem desde 1986 quando nós criamos a UDR [União Democrática Ruralista] num levante nacional sobre a garantia de propriedade. Disputei com o Lula em 89, ou seja, a minha posição sempre foi muito clara”. Questionado se estaria arrependido de ter apoiado a reeleição de Jair Bolsonaro, disparou: “Não cabe a mim ponderar quem tem mais crimes em relação às eleições passadas. Os dois foram apresentados ao país e como os dois candidatos vieram para o segundo turno, apoiei o Bolsonaro. A tese de que estou arrependido não faz parte da minha história política. Eu sou um homem que assume suas posições. Pé em duas canoas não faz meu estilo”. 

Durante o bate-papo, o goiano evitou críticas ao bolsonarismo e não hesitou em declarar que gostaria de contar com o apoio do ex-presidente — que ele considerou um importante cabo eleitoral — nas eleições daquele ano. “Quem nega apoio? Estamos num jogo político. Se o Lula não for candidato à presidência, o candidato deles não vai querer o apoio do Lula? A conversa tem que valer para os dois lados”. 

“O ex-presidente Bolsonaro teve seus direitos cassados. Sabemos que, não podendo ser candidato, se torna um cabo eleitoral forte para qualquer campanha. Eu sei o quanto ele influencia. Não diminuo aqui o prestígio dele em apoio a uma candidatura”, completou o governador goiano.

Caiado deixou claro que não vai enfrentar o Bolsonarismo. E mais: que não vai rivalizar com Tarcísio de Freitas — governador de São Paulo tido, nos bastidores, como favorito para representar o grupo político nas eleições de 2026. O tom da conversa revelou que só será candidato com apoio da ala. 

Em paralelo a esse cenário, Tarcísio, diferentemente de Caiado, poderá concorrer à reeleição em São Paulo. A leitura, nos bastidores, seria que o mais interessante ao bolsonarismo poderia ser a manutenção do Republicano no governo e a recuperação, ao mesmo tempo, da presidência da República. Nesse contexto, interlocutores apostam que Caiado pode se consagrar, no futuro, favorito. 

Sobre o assunto, o governador disparou: “Meu relacionamento com o Tarcísio é excelente. Ele seria o meu candidato ao Senado em Goiás. Eu e ele temos uma convivência maravilhosa, tenho um carinho enorme por ele. O pai dele foi meu eleitor em 89. Por várias vezes eu quis trazê-lo para Goiás. Ele é uma pessoa muito querida no nosso estado”. 

E acrescentou que o governador paulista terá a “oportunidade de avaliar” [eventual candidatura à presidência]. “Podem ficar tranquilos, não disputarei com o Tarcísio. Tenho o melhor relacionamento pessoal com ele. Meu relacionamento com ele não é político, é de dentro de casa. Eu chego e converso com ele.  Não tenho razão para disputar com ele se buscamos um movimento de unidade”.

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