Caiado acerta em postergar negociações sobre 2024

Governador sonha em chegar à presidência em 2026 e sabe, melhor do que ninguém, que o pleito de 2024 será importante para esse processo. Por isso, toda e qualquer costura relacionada ao ano que vem deve ser feita com ampla cautela

Postado em: 07-10-2023 às 10h30
Por: Felipe Cardoso
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O governador goiano é quem dará a palavra final sobre o destino de seu robusto grupo político | Foto: Reprodução

A prefeitura de Goiânia, há tempos, tem figurado como alvo de cobiça de diversas lideranças políticas. Cada vez mais, observam analistas políticos, as discussões sobre pleitos estaduais e municipais têm sido antecipadas. No que diz respeito ao ano de 2024, o cenário não poderia ser diferente. Fato é que desde o término das eleições de 2022, que consagrou Ronaldo Caiado (UB) governador por mais quatro anos, a disputa seguinte povoou o inconsciente de diversas lideranças locais. 

Player importantes da política goianiense como o atual prefeito Rogério Cruz (Republicanos), o senador Vanderlan Cardoso (PSD), o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), a deputada federal, Adriana Accorsi (PT), e até o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, por ora impedido de concorrer, Gustavo Mendanha (Patriota), prospectam, desde então, os diferentes cenários para um futuro não muito distante. 

Na contramão disso, porém, informações de bastidores sugerem que o governador pede cautela. E é minimamente compreensível que o gestor apele por isso. Caiado, mais do que ninguém, precisa manter seu grupo coeso. A leitura é que, independentemente do nome escolhido para representar a base governista, dar início às movimentações eleitoreiras com tamanha antecedência pode representar um risco. 

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Tratando-se de política, nada é tão assertivo como o pressuposto princípio da ação e reação. Conforme lideranças específicas se aproximam de alguns nomes, consequentemente se afastam de outros e isso, na visão de interlocutores da base caiadista, pode ser, no mínimo, perigoso. 

Primeiro porque Caiado não quer, e não vai, abrir mão de reger esse processo. O governador goiano é quem dará a palavra final sobre o destino de seu robusto grupo político. Se isso não for feito por ele, figuras próximas afirmam sem titubear que a autoridade de governo seria atacada. Em segundo lugar, todos sabem, Caiado tem um projeto político que não permite erros para 2026. 

O gestor goiano sonha, como já mostrado pelo O HOJE, em chegar à presidência. A prefeitura de Goiânia, por óbvio, será parte importante nesse processo. O governador certamente estará no palanque de um dos concorrentes e não cogita não terminar vitorioso nesse processo. Do contrário, poderia pegar mal para o governo não conseguir emplacar uma campanha vitoriosa na principal cidade goiana. Por isso, toda e qualquer costura relacionada ao ano de 2024 deve ser feita com todo cuidado possível. 

Para se manter forte, Caiado continuará mostrando serviço. Até aqui, a tarefa de casa tem sido feita. O governador tem mantido um alto índice de aprovação entre os goianos. Em agosto, pesquisa encabeçada pelo Instituto Paraná Pesquisas revelou que a gestão caiadista é aprovada por mais de 76% dos eleitores goianienses. Os números superam os resultados de Mauro Mendes, do Mato Grosso, Rafael Fonteles, do Piaui, e Ratinho Júnior, do Paraná. 

Além disso, desde que assumiu o governo no ano de 2019, Caiado tem aglutinado, cada dia mais, novas lideranças para sua base de apoio. Se manter esse time unido, o entendimento comum é que dificilmente perderá a disputa na capital — o que, caso aconteça, somaria mais um feito histórico ao currículo do governador, haja vista que nunca antes um candidato apoiado pelo governo terminou vitorioso em Goiânia.

Com isso, é praticamente unânime o entendimento de que o político acerta em postergar as discussões sobre 2024. Se antecipá-las, correrá o risco de ver desmoronar uma base sólida pensada para além de 2024, podendo contribuir, inclusive, com o fortalecimento de um time de oposição capaz de terminar, mais uma vez, vitorioso na disputa pela capital. Não vale o risco.

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