Mulheres apresentam propostas e buscam avanços na política

Venceslau Pimentel*

Os candidatos ao governo de Goiás se comprometeram ontem a avançar na implantação de políticas públicas em defesa das mulheres, durante ato público de apresentação de propostas para o segmento, ao mesmo tempo em que reconheceram que é preciso ofertar espaço de poder para as mulheres.

O ato público de apresentação da Plataforma de Políticas para Mulheres de Goiás 2018, elaborada pelo Conselho Estadual da Mulher (Conem), aconteceu no auditório do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com as presenças do governador e candidato à reeleição José Eliton (PSDB), Ronaldo Caiado (Democratas), Kátia Maria (PT) e Marcelo Lira (PCB). Não compareceram ao debate o candidato Daniel Vilela (MDB), representado pelo candidato a vice Heuler Cruvinel (PP), e Wesley Garcia (Psol), que foi substituído pelo correligionário Fabrício Rosa, candidato a senador.

Após a apresentação da temática do debate – com documento contendo as demandas das mulheres – intermediado pela presidente do Conem, Ana Rita de Castro, cada candidato teve sete minutos para discorrem sobre suas propostas voltadas para as mulheres.

Ao colocar suas propostas, José Eliton iniciou a sua fala dizendo que espera contribuir com essa jornada em defesa da igualdade entre homens e mulheres, para que num futuro próximo não seja mais necessários eventos como esse, que passariam a ser registrados apenas em livros de histórias, e que discussões relativas a cotas estariam superadas.

Eliton disse reconhecer que há desafios a serem vencidos e que o seu plano de governo traz propostas concretas de políticas públicas voltadas para as mulheres. Numa referência aos seus adversários, que teceram críticas à sua gestão, ele rechaçou o que classificou de discurso fácil, baseado em proselitismo. 

Ao lembrar o direito ao voto foi uma das lutas das mulheres, que só aconteceu no início da década de 1930, o governador afirmou que atua com força no sentido de buscar estabelecer políticas públicas que possam caminhar nessa direção. “Quero aqui lançar mão, não de um discurso retórico ou de um discurso entusiasmado ou fácil, mas sim de um discurso realista, com base no quadro que temos hoje no Brasil e em Goiás”, pontuou.

Eliton, que chegou ao evento acompanhado da candidata a vice-governadora Raquel Teixeira (PSDB), afirmou que, no que se refere às políticas públicas de promoção de igualdade dos direitos das mulheres, o importante olhar para o futuro que a sociedade almeja. “Quero aqui olhar para o amanhã, não ficar preso ao passado que todas as senhoras e os senhores aqui conhecem muito bem, já sabem de cor a realidade”, disse o governador, frisando que seu objetivo é apresentar propostas,  já que fazer proselitismo e discurso inflamado é uma opção fácil. “O duro é apontar o caminho, mostrar o norte”, pontuou.

 O duro é mostrar o caminho, o norte das políticas para mulheres – José Eliton (PSDB)

Quero criar a Rede Maria da Penha para proteger nossas mulheres – Ronaldo Caiado (DEM)   

Ronaldo Caiado propõe maior participação na política 

O candidato Ronaldo Caiado destacou sua atuação no Congresso Nacional, com propostas avançadas de inclusão da mulher no Parlamento. “Em meus mandatos, sempre defendi uma maior participação das mulheres no Congresso e em cargos de comando”.

Quando da discussão da reforma política, disse ter apresentado proposta que estabelecia a lista pré-ordenada em alternância de sexo, o que mostrou ser uma medida efetiva para aumentar a participação das mulheres na política em países como Bélgica e Suécia”, contou. “Esse modelo implantado na Europa aumentou para 50% a participação das mulheres no Parlamento. Isso significa que elas efetivamente ganharam espaço nas decisões do País”, pontuou.

Caiado discorreu também sobre ações protetivas para as mulheres, como forma de reduzir o feminicídio, ao propor, por meio de projeto de lei, que a autoridade policial possa definir ações que resguardem a vida das mulheres. “A delegacia da mulher tem de ter uma ação conjunta com uma autoridade que fará a ação protetiva. Hoje a mulher faz a queixa e fica por isso mesmo. Precisamos entender que tudo tem uma sequência lógica. Não é apenas a mulher levar a denúncia até a delegacia. É importante, sim. Mas é importante ter uma decisão rápida, com as ações protetivas. Aí teremos resultados significativos contra o feminicídio”.

Por fim, destacou que proposta que consta de seu plano de governo, que prevê a criação da Rede Maria da Penha, como parte integrante dos Centros Especializados de Atendimento às Mulheres (CEAM’s). A rede terá espaços especializados ofertando o acolhimento interdisciplinar (social, psicológico, pedagógico e de orientação jurídica) às mulheres em situação de violência de gênero. A ideia é promover e assegurar o fortalecimento da sua autoestima e autonomia, o resgate da cidadania e a prevenção, interrupção e superação das situações de violação de direitos.

Kátia Maria defende rede de ações artilucadas 

A candidata petista Kátia Maria disse que acompanha a pauta da violência contra a mulher há vários anos e que, por isso, tem o compromisso de fazer o enfrentamento dessa realidade, por meio de uma rede de ações articulada.

Ela propõe estruturar e ampliar as delegacias especializadas no atendimento à mulher. “Além disso, vamos construir um centro de referência com uma equipe multidisciplinar para acolher essas mulheres, com psicólogas, advogadas, assistentes sociais, para que possam receber também seus filhos atingidos pela violência.”

De igual forma, propõe preparar policiais, de qualquer delegacia, para lidar com a violência doméstica, como forma de amparar vítimas e criar programa de capacitação e de inclusão no mercado de trabalho.

Prioridade

O candidato a vice na chapa de Daniel Vilela, HeulerCruvinel, disse que o plano de governo da chapa majoritária traz o combate à violência contra a mulher como prioridade, tanto que prevê a criação da Secretaria Estadual da Mulher, como forma de incrementar políticas voltadas para a valorização das mulheres. “É uma forma de as mulheres ocuparem posição de destaque, o que hoje não acontece”, disse. 

“Vamos promover campanhas e ações contra o assédio e outras formas de violência contra a mulher.” Cruvinel destacou ainda a necessidade do reaparelhamento das delegacias especializadas e ampliação e fortalecimento da Patrulha Maria da Penha. Disse que o plano de governo da coligação prevê a criação de um programa de capacitação e de acesso ao crédito.

Marcelo Lira e Fabrício Rosa fizeram discursos inflamados, com críticas ao governo, e destacaram propostas para valorização e defesa das mulheres.