Entre a cruz e a espada, o que Vanderlan pode fazer para chegar lá?

Depois de virar as costas para Caiado em 2022, mesmo após apoio do governador em 2020 na disputa ao Paço, Vanderlan tem uma escolha a fazer

Postado em: 11-10-2023 às 08h30
Por: Yago Sales
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Nos últimos 15 anos, Cardoso disputou seis eleições, sendo que, a última delas, em 2018, o levou ao gabinete 13 do Anexo 2, Ala Affonso Arinos, no Senado Federal | Foto: Reprodução

É quase consenso: o sonho de Vanderlan Cardoso é, sem dúvidas, sentar-se na cadeira de prefeito de Goiânia. E, de uma maneira, por enquanto, menos pungente, a de morar na Casa Verde, vivenda de Pedro Ludovico a, atualmente, Ronaldo Caiado. E é por aquela mansão verde-esmeralda, Art Déco, que, por enquanto, vaga a expectativa do futuro de Vanderlan Cardoso. 

Nos últimos 15 anos, Cardoso disputou seis eleições, sendo que, a última delas, em 2018, o levou ao gabinete 13 do Anexo 2, Ala Affonso Arinos, no Senado Federal. A primeira o consagrou prefeito de Senador Canedo. E depois sucederam derrotas: duas ao Paço e duas ao Palácio das Esmeraldas. Ou seja, saiu vitorioso em apenas duas. 

Ainda como senador, ele arriscou, com apoio de Caiado – que subiu no palanque do então aliado – mais uma vez a concorrer à cadeira de prefeito de Goiânia. Vanderlan obteve 47,40% dos votos, ou seja, convenceu 250.036 eleitores de que ele poderia governar a cidade. 

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A diferença era pequena contra o adversário Maguito Vilela que teve 52,60%, somando 277.497 votos. Vilela seria eleito e tomaria posse em um leito de UTI em São Paulo, onde morreu em consequência à Covid-19. Vanderlan foi duramente criticado por ter feito declarações polêmicas sobre o estado de saúde do adversário. 

Passada a eleição, Vanderlan distanciou-se de Caiado, que o esperava no projeto de reeleição logo ali, em 2022. Na direção contrária à maioria do seu partido, PSD, Vanderlan apoiou para o governo o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Major Vitor Hugo (PL). O seu partido lançou o presidente da sigla Vilmar Rocha na base caiadista. 

Como demonstração de força, deixou as impressões digitais na chapa: colocou a esposa, Isaura Cardoso, na suplência de Wilder Morais que, inclusive, surpreendeu com a vitória para a única vaga disponível naquele pleito. 

Meses depois do pleito, as peças começaram a se mexer no tabuleiro político-administrativo do Palácio das Esmeraldas. O PSD teve uma fatia, uma secretaria, em agradecimento ao empenho, sobretudo, de Vilmar Rocha no pleito. E Vanderlan assumiu a presidência do partido, ungido por Gilberto Kassab – presidente nacional – um dia antes de Francisco Júnior ser empossado na Codego. 

Na solenidade, Vanderlan, embora constrangido, foi recepcionado por Ronaldo Caiado. Abriria, ali, uma brecha para que Vanderlan conseguisse, pé ante pé, reconquistar a confiança dos caiadistas para o seu sonho: ser prefeito da capital. 

O estrago, comenta um cientista político que prefere o anonimato, estava feito. Há uma desconfiança de que, com a esposa na suplência de Wilder Morais, seria melhor para Vanderlan, apoiar o colega para uma disputa ao governo. Com isso, dar de ombros ao projeto de eleição do vice-governador Daniel Vilela. 

É aí que mora uma ideia que a cada dia tem se repetido: de olho no pleito do ano que vem, com os dados eleitorais de 2020 às mãos, Vanderlan poderia pedir para a mulher, Isaura Cardoso, esquecer a suplência de Wilder Morais. Com isso, demonstraria mudança de humor e, quiçá, ganharia o carimbo de volta à base de Caiado. 

Um fator, no entanto, que vem do Paraná: Ratinho Júnior, que é governador do PSD, pode ser o candidato da “direita” da sigla em 2026. E, com isso, se chocaria com um plano de voo que deve sair do Palácio Pedro Ludovico: Caiado é dado quase certo como o candidato à presidência do União Brasil. E, de novo, Vanderlan não poderia adorar a dois deuses.

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