Bandeira da saúde dá novo tom à política de Kajuru

Senador Jorge Kajuru, do PSB, tem levado o cuidado dos cidadãos com seriedade. Para isso, tem feito aliados

Postado em: 13-10-2023 às 08h15
Por: Yago Sales
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Senador Jorge Kajuru, do PSB, tem levado o cuidado dos cidadãos com seriedade. Para isso, tem feito aliados | Foto: Agência Senado

Foram dias difíceis para Jorge Kajuru naquele abril. Com destaque para quem havia sido protagonista da instalação de uma CPI para investigar desmandos durante a pandemia de Covid-19, passou a traidor. Visto com descrédito por parte da esquerda e desconfiança por outra parcela da direita, parecia que tudo ia ruir quando foram divulgados diálogos que o senador havia registrado, em áudio, com o então presidente Jair Messias Bolsonaro. 

Nele, Bolsonaro fala em fazer do limão da CPI uma limonada, pautando o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. “Você tem que mudar o objetivo da CPI, tem que ser ampla. Aí você faz um excelente trabalho pelo Brasil”. A primeira frase foi um furo jornalístico da repórter Malu Gaspar, em seu twitter. Ela postou ainda um resumo da conversa.

“Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, vai ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana”, disse ainda Bolsonaro. Kajuru responde: “Não, aí não, isso aí eu não faço nunca não, presidente, pela minha mãe”.

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O presidente insiste: “A gente tem que fazer do limão uma limonada … Por enquanto é o limão que está aí. Tem que tensionar o Supremo para botar em pauta o impeachment dos ministros.”

Depois da divulgação do áudio acabou sendo convidado a sair do Cidadania, partido próximo de Bolsonaro. Na Câmara Federal, no entanto, Kajuru tinha praticamente um irmão, com um tanto bom de agradecimentos: Elias Vaz, do PSB goiano. É que, antes de Kajuru ser eleito senador em 2018 e Vaz deputado federal no mesmo pleito, ambos dividiram a oposição ao prefeito Iris Rezende em Goiânia. Eles eram vereadores da capital de Goiás. 

E Kajuru, que, à época em que era dono da rádio K, e seu principal apresentador, conhecera Vaz nos tempos em que ele era “apenas” um líder de categoria, ou seja, em um sindicato de motoristas de vans que buscavam regulamentação. Algo assim. Vaz conquistou muita fama a partir da programação da rádio de Kajuru no final da década de 1990. 

Embora Kajuru tenha se aproximado de Jair Bolsonaro, o amigo, que, convencido por ele, se candidatara à Câmara Federal, fez uma imersão nos dados públicos do governo federal e tornou-se um dos deputados mais críticos – com documentos e tudo – da cambaleante gestão bolsonarista. 

O bolsonarismo, inclusive, não gostou nada de ver o “mito”, como o chamavam, em maus-lençóis. E a esquerda, contudo, achou a troça. Kajuru, que já vinha com um mandato municipalista, se aproximando de prefeitos e do governador Ronaldo Caiado, se tornou, automaticamente, um dos elos entre o presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva e Goiás. 

Vale lembrar que, desde o início do mandato, no dia 1° de janeiro, há uma expectativa, por intermédio da Kajuru, de Lula, finalmente, voltar a Goiás. O que, para este ano, tem sido descartado cada vez mais, principalmente por conta da saúde do mandatário. Mas Kajuru tem seus interesses políticos e, claro, autobiográficos. Se queria ser visto, como ele repetiu algumas vezes, como o melhor senador de Goiás, ele pode, sim, levar o pódio. Tem sido elogiado constantemente em rodas políticas e de jornalistas por investimentos em saúde, uma das demandas mais importantes de uma sociedade que adoece cada vez mais. E, ao colocar um presidente na parede, com gravação e tudo, justamente por causa de uma CPI que o responsabiliza por não ter feito o que deveria, dá uma apimentada à biografia de Kajuru.

Kajuru que, quando vereador na capital, que cumpriu a metade do mandato – por ter sido eleito na eleição seguinte ao Senado – foi o vereador mais atuante na briga por saúde. Ia com sua câmera, de madrugada, em postos de saúde, cobrar a saída da secretária de saúde, conversar com goianienses adoecidos, entre outras coisas. A bandeira de Kajuru, a saúde, é, sim, um braço importante que precisava de um padrinho. Do lado de Lula – e Caiado – e tantos prefeitos, Kajuru, que tem no histórico uma série de doenças, entre elas a diabetes, tem feito seu nome.

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