Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Neste ano as disputa estão acirrada ao Senado

Pleito deste ano se assemelha à quebra de tradição que o Estado experimentou em 2002, com o fim da hegemonia do MDB na Casa

Postado em: 01-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
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Pleito deste ano se assemelha à quebra de tradição que o Estado experimentou em 2002, com o fim da hegemonia do MDB na Casa

“Não há. Como disse, a disputa está embolada entre quatro candidatos. Até o momento, todos eles gozam de equilibrado apoio na sociedade”. Robert Bonifácio

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Lucas de Godoi

O pleito deste ano em Goiás para duas vagas ao Senado reflete o cenário vivenciado em 2002, quando Iris Rezende (MDB) perdeu a cadeira na Casa do Congresso. Naquele ano, foram eleitoso ex-secretário de SegurançaPública Demóstenes Torres (PTB) e a então deputada federal Lúcia Vânia (PSB) para as duas vagas, respectivamente. Iris ficou de fora por uma diferença de apenas 9.531 votos.

O último levantamento estimulado do Ibope para as eleições de outubro mostra um cenário de empate técnico entre três candidatos: Marconi Perillo (PSDB), com 30%; Lúcia Vânia (PSB), 28% e Jorge Kajuru (PRP), com 26%. Ainda no páreo, Vanderlan Cardoso (PP) pontua 18%. Na modalidade espontânea, aquela em que o pesquisador não indica uma cartela de nomes, o resultado se repete. Nesse caso, Kajuru lidera com 12%, seguido de Marconi e Lúcia, com 9%, e 8% respectivamente.

Marconi Perillo e Lúcia Vânia caminham juntos desde 1994, quando a então deputada federal concorreu ao governo de Goiás, mas acabou derrotada pelo emedebista Maguito Vilela. Naquele ano Lúcia cedeu suas bases eleitorais paraeleger Marconi ((na época no PP) à Câmara dos Deputados. No pleito seguinte, em 1998, se elegeram juntos pelo PSDB: Marconi ao governo de Goiás e Lúcia ao Senado. De lá para cá ambos não pararam de vencer eleições.

Histórico

A disputa acirrada que o estado de Goiás experimentou em 2002 nas urnas não era tão previsível no início da campanha, quando Iris era disparado o favorito nas pesquisas para a primeira vaga ao Senado. Depois dos levantamentos de opinião mostrar que Iris havia sido ultrapassado por Demóstenes, a estratégia do partido foi ressaltar a sua experiência. “O povo goiano conhece minha história, não vai me deixar na mão”, falou Iris Rezende na ocasião à imprensa. 

Militando no PSDB, Lúcia Vânia creditou a sua ascensão ao desânimo dos eleitores em relação ao PMDB (hoje MDB). “Não há mais espaço para coronéis em Goiás”, falou. Demóstenes Torres investiu no discurso da renovação. “O povo goiano se identificou com nossa candidatura porque ela representa o novo”, analisou. 

A formação das coligações também teve um peso importante nas eleições daquele ano. O projeto dos candidatos vitoriosos contava com apoio de 12 legendas, o que significou mais cabos eleitorais nas ruas e mais espaço na propaganda eleitoral gratuita. O PMDB de Iris Rezende bancou sozinho a campanha daquele ano no Estado. O resultado das eleições para senador pôs fim a um ciclo, pois desde 1982 apenas candidatos do PMDB venciam as disputas para o cargo em Goiás.

Campanha na televisão e rádio terão peso importante para definir voto  

Até o momento, a corrida eleitoral no Estado é de indefinição. Todos os candidatos são unânimes ao avaliar, por exemplo, o resultado das pesquisas de intenção de voto. O professor de ciência política da UFG prevê que a disputa para o Senado está mais equilibrada que para o governo do Estado, onde Ronaldo Caiado aparece como líder em todos os levantamentos. 

Com o cenário equilibrado, não tem como prever quando o resultado ficará mais evidente, principalmente porque as campanhas ainda estão chegando às ruas. “Precisamos esperar o desenrolar da campanha, especialmente a partir do dia 31 de agosto, quando começam as campanhas na TV e no rádio”, observa Bonifácio. 

“Esse cenário se deve a decisão dos maiores caciques políticos do estado tentar a candidatura ao Senado. Todos os candidatos têm força política no estado: um ex-governador, um ex-prefeito de cidade da Região Metropolitana e conhecido político; uma mulher há décadas representante política e um fenômeno eleitoral de 2016”, explica Robert. 

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O cientista explica que Vanderlan Cardoso, Jorge Kajuru, Lúcia Vânia e Marconi Perillo aparecem com maior popularidade por que somam ao apoio dos respectivos candidatos ao governo do Estado. A partir daí a publicidade deve influenciar a ascensão ou queda de um candidato, inclusive do mais cotado. “No meu ponto de vista, o grande mote de campanha será a pessoa e a gestão do Marconi. Daí o sucesso vai variar da capacidade dos candidatos em atacarem ou apoiarem esse legado marconista”. 

Nesse sentido, Robert Bonifácio enxerga a possibilidade de o tucano ficar sem mandato, depois de 24 anos exercendo cargos públicos de maneira ininterrupta. “Sua candidatura está longe de ser a mais querida pelos eleitores”, destaca ponderando que ainda assim, ele lidera as intenções. “O interessante é que quem vota em Marconi o faz sem titubear, pois ele é líder de intenção de voto na primeira escolha para o senado. Os demais candidatos têm seus maiores percentuais na segunda escolha”, esmiúça.  

Pesquisas têm antecipado resultados 

Em 2010 os levantamentos indicavam a reeleição de Demóstenes Torres e Lúcia Vânia. A pesquisa Ibope, realizada entre os dias 21 e 23 de setembro daquele ano os colocavam, respectivamente,com 52% e 39% das intenções de voto. Pedro Wilson (PT) aparecia em terceiro lugar, com 18%. O apurado nas urnas foi próximo disso e confirmou Torres com 44,09% dos votos válidos; e Vânia com 30,56%. Pedro Wilson cravou 17,95%.

Da mesma forma, a eleição de 2014 indicava uma liderança folgada de Ronaldo Caiado. E assim, após cinco mandatos como uma das principais lideranças da bancada ruralista na Câmara, Caiado garantiu a única vaga daquele ano ao Senado, o que confirmou a tendência que as pesquisas de intenção de voto apresentaram durante toda a campanha eleitoral. Em agosto, levantamento do Instituto Serpes dava a Ronaldo Caiado 33,5% dos votos válidos. Na urna, foi eleito com 47,57% dos votos válidos, a frente de Vilmar Rocha (PSD), que garantiu 37,52% da confiança dos eleitores. 

Cientista vê disputa atípica este ano 

Como os mandatos do Senado têm duração de oito anos, as próximas eleições nacionais, de 2006, viria a eleger apenas um candidato – para a terceira vaga de Goiás. Foi então que o PSDB repetiu a receita de 2002 e lançou a candidatura do ex-governador Marconi Perillo, com uma chapa composta por 13 partidos. Em outubro daquele ano, o resultado estava claro e sem susto, Marconi foi eleito Senador da República com 2.035.564 votos – 75,82% do total de votos válidos, o que se tornou uma votação histórica em Goiás. 

O historiador e cientista político NasrFayadChaul credita o desempenho eleitoral de Perillo à sua atuação durante os oito anos à frente do Palácio das Esmeraldas. “Creio que aos dois primeiros governos que fizeram a transição em Goiás da agropecuária para a agroindústria”, que para ele “levou o Estado à consolidação da modernidade”. 

Para este ano, Chaul considera uma eleição atípica. Ainda assim, sustenta que políticos com maior visibilidade poderão ter mais sucesso no dia 7 de outubro. Será “impossível prever qualquer resultado tanto local quanto nacional. Por isso nomes como o de Marconi e Lúcia, por todo o histórico, têm mais chances de serem eleitos”, assegura. 

O professor de ciência política (UFG), Robert Bonifácio, examina que o resultado deste ano pode contrariar o tucano, de tal forma que frustrou Iris Rezende em 2002. Seu legado, ao mesmo tempo em que pode ajudar a alavancar, pode puxá-lo para baixo. “Não há [preferido]. Como disse, a disputa está embolada entre quatro candidatos. Até o momento, todos eles gozam de equilibrado apoio na sociedade”. 

(Especial para O Hoje)

 

 

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