PT e embaixada de Israel no Brasil trocam críticas e acusações

Partido afirmou na última nota que é "totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a embaixada de Israel no Brasil faz"

Postado em: 18-10-2023 às 08h31
Por: Francisco Costa
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Partido afirmou na última nota que é "totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a embaixada de Israel no Brasil faz" (Foto: Abdelhakim Abu Riash/Al Jazeera)

Depois do PT classificar os ataques do grupo extremista Hamas como “inaceitáveis”, mas afirmar que o governo israelense pratica “genocídio”, na última segunda (16), a embaixada de Israel reagiu, na terça (17). Em nota, disse ser “lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos”.

Ainda segundo o documento, é preciso separar “a organização terrorista Hamas e os palestinos”. E pontua: “Qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação.”

PT, por meio de sua presidente, Gleisi Hoffmann, reagiu a nota da embaixada, na terça, e chamou o texto de “ataque injustificável” à sigla. “É totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a embaixada de Israel no Brasil faz.”

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De acordo com o partido, o diretório condenou “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel”. Declarou, ainda, que “advertiu que a retaliação do governo de Israel configura “um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil”.

Ainda citou o ataque ao hospital, em Gaza, que vitimiu 500 civis. “Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos.” É preciso dizer, tanto Israel quanto Hamas negam a autoria deste ataque.

O Ministério da Saúde local acusa Israel de direcionar o ataque aéreo ao hospital al-Ahli Arab, conhecido como Al-Ma’amadani. Já as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atribuem a ação à facção Jihad Islâmico e dizem que hospitais não são seus alvos. A origem do ataque ainda não foi confirmada.

Nota completa do PT:

É totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a Resolução do PT, divulgada ontem, a propósito da situação de Gaza.

O Diretório Nacional condenou, sim, “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel”.

E advertiu que a retaliação do governo de Israel configura “um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil.

Por volta das 15h30 de hoje, enquanto a Embaixada de Israel divulgava sua nota contra o PT, pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza.

Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos.

Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião.

A posição do PT é semelhante à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani: “Não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis [do Hamas]”.

Afirmar que o PT considera “o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima”, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo.

É um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina.

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores

Romênio Pereira, secretário de Relações Internacionais do PT

Brasília, 17 de outubro de 2023

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