IBGE vai estimar o tamanho da população trans, travesti e não binária do Brasil

Trata-se de um importante avanço, no sentido de formulação de políticas públicas específicas para esses grupos

Postado em: 20-10-2023 às 15h46
Por: Larissa Oliveira
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Pela primeira vez, IBGE vai estimar o tamanho da população trans, travesti e não binária do Brasil - Foto: iStock

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela primeira vez na história, vai estimar o tamanho da população trans, travesti e não binária do Brasil. Os dados constarão na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, que teve início no dia 9 de outubro deste ano. De forma inédita, a instituição perguntará sobre a identidade de gênero das pessoas entrevistadas, além de sua orientação sexual.

O questionário do IBGE apresenta seis possíveis respostas para o campo de identidade de gênero. São elas: mulher, mulher trans, homem, homem trans, travesti e não binário. Além disso, haverá um campo “outros” e um espaço para observações. De acordo com a Agência Brasil, todas as alternativas serão acompanhadas de uma breve explicação e a pessoa entrevistada poderá optar por não responder o item.

Já na categoria de orientação sexual, estarão dispostas as opções: lésbica, gay, heterossexual e bissexual. Ademais, também haverá um campo “outros” e outro de “não sabe” ou “não quis responder”. As novas abrangências na pesquisa do IBGE representam um importante avanço para a visibilidade da população LGBTQIAPN+. Assim, facilitará a formulação de políticas públicas específicas para o segmento.

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Demora do IBGE

A inclusão dos campos em pesquisas oficiais de âmbito nacional é uma pauta antiga dos movimentos LGBTQIAPN+. Em 2022, a presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson Sousa, revelou em entrevista ao Brasil de Direitos, que a organização chegou a entrar em contato com o IBGE em 2016, solicitando a inclusão da pauta no Censo Demográfico de 2020.

“O Instituto respondeu que não era possível alterar o questionário àquela altura, faltavam recursos financeiros. Depois disso, entramos em contato com a Defensoria Pública da União, que entrou com um ação civil pública contra o IBGE”, informou. Para Keila, a inclusão de dados sobre identidade de gênero e orientação sexual é necessária para a eficácia da implementação de políticas públicas. “Se você não tem dados específicos sobre cada população, você tem políticas piores”, afirmou à época.

A divulgação dos novos resultados obtidos pelo IBGE está prevista para o último trimestre de 2024. Ao todo, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde vai visitar 133 mil domicílios, em mais de 2,5 mil municípios de todo o país. Além disso, a pesquisa também terá outros focos de importância, como o acesso a serviços de saúde, a realização de pré-natal, e a nutrição das crianças.

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