Operação em Aparecida não deve impactar Vilmar em 2024, avalia cientista

Sem desdobramentos, fato isolado pode não reverberar, argumenta Marcos Marinho

Postado em: 21-10-2023 às 09h30
Por: Francisco Costa
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Ao todo, 15 pessoas foram alvos de operação da Polícia Civil | Foto: Aparecida de Goiânia

Ao todo, 15 pessoas foram alvos de operação da Polícia Civil, na quinta-feira (19), em Aparecida de Goiânia. Apesar de nem todas terem o nome divulgado, o que se sabe é que seriam ligadas ao município. A “Dose Dupla” apura irregularidades na licitação e na execução da obra da nova sede da Câmara Municipal, iniciada há cerca de 4 anos, período em que o hoje prefeito Vilmar Mariano (MDB) presidiu o parlamento (2017 a 2020) – ele, contudo, não estava na lista de investigados. A ação, mesmo não sendo, tem peso político, avaliam analistas. Mas vai passar. 

Na análise do professor e cientista polícia Marcos Marinho, esse fato isolado não deve reverberar até 2024. Ele observa, contudo, que podem haver desdobramentos, mas nada foi provado até este momento. Vale citar, a operação deflagrada pela Polícia Civil cumpriu mandados na casa do ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota) e também do secretário de Desenvolvimento Urbano, Davi Mendanha, além de outros 13 alvos. Computadores e documentos foram apreendidos. 

Nesse aspecto, Marinho observa que, neste momento, a situação gera desgaste para Gustavo e, por causa da proximidade com Vilmar, também para o prefeito. “Mexe com o cenário em que Gustavo é o chancelador de Vilmar. A eleição de Mariano passa pela mão de Gustavo Mendanha”, argumenta ao lembrar que o pleito ainda está distantes.

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Apesar disso, ele admite que o caso, mesmo que não vá para frente, pode ser usado como narrativa pelos adversários em 2024, como o deputado federal Professor Alcides (PL) e o presidente da Câmara de Aparecida, André Fortaleza (MDB). O vereador, vale citar, saiu em defesa de Mendanha, na quinta. Ao Mais Goiás, ele disse ter visto com estranheza o cumprimento de mandados na casa de Gustavo, pois no período que abarca a investigação ele era prefeito, não presidente do parlamento. 

Já Alcides pode, de fato, engrossar o tom. “Pode se valer deste contexto ainda que nada tenha sido provado.” O deputado, inclusive, segue firme no projeto de disputar o paço. Em 28 de outubro, às 11h, ele comemora o aniversário de 70 anos no CEL da OAB e aproveita para lançar a pré-candidatura. O evento tem presença confirmada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de outras lideranças do PL.

Mas de volta ao caso da operação, Marinho observa que, para ela manter a força em 2024, “depende do desdobramento. Ainda está muito distante”. Segundo ele, muito pode acontecer até o período eleitoral. “Mas esse fato isolado não deve reverberar”, reforça e arremata.

Defesas

Embora Vilmar não tenha sido alvo das autoridades, ele emitiu um comunicado, informando que a Câmara funcionava “em um acanhado prédio no Centro histórico” até a chegada dele à presidência, em 2017. “Como presidente da Câmara, Vilmar Mariano, modernizou o Poder Legislativo mudando provisoriamente a sede para um local mais amplo, que desde então recebe a todos com mais dignidade – atual sede do Parlamento municipal. Em ato contínuo iniciou a construção da sede definitiva. A contratação da empresa ocorreu em processo transparente e com lisura total”, esclarece em nota.

Além disso, o prefeito afirmou que, “como homem público”, sempre esteve à disposição dos órgãos de controle da administração pública e respeita o trabalho de todos, “mas entende que não haveria necessidade das buscas e apreensões”. De acordo com Vilmar Mariano, todos os citados sempre estiveram a disposição das autoridades e, sobretudo, porque o processo de construção da sede própria da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia ocorreu com completa honestidade nas ações.

O ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, teve dois computadores apreendidos. Segundo ele, os equipamentos são dos filhos e estavam com defeito. Da mesma forma, ressaltou que não era presidente da Câmara à época dos fatos investigados. “Me causa estranheza e indignação de alguma forma. Sempre me coloquei à disposição da população e dos órgãos de segurança pública para dar quaisquer explicações, se necessário. Acredito que foi um erro processual”, afirmou.

Já Davi Mendanha, por sua vez, informou que teve documentos apreendidos. “Sempre estive à disposição das autoridades para esclarecer qualquer ato público que tomei à frente da Procuradoria-Geral da Câmara Municipal de Aparecida, entre 2017 e 2020, e também como secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, porque pauto a minha atuação no setor público pelos princípios constitucionais da legalidade, moralidade, eficiência”, disse.

Por fim, se posicionou sobre a operação realizada na quinta-feira. “Em relação ao fato investigado pela Polícia Civil, não há qualquer irregularidade na execução das obras da nova sede da Câmara, no período em que trabalhei como Procurador-Geral do Poder Legislativo, estou tranquilo e provarei isso no decorrer das investigações”, finaliza o secretário de Desenvolvimento Urbano.

A Câmara Municipal de Aparecida também enviou uma nota sobre o assunto. Confira a seguir:

“A Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia vem a público esclarecer que não houve qualquer desdobramento nas dependências físicas da sede do Poder Legislativo em relação à operação da Polícia Civil realizada nesta manhã, que abrangeu endereços de pessoas que passaram pela Câmara em gestões anteriores.

É importante salientar que, de acordo com as informações veiculadas pela imprensa, os fatos sob investigação não guardam relação com a atual gestão desta Casa Legislativa. Tais acontecimentos se referem a administrações passadas.

A Câmara de Aparecida reitera seu compromisso com a transparência e a cooperação com as autoridades sempre que necessário e quando solicitado de forma oficial. Continuaremos a acompanhar a situação e permaneceremos à disposição para colaborar, de forma institucional, no esclarecimento dos fatos.

Acreditamos na importância da justiça e da apuração adequada dos acontecimentos para garantir a confiança da população em suas instituições”.

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