Caiado e base aliada não veem vantagem em apoio a Bruno

Lealdade de Bruno em relação ao governo é ‘incontestável’, mas é aí que, segundo palacianos, “mora o problema”

Postado em: 23-10-2023 às 07h25
Por: Luan Monteiro
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Lealdade de Bruno em relação ao governo é ‘incontestável’, mas é aí que, segundo palacianos, “mora o problema” | Foto: Agência Assembleia de Notícias

Palacianos sugerem ao governador Ronaldo Caiado (UB) uma análise minuciosa sobre as eleições de 2024. Nos bastidores do alto escalão do Palácio, o comentário é que o político precisa pensar ‘com carinho’ sobre quem irá ungir para a disputa do ano que vem. Ainda que seja um grande aliado, um dos imbróglios do governo passa justamente pelo nome do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB).

A leitura, segundo as mesmas fontes, é de que Bruno é, de fato, um verdadeiro aliado. O presidente do Legislativo, todos sabem, apoiou o governo, sem hesitar, em momentos cruciais para a gestão. O político foi o líder caiadista de 2019 até o término do primeiro mandato, quando se consagrou presidente da Casa de Leis. A lealdade de Bruno em relação ao governo é quase que ‘incontestável’, mas é aí que, segundo palacianos que falaram em off com a reportagem, “mora o problema”. 

“O governador não ganha nada apoiando o Bruno para a prefeitura”, resumiu um dos nomes consultados. A fonte é defensora da tese de que o governador precisa “conquistar aliados” de olho nas eleições de 2026. “Pense comigo, se o governador apoiar o Vanderlan, ele o traz para a base. Se o governador apoiar, suponhamos, a Accorsi, ele a traz para a base. Se o governador apoiar o Rogério, ele o traz para a base. Enfim, qualquer nome que ele apoiar que não seja, nesse momento, do núcleo duro de seu grupo político, agregará sua base”. 

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Isso quer dizer, segundo o entrevistado, que, em 2026, Caiado teria um time ainda mais musculoso em prol de sua candidatura à presidência caso escolha, agora, um nome para além de seus quadros. E mais: minimizaria, consequentemente, a possibilidade de protagonismo da oposição na disputa ao governo estadual naquele ano, o que ajudaria qualquer que seja o seu candidato. “Se o governador apoiar o Bruno, continuará com mais do mesmo. Ele perderia a oportunidade de levar vantagem quando tem em mãos um poder de barganha enorme”, pontuou. 

E faz sentido. Todos sabem, por exemplo, que o sonho de Vanderlan Cardoso é, sem dúvidas, sentar-se na cadeira de prefeito de Goiânia. Ainda como senador, ele arriscou, com apoio de Caiado – que subiu no palanque do então aliado – mais uma vez a concorrer à cadeira de prefeito de Goiânia em 2020. Vanderlan obteve 47,40% dos votos, ou seja, convenceu 250.036 eleitores de que ele poderia governar a cidade. A diferença era pequena contra o adversário Maguito Vilela que teve 52,60%. 

Passada a eleição, porém, Vanderlan distanciou-se de Caiado, que o esperava no projeto de reeleição logo ali, em 2022 — nos bastidores, o comentário é que Cardoso se desvencilhou em função da decisão ‘antecipada’ do governo em escolher Daniel Vilela para  a vice. Na direção contrária à maioria do seu partido, PSD, Vanderlan apoiou para o governo o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Major Vitor Hugo (PL). O seu partido lançou o presidente da sigla Vilmar Rocha na base caiadista.  

Ainda que Vanderlan tenha, como muitos dizem, ‘traído’ o governador, se Caiado pensar agora de maneira “fria e calculista” — como é costumaz em política — seria melhor para Caiado ter Vanderlan de volta ao time governista do que fora dele. Se tudo for “bem amarrado”, palacianos defensores dessa tese, atestam que Caiado pode sair ainda maior a partir das eleições de 2024. Do contrário, ou seja, caso não decida buscar rotas alternativas para além dos nomes da base, tende a seguir com o mesmo time, sob o risco de ampliar as chances da oposição em 2026.

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