Humberto Machado não deve se preocupar (tanto) com 2024

Em março deste ano, o prefeito de Jataí, no quinto mandato, fez uma brincadeira ao lado do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), mirando um dos projetos mais ambiciosos das últimas décadas de um chefe de executivo goiano: a candidatura à Presidência da República. Humberto, como lembraria depois, o vice-governador e presidente do MDB, Daniel Vilela, de que Caiado deixaria “o palácio que Pedro Ludovico construiu [das Esmeraldas e] se mudar para o palácio que Juscelino Kubitschek construiu [do Planalto]”. 

“Expert em política”, comenta um aliado bem próximo de Humberto Machado ao lembrar que logo ali, em outubro do ano que vem, espreita uma nova eleição municipal. “Ele sabe como construir uma boa coalizão e não vai usar do desespero de que muitos de seus desafetos estão se preparando”, diz ele, sem supor qualquer nome. 

O fato é: Machado, se vai à reeleição outra vez ou não, ninguém pode negar que ele vem forte, com o apoio do presidente do seu partido, Daniel Vilela e do governador Ronaldo Caiado. E isso conta muito em tempos de tantas crises enfrentadas por diversos municípios. E sobretudo quanto à dificuldade de se consolidar uma imagem ante à polarização da mais recente eleição em que se digladiaram representantes da direita, cujo rosto era Jair Messias Bolsonaro, e da esquerda, cujo rosto era Luiz Inácio Lula da Silva. 

“A prova de que Machado é bom mesmo é ele ter conseguido unir em torno de si, do seu projeto, alguns partidos que há tão pouco tempo brigavam tanto”, lembra a fonte, sobre a briga entre União Brasil, MDB e o Partido dos Trabalhadores. O trio, inclusive, sob  a liderança de Lula, na cadeira de presidente, tem atuado em conjunto no governo federal. 

O apoio de Humberto fica ainda mais caldoso em relação a Caiado quando se lembra que foi em Jataí, nas palavras do prefeito, bom de memória, que foi na sua cidade que JK prometeu que levaria ao Cerrado o audacioso projeto de construção e, posterior, transferência da capital do Brasil para logo ali, onde hoje está instalada Brasília. 

Outro ponto, lembrado, com orgulho – e sem detalhes – da atuação de Humberto na campanha em toda a região para a reeleição de Ronaldo Caiado em 2022. “Ele andava por todos os cantos, lembrando o que o nosso governador havia feito em seu primeiro mandato e como ele poderia ajudar ainda mais o povo da roça, do agronegócio, do criador de porco, do homem que tira o leite, do comerciante. Convencia como poucos”, afirma a fonte, ainda. 

Como ele lidava com a polarização. “Tentava não defender lado algum. Parecia saber que Lula tinha chance porque era tudo muito estranho no primeiro turno. Mas é claro que a região gosta muito do presidente Bolsonaro. Mas aqui teve muita ajuda para uma deputada do PT”, diz ele, falando da presidente do Sintego, Bia de Lima, muito identificada com a pauta progressista, da educação e direitos humanos.