PF terá ajuda do FBI em investigação sobre joias recebidas por Bolsonaro

Agora, a equipe de investigadores brasileiros pode acompanhar presencialmente as diligências em território americano

Postado em: 25-10-2023 às 18h33
Por: Larissa Oliveira
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Presentes oficiais recebidos por Bolsonaro durante seu governo - Foto: Miguel SCHINCARIOL /AFP

A Polícia Federal (PF) passou a ter a colaboração do FBI na investigação sobre joias e relógios recebidos por Jair Bolsonaro (PL). Durante o governo do ex-presidente da República, houve um esquema ilegal de venda de presentes oficiais da Arábia Saudita retirados do acervo presidencial. Quem autorizou a participação da PF dos Estados Unidos no caso foi o Departamento de Justiça americano, em Washington, que aceitou integralmente o pedido de colaboração policial internacional proposto pela PF.

O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Polícia Federal (PF) enviou a solicitação de cooperação internacional em agosto deste ano. O pedido prevê a quebra de sigilos bancários de Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle e do tenente-coronel Mauro Cid. Além disso, permite o acesso a diligências em joalherias na Florida, Nova York e Pensilvânia. E também a coleta de depoimentos de testemunhas e suspeitos em território estadunidense.

Agora, a equipe de investigadores brasileiros pode acompanhar presencialmente as diligências em território americano. Nos próximos dias, uma equipe da PF irá viajar aos Estados Unidos a fim de mapear o caminho que os estojos de joias percorreram até serem colocados à venda. Até o momento, as investigações da PF pontuam duas hipóteses para explicar o esquema, ambas ressaltando o papel de Bolsonaro. Conforme os investigadores, houve clara utilização do Estado para obtenção de vantagens.

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Investigação da PF

De acordo com a PF, entre 2019 e o fim de 2022, Bolsonaro, Mauro Cid, Marcelo Costa Câmara (então assessor), Osmar Crivelatti (braço-direito de Cid), Marcelo da Silva Vieira (então chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência) e outros se uniram com o objetivo de desviar, em proveito do então presidente, presentes recebidos em caráter oficial e entregues por autoridades estrangeiras. A PF menciona pelo menos quatro conjuntos de alto valor.

Segundo a investigação da PF, aliados de Bolsonaro, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e o pai dele, Mauro Lourena Cid, teriam negociado a venda das joias e relógios. Além do desvio de presentes oficias, também houve a ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes da negociação. Aliás, tanto a família Cid e quanto a de Bolsonaro possuem contas bancárias nos Estados Unidos, conforme relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde que o caso das jóias sauditas veio à tona em março deste ano, alguns itens foram reencontrados. Como um conjunto da marca Chopard e um relógio Rolex. Contudo, a investigação da PF suspeita que outras peças, ainda não divulgadas, tenham sido comercializadas. Não há conhecimento, por exemplo, do paradeiro de um relógio de luxo da marca Patek Philippe. A defesa de Bolsonaro alega que não houve venda ilegal de joias e que havia o entendimento de que os presentes seriam itens personalíssimos. Portanto, o acervo público não deveria incorporá-los.

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