Caiado diz que vai buscar apoio de Bolsonaro para disputar presidência em 2026

Governador demonstrou interesse real na disputa ao Planalto: “Todos os partidos vão colocar nomes para disputar a eleição e, sem dúvida, meu nome será colocado"

Postado em: 26-10-2023 às 08h30
Por: Francisco Costa
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Governador demonstrou interesse real na disputa ao Planalto: “Todos os partidos vão colocar nomes para disputar a eleição e, sem dúvida, meu nome será colocado" | Foto: Alan Santos

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) deu uma longa entrevista ao Metrópoles, na terça-feira (24) – publicada na quarta-feira (25). Como não poderia faltar, o gestor falou sobre o futuro político. Apesar de “cuidadoso”, ele demonstrou o interesse real de disputar a presidência da República em 2026, além do interesse no apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Já passei pela Câmara, pelo Senado e agora concluo meu segundo mandato de governador e não posso mais [disputar a reeleição]. Eu sou de um partido, que é um grande partido, o União Brasil. Todos os partidos vão colocar nomes para disputar a eleição e, sem dúvida, meu nome será colocado”, declarou.

Ele disse, ainda, que, entrando na corrida eleitoral, espera contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível. “Se eu tiver sucesso em uma candidatura, se eu for indicado, é lógico que vou buscar o apoio dele [de Bolsonaro].”

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Sobre o relacionamento com o ex-presidente, Caiado cita que este não é de agora. “Fui parlamentar por 24 anos, o mesmo período que ele foi. A convivência sempre foi muito respeitosa, mas guardo muito minha independência. Valorizo meus princípios e minha consciência.” Neste momento, o governador lembrou das divergências que ambos tiveram durante a crise pandêmica da Covid-19, quando os gestores se estranhavam na condução das gestões.

O chefe do Executivo estadual falou, ainda, sobre o pleito de 2022, quando Bolsonaro teve um candidato em Goiás – Major Vitor Hugo (PL). “Respeito. Nem por isso deixei de apoiar no segundo turno – estava polarizado entre ele [Bolsonaro] e o Lula.” Inclusive, enfatizou que sempre recebe Bolsonaro em Goiás e receberá, assim como faz com os ministros do governo federal. “Eu tenho o meu estilo de governar, ele tem o dele. O Lula tem o dele, Michel Temer, Fernando Henrique…”

Para viabilizar

De acordo com ele, para viabilizar a candidatura é preciso ter capacidade de aglutinar outros partidos e do nome atingir o sentimento da população. Ele pontuou, ainda, que enxerga ter chegado a essa posição com a faixa de idade atual – Caiado tem, atualmente, 74 anos. “Tenho condição de mostrar o que o Ronaldo Caiado fez na política nacional”, referiu a ele mesmo na terceira pessoa e reforçou que sempre se dedicou a mostrar a trajetória e os valores. 

“Não tenho nada que depõe contra minha trajetória. Se eu tiver essa oportunidade e o partido me convocar, eu não me furtaria ao debate. É uma posição que, modéstia à parte, todos esperamos chegar, e eu não suprimi nenhuma etapa. Se tiver essa oportunidade, seria um sonho concretizado. Conheço todos os estados e é um País lindo. Conheço o Brasil, não da teoria, mas as peculiaridades”, argumentou.

Ainda segundo ele, se colocará no jogo sabendo das regras e irá cumpri-las. “Vou me esforçar para ser um bom aluno”, brincou. Sobre mudar de partido, caso o União Brasil não lhe dê condições, Caiado diz que não vislumbra a possibilidade. Ele reforça que existe um bom grupo dentro da legenda e o necessário é buscar alianças e composições. O governador de Goiás, inclusive, acredita em uma grande aliança da centro-direita para 2026.

Governo Lula

O União Brasil faz parte da base do governo Lula (PT). Sobre isso, o governador Ronaldo Caiado lembrou que, com mandato, é o político com maior tempo de oposição ao PT. Esta teve início ainda nos anos 1980, durante a preparação da constituinte. “Preservamos o direito de propriedade, quando o PT queria estatizar.”

Ele reforça, também, que apoiou a candidatura de Bolsonaro, mas que é um chefe de Executivo de Estado e que precisa entender o que é pessoa física e campanha, e o que é o governador. “A convivência tem sido respeitosa, tranquila, me dirijo sempre aos ministros de governo. Chegando lá, apresentando minhas reivindicações, demonstrando preocupações, solicitando o que é prerrogativa”, detalha.“

Eu fui governador e sei o que foram nove meses de governo. Não serve como parâmetro. Mas conseguiu um bom relacionamento com a classe política, implantou reformas que vejo como positivas… Se me perguntar pontos que divergi, como o arcabouço (teto de gastos), eu não sairia… Então está buscando condição de governabilidade”, evitou aprofundamento ao avaliar a administração federal. 

União Brasil

Sobre o União Brasil, ele afirma que haverá uma reunião da Executiva em 6 de novembro e será marcada a data da antecipação da eleição para começo de fevereiro. “Não quero e nem tenho pretensão de antecipar, mas o partido precisa ter posição e se expressar.” Ele enfatiza que a legenda vai definir como se comportar perante a política, seja por meio de ministérios ou votações no Congresso.

Caiado também ressalta que, apesar do União Brasil estar no governo, ele não é necessariamente base. Como exemplo, ele voltou com a informação que o governo Bolsonaro também teve ministérios, mas que não era oficialmente base.

Reforma tributária

Ainda na entrevista, Caiado voltou a criticar a reforma tributária, que atualmente tramita no Senado. “Essa reforma tributária é oposto que Juscelino Kubitschek pensou na vida dele”, começou.

“De repente a reforma transfere todo o desenvolvimento para o sul e sudeste. Lá tem como crescer? Não, mas tem consumidores. Quando estamos no máximo do desenvolvimento – todos os economistas: ‘Centro-Oeste é primeiro lugar’, ‘Goiás está deslanchando’, ‘desigualdade regional vai acabar em decorrência do avanço da agropecuária e industrialização dos produtos’ –, aí vem uma reforma tributária que tira tudo que produzimos aqui, transfere nossos fundos de fomento para uma região que tem mais pessoas para consumir. Como Goiás tem 7 milhões de habitantes não vai competir com sul e sudeste”, emendou.

Para ele, o governo federal deveria fazer a proposta dos tributos federais: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). “E nós, tivéssemos uma regularização e nova legislação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Vamos corrigir e colocar na forma que seja realmente compatível com o crescimento do País. Agora pegar arrecadação de todos os estados e municípios, e jogar dentro de um conselho, aí não posso aceitar.”  Existe a discussão de um imposto único para todo o País, o IVA, e Caiado é contrário. 

Eleições municipais

Acerca do pleito de 2024, Caiado aponta que inovou nessa parte. Ele diz que soube conviver “maravilhosamente bem” com a diversidade de partidos. “Se é partido aliado, porque disputaria com ele com o meu partido?”, reforçou que não impõe filiação. “Nunca usei meu mandato para deixar de fazer programas sociais, nunca direcionei. Faço campanha, peço voto, mas respeito o voto do eleitor. O eleitor decidiu um prefeito, eu vou governar com ele.  Por que vou penalizar a população?”

Em Goiânia, é preciso mencionar, o governador Ronaldo Caiado tem evitado qualquer manifestação. Hoje, nomes como o do atual prefeito, Rogério Cruz (Republicanos), e do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado estadual Bruno Peixoto (União Brasil), buscam o apoio do gestor.

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