Novas linhas de ônibus são criadas, mas problemas continuam

Mais da metade dos mais de seis mil pontos de embarque na Grande Goiânia não possui abrigos

Postado em: 05-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
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Mais da metade dos mais de seis mil pontos de embarque na Grande Goiânia não possui abrigos

Gabriel Araújo*

A criação de seis novas linhas de ônibus em Goiânia reacende velhos problemas enfrentados pelos usuários do transporte público. Os pontos de ônibus da Capital e Região Metropolitana estão sucateados, por exemplo. De acordo com dados da Rede Metropolitana de Transporte Coletivos (RMTC), somente a Capital tem mais de 1.400 pontos que não possuem abrigos, o que representa 42% do total. Além disso, é possível encontrar, em diversas regiões, pontos com abrigos comprometidos, em que as estruturas estão danificadas e não são seguros para a população.

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No último mês de janeiro, a Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) definiu a transferência do gerenciamento dos abrigos para os órgãos municipais. A ação partiu de uma proposta do atual secretário de Trânsito, Fernando Santana, e definiu que as prefeituras passem a cuidar dos abrigos de ônibus de cada cidade sem o apoio da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e RMTC.

De acordo com a prefeitura de Goiânia, em nota enviada ao O Hoje após questionamentos sobre pontos danificados, os trabalhos de reforma e implantação de abrigos devem começar ‘em breve’. “A Secretaria Municipal de Administração já finalizou o processo licitatório para a construção e reforma de 723 pontos de ônibus na Capital. O contrato já está com a empresa vencedora da licitação e será assinado nos próximos dias. A expectativa é que a empresa inicie as obras agora no mês de setembro”, afirmou a nota.

Segundo observado pelo Plano de Desenvolvimento Integrado, os pontos devem ser equipados como abrigo, iluminação própria, banco, lixeira, mapas e informações operacionais sobre a rede de transporte, o que é raro. Ao observar alguns pontos da cidade, é possível perceber que em muitos locais, mesmo com o ponto, é impossível mesmo sentar para aguardar os ônibus.

Menos passageiros

Quando houve a mudança na configuração do sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia, por volta de 2006, as concessionárias contavam anualmente com mais de 235 milhões de usuários. Porém, esse número vem caindo todos os anos, uma pesquisa aponta que, de 2008 a 2016, mais de 26% dos passageiros médios abandonaram o sistema. 

Isso representa que mais de 61 milhões de viagens que deixaram de ser realizadas por ano. Apenas nos dias úteis, o índice é de queda em 22%, mas o pior ocorre aos domingos e feriados, quando quase a metade (47,3%) dos usuários deixa de utilizar os ônibus.

A queda do numero de passageiros, em conjunto com o aumento nos custos do transporte são os principais responsáveis tanto pela qualidade quanto pelo valor cobrado. Para o especialista em transporte, Antenor Pinheiro, o usuário goiano acaba sendo responsável por todo o custeio do transporte. “Por aqui a tarifa paga pelo usuário continua financiando o custeio do serviço, a manutenção dos terminais, a estrutura do órgão gestor (CMTC) e as gratuidades. Por isso o valor da tarifa é sempre alto”, afirmou em entrevista ao O Hoje.

O aumento do valor cobrado pela passagem do transporte coletivo da Grande Goiânia foi definido em contrato na segunda metade da última década, quando novos contratos foram firmados entre o Poder Público e as empresas concessionárias responsáveis pelo transporte de passageiros.

O atual contrato autoriza as empresas a reajustarem o valor da tarifa anualmente, conforme o aprovado pela Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), que é constituída por onze representantes do poder executivo e legislativo das cidades que integram a Rede Metropolitana de Transporte do Estado, além de membro da CMTC e da Agencia Goiana de Regulação (AGR).

No último mês de fevereiro, logo após o reajuste do valor da passagem, O Hoje entrevistou o professor Marcos Reuthen, especialista em transporte urbano do Instituto Federal de Goiás. Em reportagem publicada no primeiro dia de fevereiro, o especialista afirmou que outro problema comumente relacionado ao valor das passagens é o desperdício e falta de planejamento. “As empresas desperdiçam muito dinheiro por terem uma oferta irregular, facilmente pode-se ver dois ou mais ônibus da mesma linha passando em um curto intervalo de tempo vazios. Veículos que passam depois do horário apenas para realizar a viagem, mesmo não tendo passageiros, são comuns, outro desperdício”, completa.

 

Inauguração de linha ocorre nove anos após solicitação de estudantes 

A Redemob, consórcio de empresas que operam o transporte coletivo na Capital, e a prefeitura de Goiânia anunciaram nesta semana a criação de seis novas linhas que buscam diminuir o tempo de percurso e facilitar o deslocamento dos usuários. As novas rotas serão implantadas de forma gradativa até o próximo dia 31 de outubro. A primeira linha, número 933, passou a funcionar ontem (4) e liga o Terminal Padre Pelágio ao Campus II da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Ao todo, as seis novas linhas vão representar mais 11,5 mil quilômetros rodados diariamente, além de 44 mil novos lugares. A próxima linha a ser inaugurada será a 931, que inicia a circular na semana que vem e ligará o Terminal Praça da Bíblia ao Setor Jaó, passando pelos setores Jardim Guanabara e Vale dos Sonhos.

O presidente da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia (RMTC), Fernando Meirelles, afirmou durante o lançamento que o trabalho técnico foi extenso e necessário para a criação de novas rotas. “Todo investimento em transporte público, como a criação de novas linhas que vão ampliar e facilitar a locomoção dos goianienses faz parte de um comprometimento para que Prefeitura acompanhe o desenvolvimento e crescimento da cidade”, disse.

As outras cinco linhas, assim como a 931, possuem rotas de ligação entre diferentes regiões da Capital. O objetivo da implantação destas rotas é interligar alguns dos setores que mais cresceram nos últimos anos sem precisar passar pela região central de Goiânia, o que evita não somente a ampliação do trânsito, mas diminui o tempo médio das viagens. A programação é que, além das duas linhas já comentadas pela reportagem, rotas passem a ser utilizadas nos dias 19 e 26 deste mês, com a estreia das linhas 934 e 930, respectivamente. Estas linhas ligam o Terminal Isidória ao Recanto as Minas Gerais, no caso da linha 934, e o Recanto do Bosque ao Terminal Bandeiras.

As duas últimas linhas começam a funcionar no próximo mês de outubro, nos dias 17 e 31, ligando o Terminal Vera Cruz ao Terminal Bandeiras e o Conjunto Vera Cruz II ao Centro da Capital. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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