Bolsonaro surge como trunfo para a disputa em Aparecida

A chegada do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), trunfo-mor do deputado federal Professor Alcides (PL) na disputa pela prefeitura de Aparecida ano que vem, causou um alvoroço que ex-morador do Palácio da Alvorada, em Brasília, está acostumado: cerco de seguranças, aperto de apoiadores e os evocativos de “mito”. Com a presença de duplas sertanejas, como Nerildo e Nerivan, no Cel da OAB, em Aparecida. 

Era sábado, dia 28, mas a data mesmo do nascimento do homem foi no dia 25: ele completou 70 anos. Na cidade limítrofe da capital, Professor Alcides passeia pelo trieiro que formou em torno da carreira de, como diz o nome que carrega às urnas, de professor – uma antonomásia poderosa. 

E foi assim que, como ouviu “mito” por algum tempo, o “professor” foi ecoado depois que ele, emocionado, agradeceu à presença do aliado da elite do PL, partido pelo qual filiou-se em abril de 2022, pouco tempo antes de um, até então, importante aliado na cidade, Gustavo Mendanha, lançar–se oficialmente à candidatura ao governo. 

No palanque lotado de políticos, de vereadores de Aparecida, prefeitos, deputados estaduais e federais, Túlio Isaac tentava organizar o grupo para dar início às apresentações. Bolsonaro tomou o microfone do senador Wilder de Morais e o próprio ex-presidente distribuiu tempo para Gustavo Gayer, Wilder, Professor Alcides e a si próprio. 

Depois de prestar conta do governo, com o que vem repetindo em cada oportunidade – entre outras coisas, de que criou o PIX -, elogiou o aliado aniversariante, passando a ele um bolo que surgiu em meio às pessoas. Explicitamente, a presença de Bolsonaro no evento, transmite a ideia de apoio. Um detalhe no discurso pareceu, contudo, que as coisas dependem de vários fatores. Bolsonaro apitou fraco. Disse que o ato ali demonstrava “intenção”, “não lançamento de pré-candidatura”. 

A satisfação da presença ilustre tem argumento. Qualquer cientista político, independentemente de qual ala ideológica tem mais tendência, de direita ou esquerda, reconhece a força eleitoral do ex-presidente Bolsonaro, inelegível até 2030. “É”, como suspiro um apoiador, “a chance do Professor” no pleito do ano que vem, indo na contramão do projeto de reeleição do atual prefeito da cidade, Vilmar Mariano (MDB). 

Há 46 anos ele está acostumado a pedir votos pela cidade. Em 1976 ele recebeu 594 votos e foi eleito vereador em Aparecida. Satisfeito, tentou, pela primeira vez, ser prefeito na cidade, em 1982, mas não foi eleito por ter tido 1.382 votos. 

Em 1996, voltou à disputa, mas perdeu de novo: obteve 18.595 votos. Enquanto os negócios com a educação iam bem, ele tentou, em 1998 (11.013 votos) e 2002 (16.441 votos), candidaturas à Câmara Federal, mas permaneceu na suplência. E foi assim em 2006, quando obteve 16.212 votos para a Alego.

Em 2014, os olhos do Professor brilharam quando acabou na vice da chapa de Vanderlan Cardoso ao Palácio das Esmeraldas. A dupla teve 474.090 votos. 

Dois anos depois, concorreu, contra o então vereador, Gustavo Mendanha, e apadrinhado político de Maguito Vilela, outra vez à prefeitura. Teve 38.194 votos. A votação contribuiu para dar mais verve política ao professor, que foi eleito à Câmara Federal em 2018, quando conseguiu 88.545 votos. Recém-eleito, declarou apoio, no segundo turno, a Jair Messias Bolsonaro, que derrotada o candidato petista Fernando Haddad.  

Professor Alcides manteve-se fiel escudeiro de Bolsonaro nos quatro anos que se seguiram ao mandato presidencial, ganhando respeito de nomes bons de de briga de goianos bolsonaristas, como o deputado federal Gustavo Gayer e o deputado estadual Fred Rodrigues – presentes na festa deste sábado. Professor Alcides foi reeleito deputado federal em 2022, com um pouco mais de vantagem, com 90.162 votos.