Ronaldo Caiado no PL: um projeto tão real quanto incerto

Os políticos profissionais sabem e são quase unânimes em dizer que a boa política não se constrói com o coração e sim com o cérebro. Se uma parcela – sem dúvidas minoritária – discorda desse entendimento, com certeza concorda com o lema-mãe desse universo que diz: “em política, tudo é possível” . 

A junção dessas duas máximas dá subsídio suficiente a uma analogia que, hoje, aos olhos de muitos parece improvável: o governador goiano, Ronaldo Caiado, pode se filiar ao PL, de Jair Bolsonaro. O gestor quer, e todos sabem, se tornar o representante da direita brasileira em 2026. Não é de hoje que ele dá sinais de que trabalha pautado por esse objetivo. 

Em paralelo a esse desejo que pulsa em Caiado, o ex-presidente está inelegível. As chances do status do político mudar antes de 2030 são pequenas, já entendem alguns aliados. Dito isto, membros do PL goiano afirmam que o governador goiano é a melhor opção para a disputa à presidência em 2026. 

É preciso destacar também que o presidente estadual da sigla, senador Wilder Morais, já trabalha uma reaproximação com Caiado –  vale lembrar, o político já foi secretário do governador e teve o apoio do mesmo como vice na chapa de Vanderlan Cardoso (PSD), na disputa em Goiânia, em 2020.

A construção de 2026, vale ressaltar, passa por 2024. Bolsonaro já disse que quer fazer mil prefeitos pelo País. Goiás, Estado que deu vitória a ele na eleição de 2022, terá destaque nesse processo.

Além de contar com o prestígio da alta cúpula do PL, o governador, é inegável, tem feito o dever de casa ao se posicionar de maneira firme em pautas caras. Caiado ganhou protagonismo nacional ao se levantar como voz antagônica à reforma tributária. O gestor também tem se empenhado em garantir destaque nacional ao trabalho desempenhado em prol da segurança pública. 

Esses são apenas dois dos diversos motivos que a direita bolsonarista tem para enxergar em Caiado à possibilidade de se viabilizar representante. O governador já disse em entrevistas recentes que vai trabalhar para ter o apoio do ex-presidente em 2026. Se conseguir, será, certamente, a melhor de todas as chances que teve ao longo de sua trajetória política de se consagrar presidente do Brasil. 

Há quem insista em apostar as fichas no nome de Tarcísio de Freitas. (Republicanos). Acontece que Tarcísio, diferentemente de Caiado, poderá buscar a reeleição naquele ano. E, de novo, um ditado: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. E é justamente nesse contexto que Caiado se destaca. Se quer se manter influente a partir de 2026, independente de conseguir recuperar a presidência, o bolsonarismo não pode perder São Paulo, o não populoso e economicamente pujante estado brasileiro.

Mas de volta aos planos de Caiado, o governador disse, como dito, que quer o apoio de Bolsonaro em 2026. Isso dá ao ex-presidente poder de barganha. Em paralelo, o time bolsonarista não esconde de ninguém o desejo em engrossar as fileiras do PL tendo em vista atropelar a esquerda em 2026. Diante desse cenário, a pergunta que fica é: e se o ex-presidente condicionar seu apoio à filiação de Caiado ao partido? A aposta da maioria dos consultados é que Caiado não titubearia.

Independentemente do rumo que tomará o destino de Caiado nesse processo, Goiás demonstra entusiasmo com a aliança. Em uma das últimas passagens de Bolsonaro por Goiânia, quando recebeu o título de cidadão goiano na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), diversas manifestações pela união do ex-presidente com o governador foram registradas. Dentre os entusiastas, destaca-se: Gustavo Gayer, Vitor Hugo e Wilder.