PT terá dificuldades de fazer composições em Goiás?

Cientista político reconhece que, para ganhar, é preciso ter capacidade de formar chapas fortes, mas, sobretudo, mostrar ao eleitor que é capaz de solucionar seus problemas

Postado em: 08-11-2023 às 08h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: PT terá dificuldades de fazer composições em Goiás?
A dificuldade nos municípios goianos pode, sim, concentrar-se na questão do perfil mais conservador do goiano, influenciado pelo agro | Foto: Marcelo Camargo/ABr

Enquanto a executiva nacional do Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tateia as possibilidades de construção de chapas nas principais prefeituras do País, Goiânia já tem o nome que vai aparecer nas urnas para a corrida eleitoral pelo Paço Municipal, em 2024. 

Trata-se da deputada federal Adriana Accorsi. O problema, no entanto, é quem vai compor uma base consistente para apoiá-la, tendo em vista que, na capital, há um nevoeiro de oportunidades para alguns nomes bem aceitos pelo Palácio Pedro Ludovico, na figura do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). 

E, claro, outros com pretensões que vão além da disputa pelo prédio no Park Lozandes onde, atualmente, despacha o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). 

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A dificuldade, ainda, do PT goiano é quem contar na disputa do ano que vem tendo em vista que os olhos da maioria de quem vai às urnas concentrar-se-á no pleito de 2026 e, quiçá, 2030. É o caso de Vanderlan Cardoso (PSD). Presidente da legenda, Cardoso tem sempre um futuro incerto. Atualmente senador, o seu partido, embora tenha lá sua influência no governo estadual, quer ter independência pois, caso não vença a prefeitura, deverá concorrer ao governo contra o atual vice-governador, Daniel Vilela. 

E a história se repete em praticamente todas as capitais onde o partido de Lula da Silva tenta encontrar brechas para chegar a um consenso. O repórter Francisco Costa, inclusive, explicou, e muito bem, como a engenharia tem sido difícil nestas praças em um texto recente. 

Além da cidade goiana, o partido deve lançar cabeça de chapa majoritária em, pelo menos, outras 11 capitais. São elas: Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Vitória (ES), Aracaju (SE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Natal (RN), Fortaleza (CE), Teresina (PI), Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS).

Alguns nomes são: as deputadas federais Maria do Rosário (Porto Alegre) e Natália Bonavides (Natal); e os deputados estaduais Fábio Novo (Teresina), o deputado estadual e ex-prefeito João Coser (Vitória). Ainda há outras possibilidades, como em Belo Horizonte (MG) com o deputado federal Rogério Corrêa e em Florianópolis (SC) e Salvador (BA).

De qualquer forma, há quem acredite, piamente, que as eleições dependem de algo que lembre 2018 e 2022, quando, nas eleições presidenciais, houve a quase interminável contenda entre direita – com Jair Bolsonaro – e esquerda – com Lula da Silva. 

O cientista político Marcos Marinho, contudo, discorda veementemente durante conversa com o repórter do O Hoje. “O voto municipal é pragmático, mais de proximidade com o eleito. Vai depender do contexto local. O voto municipal é um voto de ideias próprias. É necessário a composição de forças políticas”, arremata ele. 

A dificuldade nos municípios goianos pode, sim, concentrar-se na questão do perfil mais conservador do goiano, influenciado pelo agro. Existe exceção, contudo. Como em Anápolis. “Tem a ver com a história. Antônio Gomide tem história na cidade”, cita ele um exemplo petista. 

Para fazer um paralelo, Marcos Marinho, que, além de ser atuante na área de marketing político e ser professor da PUC Goiás, lembra do MDB que, para ele, seria estranho perder na maioria dos municípios por ter se preocupado, ao longo dos anos, de criar uma base, uma identificação, o que, o PT teria ignorado. 

Ele finaliza, por outro lado, dizendo que, o que o eleitor quer mesmo é um prefeito. Prefeito leia-se aquele que vai resolver os problemas mais próximos do eleitor, como a rua esburacada, a falta de vaga na creche e a falta de professor na escola do filho que estuda na primeira série. 

“A cabeça do eleitor tem algum nível de pragmatismo, principalmente majoritária. Não é porque o candidato A é do partido do B que se vota nele. Da mesma forma à direita e à esquerda. A pessoa vota por acreditar quem tem a entrega. A pessoa vota no prefeito e na prefeita em que ela acredita que vai ter entrega”, discorre. 

Para ele, o candidato precisa mesmo é mostrar ao eleitor que ele será capaz de chegar aos cofres que estão sob a gestão do governador e do presidente por meio de influência. “O eleitor quer apenas o problema dele finalizado. Quer o asfalto, a escola, o posto de saúde. O cidadão comum não quer saber quem veste rosa ou azul. O prefeito consegue resolver o problema? Pode até ser simpático, mas o eleitor sabe quem são os políticos porque tem relação com o poder por conhecer a família”, diz.

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