Sem sangue novo, grandes partidos amargam dificuldade de chegar ao poder

Tempo passou e trouxe consigo uma conta cara àquelas que não se preocuparam em abrir espaço para a formação de novas lideranças

Postado em: 13-11-2023 às 08h17
Por: Felipe Cardoso
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Tempo passou e trouxe consigo uma conta cara àquelas que não se preocuparam em abrir espaço para a formação de novas lideranças | Foto: Arquivo/ABr

Diversos partidos políticos importantes no estado de Goiás cometeram, ao longo dos últimos anos, o mesmo pecado. A interpretação de jornalistas, especialistas, entusiastas e até dos próprios políticos, é que enquanto o nome de alguns ‘caciques’ foram evidenciados, figuras importantes aqui e acolá não se atentaram ao fator tempo.

O tempo, como comumente é dito pelos mais velhos, é o senhor de todas as coisas. Na política não poderia ser diferente. Esse tal tempo chegou para algumas siglas e trouxe consigo uma conta cara àquelas que não se preocuparam em abrir espaço para a formação de novas lideranças ou não deram a devida atenção àqueles que sonhavam em, um dia, chegar ao protagonismo da política. 

Na última semana, por exemplo, o jornal O Hoje recebeu a visita do jovem político Felipe Cecílio (MDB), que foi candidato pela primeira vez aos 22 anos, em 2022, e obteve mais de 15 mil votos nas urnas. Ele terminou a disputa na segunda suplência de deputado federal. Durante bate-papo com jornalistas do grupo, o político comentou a situação enfrentada pelo partido – que muito se assemelha a de alguns adversários. 

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Antes, porém, é importante lembrar que o MDB figurou na esmagadora maioria das eleições em Goiânia como protagonista. Agora, no entanto, amarga a ausência dos grandes líderes. 

“O número de líderes realmente fortes que Iris, Maguito [Vilela], e até meu avô [Mauro Miranda] deixaram é pouco. Daniel, é vice-governador e não pode, nesse momento, abrir mão de um projeto tão importante; Gustavo Mendanha não pode ser candidato por conta da eleição que concorreu em Aparecida, ou seja, criaram apenas dois líderes e uma hora a conta chega, como agora onde nenhum dos dois podem [concorrer à prefeitura de Goiânia]”, avaliou. 

O político reconhece que nem ele nem Jânio Darrot (MDB) — outro pré-candidato do partido ao Paço — possuem o peso dos nomes de Iris e Maguito, porém, afirma sem qualquer medo de errar, que ambos possuem as melhores pretensões.

A mesma situação se aplica ao ninho tucano. O PSDB, partido pujante até o ano de 2018 no estado, se esfacelou desde as eleições daquele ano. Com a saída de Marconi Perillo do protagonismo, a sigla amargou a dificuldade de se manter no poder quando o tucano-mor já não podia concorrer. Os membros do PSDB goiano até tentaram, aos 45 do segundo tempo, emplacar um sucessor e se esforçaram como nunca para colocar o governador em exercício daquele ano, José Eliton, em um lugar de destaque. Falharam na corrida contra o pouco tempo que tinham. 

Depois de um hiato de cinco anos, o partido parece ter entendido que para sobreviver precisa romper a bolha do marconismo e se dedicar à formação de caras novas que possam representá-lo à altura. Nos últimos anos, a sigla tem se dedicado à consolidação do jornalista Matheus Ribeiro que, pelo PSDB, bateu a trave na disputa ao cargo de deputado federal em 2022. Ele é primeiro suplente e deve concorrer à prefeitura de Goiânia nas eleições do ano que vem. Nesse contexto também vale mencionar  o nome da vereadora Aava Santiago. Presidente da sigla em Goiânia, a jovem tem se destacado nas articulações políticas com a bênção do ex-governador. 

No PT o cenário se repete. Desde a saída de cena do ex-prefeito da capital, Paulo Garcia, o partido, por mais orgânico que seja, sofre pelo distanciamento do poder. A sigla se fez presente em todas as últimas eleições desde o falecimento de Paulo. Em todas elas foi representado por um único nome: o da, hoje, deputada, Adriana Accorsi.

Às vésperas da eleição 2024, o partido tomou um ‘choque de realidade’ quando Adriana demonstrou desinteresse em concorrer. Na ocasião, a sigla, assim como o MDB, se deparou com um vazio de lideranças consolidadas e uma redução considerável das expectativas de vitória havendo qualquer outro nome na corrida. Diante desse cenário, uma força tarefa buscou não apenas mostrar à deputada que ela é a única alternativa competitiva do partido como convencê-la a repensar. Conseguiram. Adriana recentemente confirmou que estará, mais uma vez, nas eleições municipais.

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