Segurança, o debate que permanece aceso para 2026

Pauta fica acirrada quando o ministro da Justiça Flávio Dino é colocado na parede por cortes de investimentos no combate ao crime

Postado em: 14-11-2023 às 10h30
Por: Yago Sales
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Amedrontados desde sempre, a população tem, no discurso político, algum tipo de segurança, mesmo que paliativa, para os próprios problemas | Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles.

A insegurança ainda é um gargalo para qualquer governo. Em qualquer das três esferas. É raro um dia em que não haja no noticiário algum assassinato misterioso, uma apreensão e prisão de traficante, assaltos – às vezes seguidos de morte – e tantos outros crimes organizados no Código Penal Brasileiro. 

Concomitante ao trabalho das polícias militares, rodoviárias, federais e civis, no dia a dia, há ainda o cuidado com todo o aparato da segurança pública que, ainda, tem que cuidar da administração carcerária. Amedrontados desde sempre, a população tem, no discurso político, algum tipo de segurança, mesmo que paliativa, para os próprios problemas. 

Alguns filósofos e sociólogos discutem frequentemente a pauta de segurança. Dados são reunidos, divulgados e repercutidos pela imprensa. Mas, em algum momento, o debate fica em torno da política, sobretudo no espectro administrativo. O consenso, contudo, é que é difícil conseguir conduzir, no Brasil, com Código Penal muito fragilizado e aplicações muito aquèns, uma política de segurança efetiva. 

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Por isso, no caminho rumo aos processos eleitorais, é comum que a oposição, seja de direita ou esquerda, aponte soluções na maioria das vezes inaplicáveis ou apenas no discuro eleitoral. 

Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), desde o início do seu primeiro mandato, em 2018, sinalizou que pautaria o discurso, e a prática de suas tropas, para tolerância zero para quem ultrapassasse a linha ténue entre o certo e o erro, a legalidade e ilegalidade. O mantra, “ou bandido muda de profissão ou de Goiás”, foi repetido em qualquer oportunidade que o governador pudesse fazê-lo. 

A bandeira da segurança pegou. Parte da opinião pública fora dos 340.086 km² que permeiam o estado tem uma dimensão do que o governador goiano diz. Não é raro que noticiários mostram que na maioria das vezes o bandido não se dá bem diante das polícias goianas, sobretudo a investigativa que usa de tecnologias e inteligências para identificar e prender. 

E há, claro, a ostensiva. Basta ver a agilidade com que policiais militares conseguiram interceptar o casal bandoleiro na Hilux branca depois de receber, na carroceria, droga de um avião em uma das fazendas do cantor Leonardo. 

A ostensividade poderia estar no DNA da direita, o espectro político-ideológico de Caiado, mas está igualmente impregnada em outros governos, como de Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores, na Bahia. 

Por isso, diante da insistência de um poder paralelo – há quem acredite que não exista um poder paralelo, pois também tem que esteja no estado e ligado ao crime – de permanecer mandando no Rio de Janeiro, haja uma pressão sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Além de Lula, claro, de seu ministro mais popular, Flávio Dino, da Justiça. Dino, inclusive, conta com a experiência de governador do Maranhão, estado que amarga, desde há muito tempo, grandes problemas sociais e, muito por isso, nas questões de segurança pública. 

Dino tem sido fortemente criticado por cortes em recursos que seriam destinados ao combate à criminalidade. Alguém, com voz sábia, o associou, ironicamente, claro, àquele ex-ministro de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, que, na pasta de Meio Ambiente, fez o possível para destruir qualquer tipo de política de preservação. 

A situação ficou ainda mais feia nesta segunda-feira, dia 13, quando foi divulgado que a mulher de um líder de facção do Amazonas percorreu o ministério da Justiça, fazendo selfies e posando junto de assessores do ministro. Foi o mote para a direita cair “matando”.

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