Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Zé Eliton (PSDB) e Ronaldo Caiado fazem embate em Rádio

Governador não focou apenas nos ataques, mas aproveitou oportunidade para mostrar ações eprogramas implantados no Estado

Postado em: 13-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
Imagem Ilustrando a Notícia: Zé Eliton (PSDB) e Ronaldo Caiado fazem embate em Rádio
Governador não focou apenas nos ataques, mas aproveitou oportunidade para mostrar ações eprogramas implantados no Estado

Venceslau Pimentel*

Os candidatos ao governo de Goiás, José Eliton (PSDB) – que disputa a reeleição – Ronaldo Caiado (DEM), Daniel Vilela (MDB), Kátia Maria (PT) e Wesley Garcia (Psol), em debate na Rádio Sagres 730, tiveram, por duas horas, a oportunidade de apresentar suas propostas. Mediado pelo jornalista Rubens Salomão – que também é colunista do Jornal O Hoje – o debate começou com perguntas feitas aos candidatos por eleitores presentes no estúdio da emissora. Nos demais blocos candidatos fizeram perguntas entre si, com direto a réplica e tréplica.

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Mais uma vez, temas como saúde, educação e segurança dominaram a discussão, mas o clima ficou quente durante determinado tempo do debate, quando os adversários escolheram o governador como foco de questionamentos. Mas houve um embate particular entre Eliton e Caiado, quando o democrata disse que, se eleito, vai enviar um projeto de lei à Assembleia Legislativa,extinguindo a 3ª classe de soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, por conta do salário inicial de R$ 1,5 mil.

“Fico impressionado com o oportunismo político, mas esses esquecem os números. Caiado não conhece os números de Goiás, não sabe sequer de onde vai tirar recursos para investir”, pontou Eliton. “Nós recuperamos a média salarial da PM, que hoje é a segunda maior do Brasil, pagamos o piso nacional dos servidores, atuamos com seriedade, diferente daqueles que só querem jogar para a plateia”, sustentou.

Nos cálculos do governador, para atender à proposta do senador democrata, de reajustar de imediato os salários dos servidores da área de segurança, haveria um impacto na folha do funcionalismo da ordem de R$ 8,6 milhões por mês, alcançando R$ 104 milhões por ano. Para pôr em prática essa promessa, Eliton diz que seria necessário extinguir programas de governo e políticas salariais.

Ao dizer que havia um jogo de cartas marcadas que envolvia os seus quatro adversários presentes ao debate, na tenta de descontruir as conquistas do governo, Eliton contra-atacou. “Tem candidato que se esconde atrás de discursos fáceis e bravatas para tentar convencer o eleitor, mesmo porque ninguém sabe do trabalho feito, de alguma lei aprovada, ou obra realizada. E, ainda assim, quer se colocar como paladino da moralidade”, disse, referindo-se, em particular, a Caiado, que tem um projeto intitulado Tolerância Zero com a Corrupção.

Eliton voltou a dizer que o senador, que se coloca como “paladino da moralidade”, se furta em comentar o envolvimento em escândalos de integrantes da cúpula nacional do Democratas, a exemplo do presidente nacional do partido, José Agripino.

Em resposta a Daniel Vilela, que havia afirmado que Goiás tem uma das mais altas cargas tributárias do país, ao mesmo tempo que prometeu cortar impostos, o governador citou que tanto o presidente Michel Temer quanto o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, ambos do MDB, são especialistas no assunto, ou seja, em aumentar impostos.

Incoerência

Diante de outra colocação do candidato emedebista, de que conhecia os segredos de Caiado, por ter advogado para ele no passado, Zé Eliton explicou que, como especialista em direito eleitoral trabalhou para vários partidos, inclusive o MDB. “É preciso combater a incoerência entre o discurso e a prática. Temos hoje um cenário de disputa eleitoral onde as pessoas querem apenas acusar e não debater questões importantes. Apenas afirmo que quem se coloca como paladino da moralidade, muitas vezes não é”, pontuou.

Apesar dos ataques, o governador teve a oportunidade de mostrar ações e programas implantados no Estado, agora, e nas gestões de Marconi Perillo (PSDB), com destaque para os avanços na educação, saúde, segurança pública e na geração de empregos.

Senador quer recriar secretaria e extinguir cargos na Polícia Militar 

Primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o senador e candidato Ronaldo Caiado (DEM) evitou polemizar com os adversários durante debate promovido pela Rádio Sagres 730. Ele procurou se concentrar na apresentação de propostas de governo. Duas delas se referem à recriação da Secretaria de Cultura e extinção da categoria de policial militar de 3ª classe.

Para Caiado, a Cultura não é algo que pode ser isolado, já que ela pode contribuir diretamente com o governante para tratar de vários assuntos, como, por exemplo, ações voltadas para os jovens em estado de vulnerabilidade social. “É uma forma de dizer aos jovens que existem outras alternativas e formas de desenvolver as suas aptidões”, disse.  “Eu disse claramente: vou recriar a Secretaria da Cultura no Estado de Goiás”, reforçou ao final do debate.

De acordo com Caiado, a Cultura pode e dever ser um aliado no combate à criminalidade. “É uma vacina para nós podermos combater a criminalidade, a droga, o desencanto dos jovens. Goiás hoje tem um crescimento enorme de taxa de suicídio entre os jovens comparado aos outros Estados do Brasil. É o desespero completo, é a total falta de alternativa”, frisou, acrescentado que vai tirar do papel a Lei Goyazes. Ela estabelece incentivos fiscais voltados ao pagamento do ICMS a empresas que investem em projetos culturais.

“Vou atualizar e implantar efetivamente a Lei Goyazes, que só existe no papel.  O governante tem toda condição de buscar junto aos incentivos que dá às empresas a reciprocidade também para a área da cultura, que vai nos ajudar a resolver muitos problemas de outras áreas. Vou interiorizar a cultura em Goiás e garantir o fundo cultural, ou seja, cumprir a lei de apoio à cultura”, assegurou.

Ainda durante o debate, o senador tratou de temas voltados ao atendimento da mulher, como a promoção de ações de combate ao feminicídio, o acesso a exames de mama e de colo de útero, na rede pública estadual, a partir dos 40 anos de idade.

“Todos nós nos empenhamos fortemente na Câmara do Deputados naquela época para poder aprovar um projeto de lei onde todas as mulheres, a partir dos 40 anos de idade, poderiam ter acesso a mamografia e, com isso, dando a capacidade de implantar tratamento imediato. Infelizmente, esse projeto aprovado por nós foi vetado pelo presidente e, com isso, somente ficou disponível a partir dos 50 anos. Pretendo instalar em Goiás unidades para que possamos dar a essas mulheres, a partir dos 40 anos, a mamografia digital para que ela possa fazer um diagnóstico precoce e imediatamente também fazer um papanicolau, iniciando o tratamento desses dois males que tanto as afligem as mulheres”, garantiu. 

Sobre o feminicídio, Caiado se mostrou preocupado com os casos registrados em Goiás. “É inaceitável termos 164 municípios em Goiás sem delegado. É inaceitável ter em Goiás ainda com 23 municípios sem um policial. As mulheres ficam expostas a todo tipo de agressão. Eu lutei fortemente no Congresso Nacional e aprovamos um projeto de lei onde qualquer autoridade policial poderia aplicar todas as ações protetivas à mulher. No entanto, essa matéria foi vetada pelo presidente Michel Temer e, com isto, dificultou ainda mais o amparo à mulher.  

Daniel Vilela defende relação harmoniosa com Assembleia 

Ao comentar a aprovação, pela Comissão de Constituição, justiça e Redação da Assembleia Legislativa, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento Impositivo, Daniel Vilela (MDB) disse que, se eleito, se proporá a estabelecer uma relação harmoniosa e republicana com o Parlamento goiano.

“Nos últimos anos, essa relação ficou muito de submissão ao governo e uma relação de inchaço de governo com as indicações políticas. O que nós precisamos é estabelecer uma relação de valorização da atuação parlamentar, estabelecer diálogo e observar as necessidades dos deputados, junto aos municípios que eles representam, para que, de forma conjunta, se construa soluções para os investimentos necessários”.

Segundo ele, o orçamento impositivo é até pequeno para atender as necessidades colocadas pelos municípios aos deputados. “Nós vamos além. Vamos dividir as responsabilidades, e vamos, juntos, construir juntos e promover os investimentos necessários”.

No debate, Daniel Vilela fez questionamentos tanto ao governador José Eliton quanto ao senador Ronaldo Caiado, para mostrar, segundo ele, que os dois integram um mesmo grupo com um modelo de gestão que não mais condiz com os dias atuais. “Os dois representam a mesma proposta dos últimos 20 anos”.

Em termos de proposta, o emedebista disse que sua intenção, se eleito, é tirar 1,7 mil policiais militares do trabalho burocrático e coloca-los nas ruas, para reforçar o policiamento. Também afirmou que que o seu plano de governo prevê investimentos em inteligência e tecnologia.

Já em relação ao abastecimento de água, o candidato, mais uma vez, falou de sua preocupação com a crise hídrica em Goiânia e Anápolis. Para ele, essa situação é sinal da falta de gestão nessa área. “São 20 anos de muito discurso e pouca prática”, afirmou.

Daniel também abordou sobre a questão da segurança pública. Ele disse que Goiás é hoje referência negativa, citando a questão do feminicidio. Ele afirmou que, se eleito, vai investir em novas delegacias especializadas e trabalhar na prevenção. Já em relação à educação, disse que vai voltar com a titularidade dos professores da rede pública estadual.

Colada em Lula

Mesmo o PT já tendo definido Fernando Hadad como candidato à Presidência da República, a candidata ao governo, Kátia Maria, insistiu que pertence ao time do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No debate, ele apontou soluções para a melhoria da educação pública estadual, com a valorização dos professores, por meio de reajuste salarial e cumprimento do piso da categoria. “Defendo um modelo de educação integral”, disse.

Na saúde, defendeu um atendimento humanizado, com a construção de 18 centros especializados em todo o estado.

Candidato pelo Psol, Wesley Garcia chegou a polemizar com o governador José Eliton, que o classificou como despreparado para esse tipo de discussão. (* Especial para O Hoje)

 

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