Membros do PRD esperam conversa prévia antes de definições sobre 2024

Felipe Cardoso e Francisco Costa

O Partido Renovação Democrática (PRD), que por pouco não se tornou Mais Brasil, foi consolidado oficialmente na última quinta-feira (9). O novo partido, como já mostrado pelo O Hoje, provém de uma fusão entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Patriota. Com isso, a leitura, nos bastidores, é que a parte mais complicada está superada, restando, agora, apenas alguns detalhes técnicos para o nascimento definitivo da sigla. Apesar dessa situação, algumas conversas a respeito do futuro do partido já circulam pelos bastidores da política goiana e goianiense. Uma delas passa, por exemplo, pela corrida eleitoral de 2024. 

A partir da fusão, a deputada federal por Goiás, Magda Mofatto assumiu automaticamente a presidência do PRD estadual. Em entrevista à reportagem, ela afirmou que a legenda terá participaç ão efetiva nas eleições de 2024, apoiando o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). O assunto, no entanto, parece não ter sido debatido com as lideranças do novo partido na capital. Sem querer criar constrangimentos, os nomes consultados pela reportagem tentam amenizar a decisão unilateral, sem esconder que não foram consultados. 

A vereadora Gabriela Rodart, por exemplo, compõe, em paralelo, o bloco Vanguarda na Câmara. O grupo não vive os melhores dias com o prefeito da capital e ameaça, inclusive, partir para a oposição. Questionada sobre a definição anunciada por Mofatto, disparou: “temos que ver qual vai ser a posição do próprio prefeito que ainda não sabe se vem para a reeleição”.

Markim Goiá, por sua vez, alertou que política se faz com diálogo. “Não tive uma conversa com a Magda. Espero que a gente converse e que possamos chegar em um entendimento para que a gente continue [na nova sigla]. [Mas se o cenário não for esse] temos um período para trocar [de partido]. Estou aguardando essa conversa”. 

O vereador Cabo Senna seguiu pelo mesmo caminho ao comentar o anúncio de Mofatto. “Acredito que ela deve fazer uma convocação de todos os membros e todos os interessados para a gente falar sobre a campanha de 2024. Até então o Patriota [seu partido] estava com o Rogério, quanto ao novo partido, acredito que permanecerá [na base do prefeito], mas ainda há muito tempo para que possamos ter essa conversa. Não tivemos nenhum diálogo, mas penso que a partir de janeiro sentaremos para definir de que lado estaremos”. 

Outro membro do partido na Câmara Municipal de Goiânia é o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota). Interlocutores atestam, porém, que o parlamentar não vai permanecer na sigla, o que, inclusive, já foi acertado com o ex-presidente do Patriota e novo presidente metropolitano do PRD, Jorcelino Braga. “Está pacificado. O Romário não vai influir nessa decisão de caminhar ou não com o Rogério pelo simples fato de que ele não fará mais parte do grupo. Isso já foi conversado”, disse uma figura próxima. 

Expectativa

A fusão entre o PTB e o Patriota vem se estendendo desde o fim de outubro de 2022. Por isso, muitos dirigentes partidários estavam afoitos para consolidar grupos políticos e criar mecanismos para colher bons frutos. Com a nova fusão, a expectativa é que a deputada federal Magda Mofatto, presidente do então Patriota, se mantenha no comando da nova sigla. Contudo, Marco Antônio Flor, que preside o PTB estadual, também é outro forte candidato à presidência do PRD.

Desde o começo de 2023, a junção entre os dois partidos aguardava homologação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda em janeiro, o presidente do Patriota, Jorcelino Braga, informou que o processo estava praticamente finalizado. À época, o Mais Brasil ou PRD, resultado da união, já estava com estatuto pronto, registro em cartório e CNPJ definido na receita. Só restava mesmo a homologação que o TSE fez hoje. Porém, ela deveria ocorrer após o recesso, que terminou no começo de fevereiro deste ano.