Reforma tributária tende a nortear encontro de Caiado com deputados e senadores goianos
Congressistas vão se reunir com governador goiano no 10° andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na manhã desta segunda-feira
Por: Felipe Cardoso
Dias depois de retornar de uma viagem à China, o governador Ronaldo Caiado (UB) está, segundo interlocutores, pronto para retomar o papel de articulador político. O governador, por sinal, se reúne desta segunda-feira (20/11) com deputados federais e senadores da bancada goiana no Congresso Nacional. O encontro, que ocorrerá no 10° andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, marcará o primeiro encontro do gestor com um bloco político. Segundo as mesmas fontes, Caiado tende a resgatar, entre outros assuntos, a luta contra a aprovação da reforma tributária que voltou recentemente a tramitar na Câmara.
Depois de três décadas no entra e sai governo, como já mostrado pelo O Hoje, o cidadão brasileiro nunca esteve tão próximo de ter uma nova Reforma Tributária. Depois de aprovada com suor no Senado, a matéria volta à Câmara dos Deputados para o filtro final ou ser alterada.
Não é descartado um fatiamento do texto para melhor compressão dos 511 deputados. O deputado federal goiano, José Nelto (PP-GO), por exemplo, declarou recentemente à coluna Xadrez, que haverá um acordo, mas não descarta uma longa discussão na Câmara sobre a alíquota do IVA. “Existem muitas especulações sobre o percentual da alíquota, mas ninguém ainda tem certeza do valor exato”, ponderou.
Em meio às discussões, vale lembrar, Caiado se revelou uma das maiores forças de oposição à aprovação do texto. O governador frisou em diversas entrevistas não ser contrário a uma reforma, porém, ao modelo proposto. Ao passo em que teme a desaceleração do crescimento goiano, o governador também é crítico da criação de um Conselho Federativo responsável pelo recolhimento, gerenciamento e distribuição dos recursos.
Antes de embarcar rumo ao país asiático, vale lembrar, em uma de suas últimas declarações públicas sobre a reforma, Caiado disse que da maneira com que foi concebida, a mudança vai trazer prejuízos aos estados e também a prestadores de serviços.
“[Do jeito como ela está] ela não me agrada e não agrada a nenhum profissional liberal, nenhum prestador de serviços e nenhum estado em fase de desenvolvimento. Você investe uma lógica no nosso país, que é de poder fazer com que haja expansão da ocupação do território com capacidade de industrialização e de obras de infraestrutura. Mas os profissionais liberais terão, a partir daí, algo que será extremamente penalizador”, disse.
Para o governador, a reforma, como está, pode levar a um “processo de inviabilização” para os profissionais liberais, por exemplo. “Aquelas empresas que têm o produto em cadeia longa, lógico que poderão acumular todos esses impostos e poder amanhã ter esse benefício. Mas qual é o tributo que o médico, por exemplo, vai acumular? Ele não pode participar com a folha de pagamento. Ele vai gastar o que? O que ele vai ter para poder debitar daquilo que vai pagar? E aí, de repente, vem 30% sobre o valor da consulta? Quem vai sobreviver com uma coisa dessa?”.
Entre os críticos de alguns pontos da reforma encontra-se também o presidente do Sindifisco de Goiás, Paulo Sérgio. “Não somos contra a Reforma, mas sim alguns pontos. Embora seja prematuro avaliar quem perde e quem ganha nos setores de serviços, a avaliação é que, se a alíquota média for de 25%, é óbvio que alguns setores vão pagar mais, pois se trata da média”, ponderou.. O fato concreto é que a Reforma Tributária é pouco compreendida e pode ser fatiada.
