Gravação revela rachadinha de André Janones

A coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles, revelou um áudio que mostra uma “rachadinha” do deputado federal André Janones (Avante-MG). O parlamentar cobrou de assessores de seu gabinete na Câmara dos Deputados parte dos salários para pagar as despesas dele.

Vale citar, o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é que a prática é passível de inelegibilidade. Além disso, configura enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.

Na gravação, Janones diz que algumas pessoas vão receber um pouco de salário a mais e que ele vai conversar de forma particular, pois elas irão ajudá-lo a pagar as contas “do que ficou da minha campanha de prefeito. Perdi R$ 675 mil. E elas vão ganhar mais para isso”.

Segundo ele, isso não é devolver salário. Tratam-se de pessoas que ele confia, que estavam com ele em 2016, e que entendem que o patrimônio dele foi dilapidado, elabora o político. “Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 mil, e eu acho justo que essas pessoas, também hoje, participem comigo da reconstrução disso.”

Janones afirma que não considera isso uma corrupção. “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”

Apesar de não ver nada de errado, o congressista, contudo, entende que pode ter problemas. “E se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?”, tentou demonstrar tranquilidade.

O deputado federal foi candidato a prefeito de Ituiutana (MG) em 2016. À época, ele ficou em segundo lugar e teve 13 mil votos. Em relação ao áudio, o ex-assessor do político, o jornalista Cefas Luiz, fez a gravação em fevereiro de 2019. Ele diz que levará o material, junto com outras provas, à Polícia Federal.

Já a assessoria do político justificou que os áudios estão fora de contexto. O parlamentar não se manifestou.