Jânio Darrot, uma aposta desafiadora para 2024

Apesar da firmeza com que o MDB mantém a aposta, nos bastidores a leitura é de que a candidatura de Jânio, caso aconteça nos moldes em que se projeta, tende a ser carregada de obstáculos

Postado em: 04-12-2023 às 07h42
Por: Felipe Cardoso
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Apesar da firmeza com que o MDB mantém a aposta, nos bastidores a leitura é de que a candidatura de Jânio, caso aconteça nos moldes em que se projeta, tende a ser carregada de obstáculos | Fotos: Reprodução

Em 30 agosto deste ano, Ana Paula Rezende (MDB), filha de Iris Rezende Machado, um dos mais importantes — senão o mais — players da política goiana, publicou em suas redes sociais um comunicado de desistência das eleições de 2024. O informe impactou consideravelmente as projeções políticas de grande parte daqueles que arquitetavam um caminho rumo ao Paço municipal, em especial os emedebistas. Enquanto alguns personagens ‘comemoravam’ a saída de um nome com potencial invejável da briga, outros viam, com a decisão, as chances do MDB escapar por entre os dedos. 

A situação se justifica pelo simples fato do MDB, comandado por Daniel Vilela, não contar, para além de Ana Paula, com lideranças de peso que pudessem figurar entre as candidaturas mais competitivas nas eleições do ano que vem. O nome de Gustavo Mendanha (Sem partido, porém, a caminho do MDB) lidera com folga o ranking dos protagonistas em pesquisas espontâneas na capital. Seria, de fato, a melhor investida do partido se o político não estivesse impedido de concorrer em função de sua reeleição em Aparecida de Goiânia nas eleições de 2020. 

Em um cenário onde Ana Paula e Mendanha estão fora de jogo, o MDB amarga um desafio ainda maior para chegar ao poder como cabeça de chapa. Para muitos, diante desse contexto, o melhor seria indicar alguém à vice em grupo encabeçado pelo UB, partido do governador Ronaldo Caiado e que possui grande afinidade com o MDB de Vilela. Vale lembrar, inclusive, que a dobradinha entre os partidos não seria uma novidade, uma vez que Caiado e Danel — leia-se UB e MDB — foram eleitos em 2022 para o Governo de Goiás. 

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Enquanto um plano mais palpável não aparecia, figuras como o jovem Felipe Cecílio até lutaram para manter o partido no protagonismo. Felipe se colocou como pré-candidato pela sigla após a saída dos ‘grandes’ de cena. A surpresa, porém, veio depois. Com a chegada, em um passe de mágica, de Jânio Darrot no circuito. Apesar da firmeza com que o MDB tem mantido a aposta, nos bastidores a leitura é de que a candidatura de Jânio, caso aconteça nos moldes em que se projeta nesse momento, tende a ser carregada de desafios. 

O fator desconhecimento é um deles. O ex-prefeito de Trindade, por melhor que tenha sido sua gestão no município, é figura estranha aos olhos dos goianienses. Um ambiente de pressão foi criado, inclusive, à época em que Ana Paula ainda refletia sobre sua entrada na disputa. Acontece que os emedebistas, preocupados em torná-la conhecida na cidade, queriam saber, o quanto antes, se ela iria ou não para a briga. Agora, o cenário se repete, Darrot também é desconhecido, e, como se não bastasse, deve empurrar por mais alguns meses a indefinição se será ou não candidato  — isso, óbvio, não cabe exclusivamente a ele. Nos bastidores, a informação é que a decisão será tomada por Caiado e Daniel.

Para além dessa situação, Jânio amarga quatro anos longe do poder. Enquanto prefeito de Trindade, o político foi amplamente notado diante das inúmeras ações que encabeçou no município. Depois que deixou a cadeira, foi se tornando, com o passar do tempo, cada vez mais distante do protagonismo político. Hoje, apesar de reconhecido pelos feitos, conta com um distanciamento do eleitor de sua própria cidade, quem dirá, então, em Goiânia. 

Um outro fator que pesa, segundo fontes consultadas pela reportagem, tem relação com a debandada do político. Em um passado não muito distante, Darrot compunha o alto escalão do PSDB goiano, orquestrado pelo ex-governador e principal adversário caiadista, Marconi Perillo. Darrot foi presidente do partido na cidade e atuou na maior parte do tempo ao lado de Perillo. Depois, em nome da sobrevivência política, se converteu, por meio de sua nova casa, o MDB, ao caiadismo. Não que tenha errado, situações do tipo são normais em política, mas fato é que parte considerável dos simpatizantes da política marconista tendem a não abraçá-lo. 

Àqueles que pensam que o partido está acabado, vale a lembrança de que o PSDB figura em segundo lugar na lista de filiados em Goiás. O partido conta com quase 70 mil membros, o que representa 10,8% do eleitorado. Os tucanos perdem apenas para os emedebistas que lideram a tabela. Sendo assim, caso mantenha a candidatura e chegue ao pleito como nome do governo, Darrot tende a percorrer um caminho minimamente desafiador rumo à prefeitura da capital. Impossível? Não. Difícil? Com certeza.

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