União Brasil jamais deixaria Caiado migrar ao PL por 2026

Não é novidade que, cada vez mais frequente, o rumo de conversações dos políticos mais graúdos se dirigem para 2026, com pretensões a chegar a morar, e dominar, no Palácio da Alvorada, Palácio do Jaburu e Granja do Torto – e, claro, total domínio sobre o Palácio do Planalto. Desde a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, que representou a reentrada do espectro à esquerda, progressista e mais sensível às causas sociais, no poder.

Agora, discutidos os passos de uma direita que elegeu Jair Bolsonaro, que foi incapaz de reeleger-se, mesmo diante de um país que havia desidratado o PT, com calhamaços de investigações de corrupção, prisão de Lula e tantos argumentos – verdadeiros e mentirosos, claro – de que o melhor seria a manutenção de alguém como Bolsonaro em Brasília.

Além da derrota, Bolsonaro e seus seguidores amargam a inelegibilidade do homem que conseguiu, com a camisa da Seleção Brasileira, atrair uma multidão que apenas Lula e seu partido conseguiram num país desencantado com políticos.

Por enquanto, não existe um acerto partidário sobre a maioria dos nomes que devem disputar o cargo de presidente em 2026. Se Lula tiver vigor e saúde, ele deve correr pela reeleição pelo seu partido. O PSDB, como afiançou o seu presidente Marconi Perillo, vai garantir ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o passe para tentar um lugar sob o sol na disputa.

Como todos sabem, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também tem feito acenos nada discretos, sobretudo a Jair Bolsonaro (que não descarta), apoio pelo seu nome para sê-lo como representante de um direita órfão. Por enquanto.

O problema, no entanto, é que, atualmente, o União Brasil, sigla de Caiado, está numa boa no governo federal, com dois ministérios sob o crivo de Lula da Silva. Claro, o presidente de esquerda teve de, como o fez Bolsonaro, ceder, e boa parte contrariando o próprio umbigo-ideológico, ao Centrão de Arthur Lira (PP) – ele é presidente da Câmara dos Deputados.

Luciano Bivar, esse o nome do homem por trás da aproximação do União Brasil à base governista de Lula. Tudo isso causou, evidentemente, um racha dentro do partido, com diversos deputados, senadores e, como se vê o próprio Caiado, mais alinhado às pautas conservadoras. Por isso especula-se se o UB de Luciano Bivar vai, na última hora, bancar Caiado, numa disputa contra Lula.

É possível que o partido não vá deixar Caiado num bico sem saída. Caiado é estrela da direita brasileira há décadas. O Jornal O Hoje até lembrou alguns episódios em que ele foi cogitado pré-candidato à Presidência nos anos áureos do PT no cargo, mas também quando, em 1989, Caiado tentou chegar ao cargo contra, inclusive, Lula da Silva.

“Brasil decente, Caiado presidente”, a frase foi entoada por centenas de pessoas que se aglomeravam na Avenida Paulista, famoso ponto de encontro de protestos na capital de São Paulo, ao redor do então senador Ronaldo Caiado, no dia 16 de agosto de 2015. Milhares de pessoas se reuniram no local em protesto contra a então presidente Dilma Rousseff, do PT.

À época, Caiado figurava entre as estrelas do DEM – agora União Brasil após fusão com o PSL -, quando se dava, a passos largos, o impeachment da petista, que tinha, em Caiado, uma voz crítica e estridente no Congresso Nacional.

União Brasil não deve desperdiçar essa chance. Afinal, deverá escolher entre figurar como estrela ou figurante. Luciano Bivar, que já sabe das estratégias de um político parecido com ele, como se faz política: Valdemar Costa Neto, presidente do PL.