Com Dino no STF, esquerda fica ainda mais refém de Lula para disputa de 2026

Nome com mais expressão na esquerda é Dino, mas político vai para o Supremo Tribunal Federal. Cientista político avalia cenário

Postado em: 16-12-2023 às 10h00
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Com Dino no STF, esquerda fica ainda mais refém de Lula para disputa de 2026
Nome com mais expressão na esquerda é Dino, mas político vai para o Supremo Tribunal Federal. Cientista político avalia cenário. | Foto: Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará 81 anos em 2026. Apesar de parecer distante, as conversas sobre reeleição acontecem. Na última semana, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que o petista só não seria reconduzido ao Executivo se errasse muito. “Eu acho muito difícil o Lula perder a reeleição dele, precisa errar muito. E ele tem experiência para não errar, eu imagino, para não errar tanto”, afirmou o político durante participação no Fórum Político XP.

Cientista político, o professor Marcos Marinho destaca que, em relação a idade, esta não deve ser impeditivo para o petista, caso ele esteja com “a saúde em dia”. “Contudo, já está no momento de pensar em uma alternativa”, avalia.  Com Flávio Dino indo para o Supremo Tribunal Federal (STF), o docente vê dificuldades para o Partido dos Trabalhadores em encontrar um novo nome.

Para Marinho, nem mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está no calibre de Dino. “Não há ninguém no espectro [esquerda] que possa ocupar de maneira mais direta o cargo de sucessor, como Dino. Não há nome direto nem no PT e nas esquerdas com o trânsito do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública”, avalia. 

Continua após a publicidade

Para ele, mesmo com disposição e saúde, os 81 anos de Lula obrigam o PT a construir um nome à sucessão. Hoje, não teria. “Não tem nenhum com visibilidade e trânsito que o Flávio Dino tem. 81 anos pesa. Não sei se consegue ter a mesma dinâmica para disputar 2026, que será uma eleição muito pesada.”

Disse, mas não é bem assim 

Ainda na eleição de 2022, o presidente afirmou que não tentaria a reeleição, caso fosse eleito. “Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer reeleição”, declarou à época. “Todo mundo sabe que eu tenho 4 anos para fazer isso [governar].” Mas em fevereiro deste ano, o petista mudou o discurso. Ele admitiu, pela primeira vez, que poderia concorrer em 2026, a depender da “situação do País”. “Se chegar no momento, estiver uma situação delicada e eu estiver com saúde, eu posso [concorrer]”, sinalizou.

Desde então, a sinalização começou a se tornar quase uma certeza. Tanto que Kassab declarou que o presidente “sabe ganhar as eleições. O Lula já ganhou cinco: as duas deles, as duas da Dilma, e agora. Então ele aprendeu a ganhar”.

Oficialmente, contudo, o entorno do petista prefere não falar sobre o assunto. Deputado federal do PT, Rubens Otoni não adentra a questão. Segundo ele, não é o pensamento do momento. 

“Ele [Lula] não está nem um pouco preocupado com isso. O objetivo agora é fazer o melhor governo da história do País e colocar o Brasil em situação privilegiada no cenário internacional, na economia e na política”, ressalta. Questionado se ele defende a reeleição, Otoni dá quase a mesma resposta. “Também não é o meu foco. Agora é pensar em fazer o melhor pelo Brasil e de maneira especial em Goiás.”

Lula já é o presidente mais velho a assumir o cargo. Ele tinha 77 anos, 2 meses e 5 dias, em janeiro. Caso dispute e vença, em 2026, vai ampliar ainda mais o recorde.

Veja Também