Retorno de Tormin à Alego fortalece campanha de oposição em Luziânia

Tido como um político polêmico e determinado, Tormin já foi vereador duas vezes, deputado e também prefeito

Postado em: 19-12-2023 às 10h30
Por: Gabriel Neves Matos
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Durante conversa por telefone com o jornal O Hoje, Júnior se orgulha dos quase 20 mil votos que obteve nas eleições de 2022 e afirma que o compromisso principal do seu trabalho é com a população de Luziânia | Foto: Reprodução

Eliel Roriz Júnior diz não ter muitas vaidades, mas afirma que ficaria contente caso seu nome fosse sacramentado pelo Solidariedade na disputa pela prefeitura de Luziânia nas eleições municipais do ano que vem. Sem mandato ou cargo na administração pública da cidade, Júnior, que já foi vereador pelo município e também secretário de Desenvolvimento Social, aposta agora na apresentação de seu próprio podcast “para não sumir da mídia”. 

“Se o Cristóvão [Tormin] assumir na Assembleia [Legislativa de Goiás], eu vou entrevistá-lo no podcast”, promete Júnior. Durante conversa por telefone com o jornal O Hoje, ele se orgulha dos quase 20 mil votos que obteve nas eleições de 2022 e afirma que o compromisso principal do seu trabalho é com a população de Luziânia. 

A referência que faz a Cristóvão Tormin (PRD), porém, não é gratuita. Tido como um político obstinado, polêmico e determinado, Tormin já foi vereador duas vezes, deputado estadual outras duas e prefeito. Eleito deputado estadual no ano passado, ele foi barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), que deu posse ao deputado Fred Rodrigues (DC). 

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Rodrigues teve registro de candidatura indeferido pelo TRE-GO ainda em 2022 por ausência da certidão de quitação eleitoral. Em 2020, o deputado teve as contas de campanha julgadas como não prestadas. Após o primeiro turno das eleições do ano passado, o tribunal deferiu de forma cautelar o registro. 

O caso foi para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que concluiu, na sexta-feira (15), o julgamento de um recurso especial eleitoral que culminou na cassação do deputado estadual. Os sete ministros da corte votaram de forma unânime favoravelmente pela anulação da candidatura de Rodrigues, que havia sido eleito com 42,7 mil votos. 

Pouco antes da decisão final da corte eleitoral, ainda na sexta, o jornal O Hoje tentou falar diretamente com Rodrigues. Por meio de sua assessoria de imprensa, porém, o deputado disse que não se pronunciaria sobre a cassação e garantiu que “nossos advogados estão acompanhando o caso”.

Cristóvão Tormin, contudo, está de volta ao jogo político. “Sofri muito, mas o Ministério Público Eleitoral recorreu e agora o TSE formou maioria para devolver a cadeira que o povo me concedeu”, diz ele à coluna Xadrez. Com o retorno, o jogo político em Luziânia muda radicalmente. Até então, o prefeito Diego Sorgatto (UB) não contava com praticamente nenhum adversário na disputa do ano que vem e agora se vê diante de pelo menos três potenciais nomes na disputa municipal. 

Conforme noticiou a coluna Xadrez, mesmo sem mandato Tormin já costurava com Eliel Júnior e a vice-prefeita Diretora Ana Lúcia (Podemos), um bloco de oposição ao atual prefeito de Luziânia. Para Júnior, a união dos três já fez o cenário político mudar muito para o ano que vem. E não poupa críticas. “Ele [Sorgatto] é traidor, daqueles que usam pessoas para ter o poder. Não confio muito nele”, diz. 

Se será o nome de Cristóvão Tormin, Ana Lúcia ou Eliel Júnior, não importa. A garantia, segundo diz Júnior, é que as conversas caminham para que haja uma candidatura única e ela será trabalhada a partir de análise rigorosa das pesquisas de intenção de voto e dos índices de aprovação e rejeição. “O que eu quero é que as pessoas sejam bem-intencionadas”, afirma. Ele também comenta a volta de Tormin à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) como positiva para fortalecer a oposição a Sorgatto.

A Diretora Ana Lúcia, que se define como “brasileira do pé rachado”, puxa brasa para sua sardinha. Ela confirma as conversas com Tormin e Júnior, diz que não há nada muito concreto, apenas “articulações de bastidores”, e não esconde os próprios interesses quando perguntada sobre as eleições municipais de 2024. “Se Deus quiser, eu serei candidata à prefeitura no ano que vem em Luziânia”, diz.

O principal endosso da campanha, caso desponte sua candidatura, será o de crítica à atual gestão no que diz respeito à saúde e infraestrutura da cidade. Segundo ela, está tudo “um caos”. “Não tem médicos nos hospitais, não tem nem tomógrafos (aparelho que faz tomografia), o funcionamento dos hospitais é precário e falta infraestrutura nos bairros”, destaca. Ana Lúcia também questiona o destino dos recursos vindos de emendas e arrecadação do município. “Não construíram nem um hospital”.

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