Marconi Perillo é investigado por receber propina da Odebrecht
De acordo com os investigadores, a operação tenta identificar o destino de aproximadamente R$ 12 milhões em recursos desviados
Por: Redação
Eduardo
Marques (Com informações da Agência Brasil)
O Ministério Público Federal
(MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram na manhã desta sexta-feira (28) a
Operação Cash Delivery para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços
ligados a Marconi Perillo (PSDB), ex-governador de Goiás e candidato ao Senado.
Como parte da operação, a PF prendeu preventivamente Jayme Rincón, coordenador de campanha do
atual governador de Goiás e candidato à reeleição, José Eliton (PSDB). O governador não é investigado.
Também foi preso o motorista
de Rincón, o policial militar Márcio Garcia de Moura. Com ele a polícia
encontrou maços de dinheiro vivo.
As suspeitas têm como origem
colaborações premiadas feitas por executivos da Odebrecht. De acordo com os
investigadores, a operação tenta identificar o destino de aproximadamente R$ 12
milhões em recursos desviados.
Por determinação da 11ª Vara
Federal da Seção Judiciária de Goiás, estão sendo cumpridos cinco mandados de
prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão nas cidades goianas de
Pirenópolis, Aruanã, Aparecida de Goiânia, e Goiânia, além de Campinas (SP) e
São Paulo. Ao todo, 65 policiais participam das ações.
Por meio de nota, o MPF
informou que a operação é um desdobramento das investigações da
Operação Lava Jato, e decorre de acordos de leniência e colaboração premiada
firmados pelo MPF com a Construtora Norberto Odebrecht e seus executivos.
Valores
da propina
“Quando ainda era senador e,
depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina no
valor de, em 2010, R$ 2 milhões e, em 2014, R$ 10 milhões, em troca de
favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no Estado
de Goiás”, diz a nota do MPF.
Informa, ainda, que também são
alvos da operação o ex-presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras
(Agetop), Jayme Eduardo Rincon, o filho dele, Rodrigo Godoi Rincon, o policial
militar Márcio Garcia de Moura, o ex-policial militar e advogado Pablo Rogério
de Oliveira e o empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior.
Segundo o MPF, o caso foi
remetido à primeira instância a partir da renúncia de Marconi Perillo ao
mandato de governador de Goiás e a consequente perda de foro privilegiado. O
caso foi então assumido pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Goiás e
pela Polícia Federal.
A investigação foi iniciada em
junho de 2017, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a nota do
MPF, em julho de 2018 a Justiça Federal autorizou acesso a e-mails e a extratos
de ligações telefônicas dos investigados, bem como às suas respectivas
localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares.
Resposta
Em nota, a defesa do candidato ao Senado
esclarece que a operação “é , sem dúvida, uma clara interferência, indevida e
perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator,
sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já
decidiu varias vezes o Supremo Tribunal,é impeditivo de prisões e qualquer
outra medida constritiva contra qualquer cidadão.”
Ainda no comunicado, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, ressalta que não teve mandado de prisão decretado, mas teve busca e apreensão e esta medida, neste
momento, “já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável ao estado
democrático de direito”, conclui. Até o fechamento da publicação, o jornal O Hoje não conseguiu resposta do Jayme Rincon e nem do motorista, o policial militar Márcio Garcia de Moura.
Confira
na íntegra a nota:
A
Defesa do ex-governador Marconi Perillo vem a público explicitar o mais
veemente repúdio à ação deflagrada hoje em Goiás.O
ex-governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e
2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma
preocupação com a investigação.A
palavra do delator é isolada e não há, sequer en passant, qualquer fiapo de
indício contra o Marconi Perillo. A busca e apreensão na residência do ex
Governador ha 9 dias da eleição assume um caráter claramente eleitoreiro e
demonstra um abuso por parte do Ministério Publico e do Poder Judiciário.É,
sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a
estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem
a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu varias vezes o
Supremo Tribunal,é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva
contra qualquer cidadão.Importante
esclarecer que NÃO é verdade que o ex Governador teve mandado de prisão
decretado, mas teve busca e apreensão e
esta medida, neste momento ,já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável
ao estado democrático de direito.A
Defesa vem denunciando, há tempos, à espetacularização do direito penal e a
criminalização da politica.