Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Assembleia Legislativa de Goiás é comandada por ex-deputados 

Recém-cassado, Fred Rodrigues terá uma diretoria na Casa, segundo presidente Bruno Peixoto

Postado em: 21-12-2023 às 08h30
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Assembleia Legislativa de Goiás é comandada por ex-deputados 
As informações constam nos contatos da Alego, consultados pelo Jornal O Hoje na quarta-feira (20) | Foto: Hellen Reis/Agência Assembleia de Notícias

O deputado estadual Fred Rodrigues (DC) foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última semana e deixará o mandato. Ele, contudo, não se afastará da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), pois atuará em uma diretoria.

Na terça-feira (19), o deputado estadual Bruno Peixoto (União Brasil), que é o presidente da Casa, anunciou que o colega continuaria, inclusive, no mesmo gabinete. “Sei da sua honestidade, da sua capacidade, mas o TSE já tomou a decisão, não há o que questionar. Assim que formos notificados, o deputado Fred Rodrigues permanecerá nesta Casa de Leis, no mesmo gabinete, como um dos diretores da Assembleia, atendendo à população e servindo a todos”, afirmou.

Ele não é o único. Nas diretorias da Casa, o ex-deputado Henrique Arantes comanda a de Gestão e Logística. Já Francisco Oliveira está na diretoria-geral, enquanto Álvaro Guimarães, na diretoria parlamentar. 

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Há, ainda, ex-deputados em outros cargos da Casa. Vinícius Cirqueira está na secretaria de Esporte e Lazer, enquanto Rubens Marques ocupa a assessoria técnica de diretoria financeira. Maycllyn Carreiro também está em uma assessoria técnica, a de gabinete da presidência. As informações constam nos contatos da Alego, consultados pelo Jornal O Hoje na quarta-feira (20).

Saída de Fred

O presidente da Assembleia, Bruno Peixoto, ainda não tinha sido notificado até o fechamento desta matéria. Mas na terça-feira o clima já era de despedida. As galerias da casa estavam cheias, com apoiadores de Rodrigues, que marcaram protestos contra a cassação, e sindicalistas que esperavam aprovação de planos de carreira da Educação e Saúde – esse segundo grupo, favorável à decisão do TSE. 

Fred subiu ao pequeno expediente e criticou a decisão do TSE, tomada de forma unânime no plenário virtual. “Em dois anos, passei de 740 votos, em Goiânia, para mais de 23 mil. No total do Estado, foram 42.784 mil goianos. Fui o oitavo deputado com mais votos. E, com essa decisão, todos esses votos foram ‘assassinados’”, lamentou.

A decisão aconteceu por indeferimento do registro de candidatura do deputado estadual por causa da prestação de contas nas eleições de 2020. À época, Fred concorreu à Câmara de Goiânia. O político ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas fora do mandato. A expectativa é que o ex-prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PRD), assuma a cadeira. 

Ainda na tribuna, Fred afirmou que “o que foi cometido pelo TSE foi uma injustiça não contra mim, mas contra toda a democracia. Se um mandato pode ser caçado em um plenário virtual, sem direito de defesa, o que mais é possível?”, questionou.

Mais tarde, ele retornou para um novo depoimento. “Hoje, não fiz a minha defesa, do meu mandato. Fiz a defesa de meus eleitores, da população goiana, do TRE [Tribunal Regional Eleitoral de Goiás]”, disse e continuou: “Quando destroçam sua vida, seus votos, as vozes de quem acreditou em você, num julgamento apenas com aparência de justo, para que possa ser noticiado que nós vivemos na plena democracia, isso não é democracia.”

Apoio

Na ocasião, parlamentares também manifestaram apoio ao deputado. Eduardo Prado (PL), por exemplo, disse que todos estão em risco. “Uma decisão com várias falhas jurídicas, julgado por um Tribunal em votação virtual, sem direito à manifestação do deputado e do seu advogado. Isso me deixou abismado e é um absurdo incrível. O que aconteceu com o Fred pode acontecer com qualquer um de nós. Fica aqui minha solidariedade.”

Já Amauri Ribeiro (União Brasil) classificou o julgamento como “a maior injustiça que presenciou” em sua vida política. “Acredito que a maioria da Casa está sentindo um pedaço da sua dor. Só nós que disputamos uma eleição sabemos o quão difícil é chegar até aqui. O senhor teve mais de 40 mil votos e, hoje, tem o seu mandato roubado”, criticou.

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