30 anos após Plano Real, inflação ainda é motivo de preocupação no país

Programa foi responsável por trazer estabilidade dos preços em 1994

Postado em: 21-12-2023 às 08h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: 30 anos após Plano Real, inflação ainda é motivo de preocupação no país
O levantamento indica que 71% dos brasileiros acreditam que o Plano Real “continua importante, pois lançou as bases para uma economia mais sólida e estável” | Foto: Reprodução

Após 30 anos do lançamento do Plano Real, os brasileiros ainda consideram a inflação como motivo de preocupação social, embora mantenham apoio ao programa que trouxe estabilidade dos preços em 1994. A maioria da população, 66%, acredita que os brasileiros “continuam muito preocupados” com a inflação e 79% opinam que a inflação “deve ser uma preocupação permanente da sociedade e do governo”. Os dados são da 15ª edição da pesquisa Observatório Febraban feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O levantamento indica que 71% dos brasileiros acreditam que o Plano Real “continua importante, pois lançou as bases para uma economia mais sólida e estável”. Aqueles que avaliam que “com a economia brasileira estável a inflação deixou de ser uma preocupação prioritária” somam apenas 15%. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 9 de dezembro de 2023, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do Brasil, e abordou a perspectiva dos brasileiros sobre os 30 anos do Plano Real e a inflação.

Considerado inédito, a pesquisa procura investigar o que pensam os brasileiros a respeito do Plano e o que a geração nascida nos anos seguintes — e que não viveu o Brasil da hiperinflação — sabe do Plano Real. A análise também apura as opiniões específicas em cada uma das cinco regiões brasileiras. Em uma sociedade que conviveu com níveis altíssimos de inflação, que fechou o ano de 1993 em 2.477%, a escalada de preços ainda está na memória: 70% já ouviram falar em hiperinflação e 64% associam o termo ao passado, indicando que o Brasil já viveu, mas não vive mais, essa realidade.

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A memória da hiperinflação mostra-se difusa mesmo nas gerações contemporâneas ao Plano Real, de acordo com o levantamento do Ipespe. Entre os que ouviram falar, 37% lembram o que é hiperinflação e 33% não lembram. Essa memória e o conhecimento sobre hiperinflação são maiores nas faixas a partir de 45 anos (45 a 59 anos: 45%; 60 anos ou mais: 46%), e menores entre os mais jovens (18 a 24 anos: 26%; 25 a 44 anos: 33%). 

Mesmo com a economia estabilizada, o levantamento mostra que quase metade dos brasileiros, 47%, avalia que o Brasil vive atualmente uma inflação alta ou muito alta. Perguntados sobre qual a taxa acumulada da inflação em 2023, 34% dos entrevistados pelo Ipespe acham que é maior do que efetivamente é. Outros 26% indicam um número entre “3% e 5%” — próximo à projeção do último Boletim Focus para o IPCA, de 4,51%, divulgado pelo Banco Central.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirma que a inflação é um tipo de imposto perverso que atinge famílias e provoca dificuldades no longo prazo. “Ela dificulta o cálculo empresarial, eleva o risco da economia, tira a previsibilidade do investimento de longo prazo, reduz o consumo de bens e serviços e, particularmente, penaliza as camadas mais baixas da população. A notícia boa desse levantamento é que, felizmente o brasileiro compreendeu a importância de combater a inflação e manter os preços estáveis”, diz. “Mas a inflação é um gato de sete vidas: ela precisa ser controlada, pois volta quando baixamos a guarda”.

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