Casamento entre Cidadania e PSDB cada vez mais perto do fim

Desajustes quanto a adesão ao governo Lula é principal motivo

Postado em: 30-12-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Casamento entre Cidadania e PSDB cada vez mais perto do fim
O PSDB, contudo, não quer, de maneira alguma, aliar-se ao terceiro mandato do petista | Foto: Arquivo/ABr

Ainda não se sabe o tamanho da fissura na federação entre o Cidadania e o PSDB depois de uma série de divergências, principalmente acerca da relação do Cidadania com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ou seja, com o Partido dos Trabalhadores. O PSDB, contudo, não quer, de maneira alguma, aliar-se ao terceiro mandato do petista. Foi a maneira que a sigla encontrou para escapar da fase ruim enfrentada, sobretudo depois de importantes e desesperadoras derrotas nas eleições de 2018 e 2022. 

A situação levou à renúncia de Gilvane Felipe na terça-feira, dia 26. Ele era presidente do Cidadania. Lulista, o político discorda da posição do tucanato de não apoiar eventual candidatura de, aliado ao PT, à deputada federal Adriana Accorsi à prefeitura ano que vem. O imbróglio é público desde novembro e, com isso, vinha causando preocupação. 

O descompasso que, dizem analistas, chegou rápido demais, da aliança do Cidadania com o PSDB goiano escancara o racha até ideológico das duas legendas que brigam por diferentes caminhos nas eleições de 2024. Cidadania quer que a federação caminhe com o PT na cabeça de chapa sob o argumento de que, assim, “tem mais chances” de chegar ao poder. O PSDB, por sua vez, defende candidatura própria e acredita que deve seguir esse caminho para reforçar  as chances de protagonismo político do partido em 2026. 

Continua após a publicidade

Wilson Silvestre, titular da coluna Xadrez, que cobre e analisa a política no jornal O Hoje, escreveu algo curioso: “O que era para ser um casamento político duradouro até 2026 entre PSDB e o Cidadania, celebrado com as bençãos do TSE na forma contratual de federação partidária, tende a virar divórcio litigioso sob a alegação de incompatibilidade ideológica”. 

Silvestre, que acompanha bem os bastidores do tucanato nacional, ainda lembra, num tom preocupante: “Se tomar como referência o que aconteceu no Distrito Federal, onde a direção nacional do Cidadania afastou a deputada distrital Paula Belmonte da direção local, pode influenciar outros Estados”. 

A renúncia da presidência e a desfiliação de Gilvane Felipe do Cidadania não são fatos isolados, pois refletem uma tendência que afastou o histórico presidente da legenda, Roberto Freire, que estava há 30 anos à frente da direção. 

Diante desse movimento, é possível que em Goiás ocorra um abalo sísmico, não com a intensidade de uma intervenção no Cidadania, mas uma aliança com PSD de Vanderlan Cardoso. Não é a mesma fórmula que a executiva nacional do Cidadania gostaria, de PSB, PDT e Cidadania, que só será possível depois de 2026. Até lá, caso a Justiça arbitre, vão conviver aos tapas na mesma camisa de força da federação.

Bom lembrar que os diretórios do Cidadania e PSDB em Goiás ficaram em polvorosa quando o jornal O Estado de São Paulo, o Estadão, divulgou que Lula concederia espaço no corpo ministerial para a federação das duas legendas. O PSDB reagiu, por meio de nota, em que rechaçou qualquer intenção de participar.

Os tucanos não gostaram da ideia de aliança com o PT de Lula e que “não fará parte do governo PT” “em cargo nenhum e sob nenhum pretexto”. “Nossa oposição, hoje, não é ao Brasil, e o presidente Lula poderá contar com o PSDB quando o melhor para o País estiver em jogo. Mas faremos isso do lugar que o povo brasileiro nos colocou na eleição passada: na oposição”, disse a sigla ainda. governo Lula era contemplar a federação que inclui o PSDB. O objetivo, além de melhorar a governabilidade no Congresso, era isolar o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro antes das eleições do ano que vem e, justamente, de 2026.

Veja Também