Parlamento promete derrubar vetos de Lula à LDO 

Lei de Diretrizes Orçamentárias foi sancionada pelo presidente com vetos, o que causou irritação entre deputados

Postado em: 05-01-2024 às 09h15
Por: Yago Sales
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Lei de Diretrizes Orçamentárias foi sancionada pelo presidente com vetos, o que causou irritação entre deputados | Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, com vetos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (2) e imediatamente repercutiu entre congressistas que, raivosos, prometeram derrubar os vetos do Planalto. 

Deputados da oposição, inclusive, afirmaram que, com os vetos, Lula constrói – ou consolida – mais um tampão entre o Planalto e o Congresso Nacional, sobretudo a Câmara dos Deputados. E chega à 2024 com mais um desafio para a equipe política de Lula: apagar os incêndios que surgem a seguir. 

O ato vai ao encontro, dizem críticos, ao cronograma de pagamento de emendas individuais e impositivas dos parlamentares. Ele envolve pagamentos compulsórios e poderia tirar poder de barganha de Lula em votações de seu interesse.

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O relator da LDO, Danilo Forte (União-CE), comentou à imprensa, por meio de nota oficial, que não duvida que os vetos do presidente serão revestidos. “Acredito que a LDO de 2024 reúna o sentimento das mais diversas lideranças políticas por ter sido debatido de forma ampla no Parlamento e, por isso, tenho confiança de que será possível reverter os vetos citados de maneira a preservar os avanços institucionais, políticos, sociais e econômicos presentes na peça orçamentária”.

O texto, aprovado pelo Congresso em 19 de dezembro, traz orientações para a elaboração do Orçamento de 2024 e fixa parâmetros para a alocação de recursos para garantir a realização das metas e objetivos contemplados no Plano Plurianual (PPA).

Entre as diretrizes, está a meta de déficit primário zero para este ano, ou seja, os gastos federais não podem superar o somatório da arrecadação com tributos e outras fontes. Para cumprir a meta fiscal, o governo precisa obter R$ 168 bilhões em receitas extras em 2024.

A LDO também prevê um teto de R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral, que poderá ser utilizado pelos partidos políticos em gastos com as eleições municipais de 2024.

Na sequência à apreciação da LDO, os parlamentares também aprovaram, em 22 de dezembro, o projeto da lei orçamentária para este ano, que prevê despesas de R$ 5,5 trilhões.

Tradicionalmente a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) é a última atividade do Legislativo antes do início do recesso, já que os parlamentares devem fechar o ano com o orçamento para o próximo ano aprovado.

A LDO também trata das regras para a destinação de emendas parlamentares, que são os recursos destinados a deputados e senadores, além das bancadas estaduais e comissões. Entre os dispositivos vetados por Lula estão trechos do calendário para a distribuição de emendas impositivas, ou seja, de pagamento obrigatório.

O presidente vetou os trechos que obrigava o empenho (reserva) dos recursos em até 30 dias após a divulgação das propostas e que determinava que todo o pagamento deveria ser feito ainda no primeiro semestre de 2024, no caso de transferências fundo a fundo (da União para os entes federados) para as áreas de saúde e assistência social.

“O preceito atingiria diretamente a gestão da execução orçamentária e financeira do Poder Executivo federal sem previsão constitucional expressa”, diz a mensagem do presidente Lula, ao justificar os vetos ao Congresso Nacional. Para ele, os dispositivos extrapolam a finalidade da LDO e ferem ainda a Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo o qual compete ao Executivo estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução de desembolsos de recursos.

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